O novo governo federal ainda nem tomou posse, mas parece que as coisas já começaram a voltar aos eixos. De acordo com o jornalista Ancelmo Gois, do periódico O Globo, em meio ao processo de transição para a posse do governo Lula, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) vai romper o acordo controverso anteriormente firmado com a Motion Picture Association (MPA), entidade existe para representar os interesses dos maiores estúdios de Hollywood. Esse grupo pleiteava ajuda oficial da agência para ações efetivas de combate à pirataria, especificamente visando proteger filmes norte-americanos. Ainda segundo Ancelmo, a medida será oficializada em alguns dias. Ao que tudo indica, é outro gesto que simboliza uma retomada dos esforços estatais para a proteção do cinema brasileiro. Recentemente, a Câmara Técnica de Cinema da Ancine foi restaurada e alguns tópicos começaram a ser discutidos, como a cota de tela para filmes brasileiros. Depois de tempos nefastos, parece que as coisas vão melhorar.
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Vale lembrar que o acordo anteriormente firmado entre Ancine e MPA foi denunciado em setembro deste ano pela Associação dos Servidores Públicos da Ancine (Aspac), entidade que considerou a cooperação ilegal por “não obedecer aos requisitos legais mínimos e deturpar a própria finalidade da política pública”, de acordo com o ofício encaminhado na ocasião pela Aspac à diretoria da Ancine. A anulação desse acordo que beneficiaria comercialmente os filmes norte-americanos é mais um indício da “desbolsonarização” da entidade, uma notícia e tanto. Afinal de contas, quem acompanhou os quatro anos do governo Bolsonaro atentamente percebeu ações constantes para a desmobilização de uma indústria criativa economicamente fundamental e de valor cultural inestimável. Estávamos com saudade de você, Ancine.