Ships of the Northern Fleet :: O grande sucesso da série que nunca existiu

Publicado por
Bruno Carmelo

Se você é um “fleeter” (nome para os fãs da série Ships of the Northern Fleet), deve ser apaixonado por Annie (Catie Osborn), pelo capitão George Hellman (Nathan Fillion) ou pelo capitão Neil Barnabus, o líder da tropa aérea. Possivelmente adore os porcos-espinhos Cog Hogs e as gigantescas baleias voadoras. Talvez compre canecas e camisetas, participe de alguma fan page ou tenha abastecido a extensa página Wikipédia dedicada ao projeto.

No entanto, Ships of the Northern Fleet não existe. Segundo apuração do New York Times, em fevereiro de 2021, o roteirista de videogames Tyler James Nicol convidou seus seguidores no TikTok a participarem de uma “experiência alucinatória” sobre uma série que “existirá e nunca existiu”. Assim nasceu a série punk sobre piratas em navios voadores, cujo roteiro jamais foi escrito. O criador nunca passou do título.

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Arte de fãs para Ships of the Northern Fleet

Mesmo assim, junto de um grupo de colegas, Nicol começou a explicar nas redes sociais a trama, os personagens e o desenvolvimento dos episódios. Os fãs embarcaram na proposta, criando artes, logotipos, canções, jogos de tabuleiro, objetos com a marca e reuniões virtuais para comentarem seus episódios favoritos, ou melhores participações especiais (que incluem ninguém menos que Judi Dench disparando uma arma de raios laser). Nathan Fillion foi avisado pelos seguidores que estava escalado para a série, e aceitou a convocação: “Contem comigo!”.

Logan South, cocriador e intérprete do capitão vampiro Vlad, tenta justificar a aderência dos “espectadores”: “As pessoas realmente queriam preencher o vazio, passar o tempo e se sentirem bem”, afirma, em relação ao período da pandemia. Tyler James Nicol, que se identifica como LGBTQIA+, justifica a criação de Ships of the Northern Fleet pela decepção com outras franquias fantásticas quando os autores emitiram comentários preconceituosos (em referência à reiterada transfobia de J.K. Rowling, autora de Harry Potter). A renda derivada dos produtos da série é revertida ao Trevor Project, que ajuda adolescentes LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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