A recente estreia de Vingadores: Ultimato (2019), bem como as exibições dos episódios derradeiros de Game of Thrones (2011-), reacendeu uma velha polêmica. Até que ponto é correto/ético/bacana antecipar publicamente informações capitais de enredos ficionais, incorrendo nos famigerados spoilers? O que pode ser considerado um estraga-prazeres? Há limites? A atual onipresença das mídias sociais colocou mais lenha na fogueira dessa questão controversa, uma vez que com apenas uma frase postada no Twitter, no Facebook ou no Instagram você pode modificar a experiência de outrem. Como tudo, o tópico “spoiler” requer doses cavalares de bom senso, algo que parece em falta atualmente na prateleira das nossas “farmácias”.
“Você tem de avaliar o público. Eles inevitavelmente verão suas postagens? Assistiram ao que você vai comentar? É sua responsabilidade checar antes de compartilhar informações. Não use um spoiler para iniciar uma conversa, nem compartilhe um gif que entregue algo para pontuar uma mensagem de texto” , diz o comediante Paul Scheer (Veep, 2012-) numa entrevista à Variety. Mas, claro, há limites que o bom senso (olha ele de novo) permite, como comentar algo exibido há meses ou mesmo semanas, certo? Não dá para também esperar que se crie um túmulo em volta das informações, não é? O problema, como sempre, são as polarizações. De um lado, aqueles que falam abertamente de desdobramentos importantes tão logo saiam das sessões ou ao fim do episódio da série. Do outro, os que dão chilique quando um amigo fala, por exemplo, que Norman Bates é o assassino (e a mãe) de Psicose (1960).
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Mike Schur, produtor executivo de The Good Place (2016-) e Brooklyn Nine-Nine (2013-), diz que depois de uma semana o spoiler já não pode ser condenado, mas até isso depende da circunstância. “Uma pergunta legítima seria: por que você está soltando spoilers? Por que arriscar estragar aquilo para alguém? Mas uma pergunta igualmente legítima seria: por que você está olhando o Twitter se estiver preocupado com isso? Sei que algumas pessoas têm de usar as mídias sociais para trabalhar, mas quando estou atrasado simplesmente fico longe das redes”.
Já Raphael Bob-Waksberg, criador de BoJack Horseman (2014-), diz que tem uma regra simples quando o assunto é spoiler: “Como tudo que se aplica à vida, tente respeitar o outro”. Ele ponderou que spoilers são subjetivos: “Só porque uma piada, uma revelação ou uma reportagem não estraga algo para você, não significa que não vai estragar algo para outra pessoa. Isso é bem básico, não há regras rígidas e rápidas quanto à natureza do spoiler a serem descobertas e seguidas”.
Bom, amiguinhos, pelo sim e pelo não, que tal se certificar se seus interlocutores estão confortáveis com spoilers ainda de sair por aí soltando-os adoidado?