Morreu neste domingo, 12, aos 79 anos, o cineasta mineiro Sylvio Lanna, um dos expoentes do Cinema Marginal brasileiro – movimento que apostou no radicalismo, no desbunde e no experimentalismo entre o fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970. Nascido na cidade de Ponte Nova, em Minas Gerais, ele começou no cinema com o média-metragem O Roteiro do Gravador (1967). Porém, garantiu seu nome entre os mais destacados cineastas dentro do contexto de asfixia política no Brasil então comandado pela ditadura civil-militar com o longa-metragem contracultural Sagrada Família (1970). Nele temos a desintegração de uma família burguesa sendo apresentada em paralelo às perambulações de um artista underground. Entre os destaques do elenco dessa verdadeira pérola do cinema brasileiro setentista está Paulo César Pereio, personalidade que infelizmente também faleceu há pouco.
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No entanto, a trajetória cinematográfica de Sylvio Lanna foi bastante prejudicada, assim como a de muitos de seus contemporâneos, por questões de ordem política e econômica, afinal de contas o seu cinema subversivo não era necessariamente palatável comercialmente, o que o fez ficar quase meio século afastado de sets de filmagem. Ele havia retomado a carreira mais recentemente, realizando o documentário In Memoriam: O Roteiro do Gravador (2017), registro em primeira pessoa da busca pela possível última cópia de seu filme de estreia. Em 2019, o CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto programou alguns de seus filmes, ocasião em que ele falou da redescoberta de sua obra pelos jovens: “Está sendo uma surpresa agradável. Encontrei uma moçada de 30, 40 anos que conhece mais o meu cinema do que eu poderia imaginar”, disse Lanna. O produtor e diretor Cavi Borges promoveu em março deste ano uma homenagem a Sylvio Lanna no Rio de Janeiro, assim celebrando novamente a sua obra lamentavelmente obscurecida durante muito tempo.