Não é segredo que a Netflix deseja ganhar um Oscar de Melhor Filme. Muitos apostavam que Roma (2018), de Alfonso Cuarón, se encarregaria de tal feito, mas não foi o que acabou acontecendo, apesar do êxito do longa mexicano em outras categorias. A aposta em 2020 é O Irlandês (2019), filme de maior orçamento da carreira de Martin Scorsese, com um time de atores pesadíssimo, técnica de rejuvenescimento a rodo e uma trama que agradou grande parte da crítica e do público – alguns chegaram a cravar que se trata de uma obra-prima. E, como bem sabemos, a campanha do Oscar não é necessariamente barata. Marcar eventos e garantir que os votantes estejam presentes; mandar brindes; se certificar de que as pessoas assistam aos filmes; entre outras estratégias de convencimento custam caro. Imaginem para uma produtora que tem 24 indicações à festa da Academia.
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De acordo com o jornal The New York Times, a Netflix gastou na campanha de seus filmes nominados a bagatela de US$ 70 milhões, número alto até para os padrões esbanjadores de Hollywood. Depois de vencer nos bastidores uma campanha que postulava a inelegibilidade das produções de streaming ao Oscar, a empresa viu suas indicações pulares de 15, em 2019, para 24, em 2020, e deve ter pensado: “quer saber de uma coisa? Vamos botar uma grana federal para ganhar tudo”. Todavia, os prognósticos, especialmente no que tange à disputa pela estatueta de Melhor Filme, não são tão animadores à gigante, uma vez que 1917 (2019) continua como o franco favorito.
Algumas questões ficam no ar: essa busca da Netflix por legitimação (com sedução a cineastas de renome e investimento pesado para garantir prêmios importantes) vai continuar se ela sair, relativamente, de mãos abanando do Oscar 2020? Poderia essa resistência do establishment do cinema ser uma barreira, ao menos por enquanto, intransponível? Vamos ver o que acontece a partir do resultado deste domingo, 09, em Hollywood.
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