Frequentemente os festivais de cinema mundo afora são palco de manifestações políticas. O Festival de San Sebastián 2024 – que começou no dia 20 de setembro e segue até o dia 28 – foi plataforma para um desses casos nessa terça-feira, 24. Em um dos espaços reservados ao evento espanhol, membros da comunidade cinematográfica argentina protestaram contra Javier Milei, presidente da Argentina e inimigo assumido do audiovisual produzido em seu país.
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A manifestação em San Sebastián se põe contra o político de extrema-direita que, desde que assumiu a presidência, em dezembro de 2023, bloqueou grande parte dos financiamentos do instituto de cinema e TV do país, o INCAA: Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales. Com a medida, grande parte dos filmes realizados no país perderam incentivos, e não poderão ser lançados, e festivais de cinema, como Mar del Plata, terão de ser realizados com tamanho reduzido.
A justificativa de Milei para tais ações seria a taxa de inflação galopante de 200% que assola a economia da Argentina. No início de 2024, o presidente, conhecido por sua postura grosseira, afirmou a jornalistas argentinos (muitos presentes em San Sebastián) que “o cinema não é uma prioridade no momento” e que “festivais de cinema são eventos para esquerdistas comerem e beberem de graça enquanto crianças passam fome”.
Tal alegação, no entanto, foi contestada no próprio Festival de San Sebastián. Hernan Findling, presidente da Academia Argentina, disse à Variety que “eles está reduzindo a inflação, mas às custas não somente da cultura, mas também da educação e da saúde, pastas que, de fato, afetam as crianças”. Findling também afirmou que o INCAA está “vivo, mas sob aparelhos”, de modo que “provavelmente haverá poucos filmes argentinos lançados em 2025”.
Diante de uma multidão barulhenta, o diretor do Festival de San Sebastián, José Luis Rebordinos, declarou que “o festival expressa solidariedade à indústria cinematográfica argentina em vista da situação excepcional que ela enfrenta, incluindo a paralisação de muitos projetos, o esgotamento do conteúdo do INCAA e as medidas que estão sendo tomadas pelo atual governo que colocam em risco o desenvolvimento, não apenas de sua indústria cinematográfica, mas de outras expressões de sua cultura”.
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Rebordinos seguiu: “por anos San Sebastián colaborou com um INCAA que foi liderado por vários partidos políticos, sejam eles conservadores, liberais ou peronistas. Ao longo dessas administrações, com suas características únicas definidas pela cidadania argentina, a indústria cinematográfica conseguiu se desenvolver normalmente, tornando-se uma das mais significativas da América Latina, projetando uma imagem positiva do país e atuando como sua força motriz econômica”.
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