20190408 viola davis papo de cinema

Viola Davis é uma das personalidades mais famosas do audiovisual norte-americano. Contudo, mesmo nos dias correntes, ela não tem vida fácil, pois frequentemente convidada a interpretar personagens estereotipadas. Numa recente e reveladora entrevista à revista norte-americana Variety, a atriz comentou que criou sua produtora, a JuVee Productiuons, inclusive para escapar dos mesmos papeis que vinham lhe oferecendo há muito tempo. “Ninguém atualmente desenvolve um filme com alguém como eu em mente. Mulher negra, de 55 anos. Ainda recebo muitas ofertas para viver empregadas e mães de família enlutadas pela morte trágica de um filho (…) também não sou vista como muito sexual. Parece que os fundamentos de ser mulher não chegam até mim. Para conseguir ter esses papeis, precisei cria-los e desenvolvê-los, além de me aliar a artistas emergentes, como eu, colocados à margem”.

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Ela mencionou a série Lições de um Crime (2014-2020) como bem-vindo ponto fora dessa curva que mais parece um círculo vicioso: “Ali tive minha chance de criar uma mulher completa. Nós, mulheres negras, ainda somos vistas como extensões da nossa história, como bens móveis, percebidas como tão fortes que somos quase masculinas. Como se não sentíssemos dor e não fôssemos desejadas. A série foi minha chance de explorar a feminilidade, a bagunça e até mesmo as partes sexualmente traumatizadas. Como fica quando tiramos nossas perucas? Ou quando os colocarmos de volta? Foi minha chance de criar um ser humano e fazer isso nos meus termos”.

Figurinha carimbada nas recentes temporadas de premiações, Viola Davis também disse o que acha dessas ocasiões: “São uma plataforma. Nada mais do que outro microfone. É mais uma oportunidade de abrir minha boca e falar umas verdades realmente fundamentais sobre Hollywood e, consequentemente, a respeito da América”.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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