Desde março de 2018, quando Marielle Franco foi brutalmente assassinada no Rio de Janeiro, o Brasil se pergunta quem foi o mandante do crime com claras motivações políticas. A vereadora lutava por direitos e representatividade negra e feminina dentro de uma Câmara dos Deputados, onde menos de 10% das cadeiras é ocupada por mulheres. O Brasil ainda constitui o país da América Latina com menor representação parlamentar feminina.
Tamanha injustiça e omissão motivou o desenvolvimento de Sementes: Mulheres Pretas no Poder (2020), documentário dirigido por Éthel Oliveira e Júlia Mariano. As cineastas acompanham o trabalho de seis candidatas negras que batalham dentro do cenário político nacional para manter viva a memória e as bandeiras de Marielle. Elas são: Mônica Francisco, Rose Cipriano, Tainá de Paula, Jaqueline Gomes, Renata Souza e Talíria Petrone.
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Desde o assassinato de Marielle, o número de candidaturas de mulheres autodeclaradas negras cresceu em 93%, sinal de novos esforços para equilibrar um painel político ainda muito diferente da sociedade plural que deveria representar. Filmado durante o primeiro turno das eleições de 2018, o documentário traz uma equipe feminina, com paridade entre mulheres brancas e negras.
Sementes: Mulheres Pretas no Poder será lançado gratuitamente dia 07 de setembro, no site oficial da distribuidora, a Embaúba Filmes. Em comunicado à imprensa, as criadoras justificam o ponto de vista feminino e negro: “Esse mono-olhar branco, que constrói nosso imaginário coletivo, é redutor e empobrecedor. Mas para além disso, é também constitutivo do racismo estrutural brasileiro. É só se perguntar como o corpo feminino negro é trabalhado no cinema nacional – para se ter o tamanho do problema”.