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A Cinemateca Brasileira, uma das entidades mais importantes à preservação da memória audiovisual do nosso país, encontra-se atualmente à deriva. Nas notícias relacionadas abaixo, você pode conferir um pouco dos imbróglios envolvendo a falta de política pública consistente à instituição. O governo Jair Bolsonaro chegou a fazer uma operação pirotécnica com policiais federais retomando as chaves do prédio localizado em São Paulo, aventou a possibilidade de transferir a estrutura para Brasília (pra quê?) e agora, de acordo com o jornalista Ricardo Feltrin, em matéria publicada no portal UOL, alguns integrantes do alto escalão do poder Executivo já assumem que se meter nessa questão foi mais um erro da presidência, situação que precisa ser resolvida urgentemente. Exonerado recentemente, o ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio foi um dos articuladores da intervenção desastrosa, pois ignorante quanto aos contratos vigente e sem planos alternativos de gestão. A saída do ministro pode também permitir um avanço na situação da Cinemateca.

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Ainda segundo Feltrin, membros do governo têm procurado os antigos funcionários da Cinemateca Brasileira para recontratá-los. Eles prestavam serviço à Fundação Roquette Pinto, antiga adminstradora da Cinemateca, que teve seu contrato com o governo (que vence em março de 2021) rompido unilateralmente em 2020 num ato por muitos juristas considerado ilegal e passível de contestação na justiça. O Ministério Público Federal já apontou possíveis gestos de improbidade dos membros do governo na condução da questão. Além, disso, a União deve cerca de R$ 15 milhões para a Fundação Roquette Pinto. A Cinemateca Brasileira teria virado um “elefante branco” para o governo, inclusive porque sua ocupação não garante qualquer capital político. A saída de Marcelo Álvaro Antônio, um dos pais desse, por muitos considerado, golpe ideológico, talvez garanta que, ao menos, o governo federal se organize no sentido de não intervir mais num dos pilares da nossa cultura audiovisual. Seguimos acompanhando de perto.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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