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A atriz Ruth de Souza morreu neste domingo, 28, aos 98 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada há cerca de uma semana no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D’Or, em Copacabana, na zona sul carioca, para o tratamento de uma pneumonia. Todavia, o hospital não divulgou a causa da morte. Considerada um verdadeiro ícone das artes brasileiras, Ruth dedicou mais de 70 anos à carreira que passou, de forma vanguardista, pela televisão, pelo cinema e pelos palcos. Sintomas de seu pioneirismo, o fato de ter sido a primeira atriz negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e a marca de ter sido a primeira intérprete brasileira indicada a um prêmio internacional de cinema, o de Melhor Atriz no Festival de Veneza de 1954 por Sinhá Moça.

Depois de uma temporada morando em Minas Gerais, a carioca Ruth de Souza volta a morar no Rio de Janeiro, onde toma contato com o Teatro Experimental do Negro, de Abdias do Nascimento, com o qual encena O Imperador Jones, de Eugene O’Neill, em 8 de maio de 1945, no palco do Teatro Municipal do Rio, se tornando, assim, a primeira negra no tablado da então capital. Isso permitiu a abertura de portas às gerações posteriores, em que pese a quebra de paradigmas e o combate a preconceitos enraizados. Indicada por Paschoal Carlos Magno, recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Rockfeller, por conta dela passando um ano de estudos nos Estados Unidos.

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Sua estreia no cinema foi com Terra Violenta (1948), por indicação de Jorge Amado, autor do livro que deu origem ao filme. Ruth de Souza participou de importantes produções da Atlântida, da Maristela Filmes e da Vera Cruz. Passou por radionovelas e teleteatros da TV Tupi e da Rede Record, isso até ser contratada pela Rede Globo em 1966. Com A Cabana do Pai Tomás (1969) se torna a primeira atriz negra a protagonizar uma novela brasileira. “É uma alegria imensa ter o trabalho reconhecido. As pessoas dizem que abri portas, mas nunca parei para pensar sobre o assunto. Trabalhei muito nesses 70 anos de carreira. Nunca parei, o que é algo difícil para qualquer ator no mundo, ainda mais para um ator negro”, disse ela, certa vez, numa entrevista ao jornal O Globo.

Em 2004, depois de ter participado de mais de 30 filmes, Ruth de Souza ganhou o Kikito de Melhor Atriz no Festival de Gramado por Filhas do Vento. Nas telinhas, ao todo, participou de mais de 20 novelas. “O cinema sempre deu mais oportunidade para o negro, desde o Grande Otelo. Tive sorte na continuidade de trabalho, tanto no teatro quanto na televisão. Sempre tive trabalho, mas são poucos os negros que têm. Isso foi benção de Deus”, declarou.

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Em 2015, Ruth de Souza ganhou um Prêmio Guarani honorário pelo conjunto de sua brilhante obra.

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