Pode-se simpatizar com o governo de A ou de B, ter esta ou aquela posição ideológica, mas existe uma verdade embasada em fatos: a participação brasileira em festivais internacionais de cinema vem decaindo nos últimos quatro anos. É fruto de várias coisas, mas, principalmente, da displicência (para dizer o mínimo) federal nos departamentos que regulamentam e conduzem as nossas esferas de cinema. Mesmo assim, felizmente temos bravos guerreiros e bravas guerreiras que ainda encontram caminho para nos representar internacionalmente e fazer bonito mundo afora. Infelizmente, neste ano não teremos um filme brasileiro disputando a tão cobiçada Palma de Ouro no Festival de Cannes, mas haverá uma sessão muito especial em terras francesas para relembrar ao planeta a nossa capacidade criativa e a potência do nosso cinema. Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) passou por um novo processo de restauração, desta vez em 4K (altíssima definição) e essa cópia ganhará uma projeção na seção Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação do patrimônio cinematográfico mundial.
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Segundo longa-metragem de Glauber Rocha, Deus e o Diabo na Terra do Sol teve sua première mundial no Festival de Cannes de 1964, sendo indicado à Palma de Ouro. O projeto de restauração em altíssima definição foi comandado pela cineasta e filha de Glauber, Paloma Rocha, e pelo produtor Lino Meireles. “É um ciclo completo para a nossa restauração, onde o filme será reexibido pela primeira vez no mesmo local em que estreou. Que seja um novo chamado de resistência cultural”, afirma o produtor Lino. “Num país com a cultura tão depreciada, com a produção artística sofrendo ataques, fizemos um esforço de contracorrente. Isso só é possível porque o filme tem a força própria dele”, explica a diretora Paloma. A expectativa é que a versão seja exibida em breve em festivais brasileiros e, quem sabe, lançada em Blu-ray para a alegria dos adeptos da mídia física. Essas possibilidades não estavam no release que recebemos, mas provavelmente se tratam de caminhos naturais após essa restauração feita pela Cinecolor, empresa parceira da Cinemateca Brasileira, onde estava armazenada a cópia em película.
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