XI Festival Pachamama :: Filmes brasileiros debatem ditadura, ocupações e Makunaíma

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Bruno Carmelo

Nesta quinta-feira, 20 de maio, o 11º Festival Internacional Pachamama – Cinema de Fronteira, em formato online e gratuito, traz três importantes documentários brasileiros na programação. A Mostra Amazônia exibe Por Onde Anda Makunaíma? (2020), vencedor da última edição do Festival de Brasília. O diretor Rodrigo Séllos investiga as origens do personagem popular Makunaíma, consagrado tanto pelo livro de Mário de Andrade quanto pelo filme de Joaquim Pedro de Andrade. Leia a nossa crítica.

Na Mostra Cinema É Política, os espectadores descobrem o belo Entre Nós Talvez Estejam Multidões (2020), de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito, selecionado no Olhar de Cinema. Os realizadores acompanham as batalhas diárias e o cotidiano dos moradores da Ocupação Eliana Silva, combinando a linguagem poética com o movimento político. Leia a nossa crítica.

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Entre Nós Talvez Estejam Multidões

 

Em paralelo, a Mostra Originários exibe A Flecha e a Farda (2020), destaque da Mostra de Tiradentes. O filme do diretor Miguel Antunes Ramos resgata a história pouco conhecida da primeira e última Guarda Rural Indígena, quando oitenta homens indígenas serviram ao regime militar em 1970. Ramos procura estes personagens atualmente, para compreender aquele momento sangrento da história brasileira. Leia a nossa crítica.

Enquanto isso, a Mostra Competitiva continua trazendo produções latino-americanas de linguagem radical e politizada. O principal destaque do dia se encontra na sessão de Chaco (2020), ficção que resgata a guerra entre Bolívia e Paraguai em 1934. O diretor Diego Mondaca evita o cinema-espetáculo para narrar o dia a dia de soldados que caminham sem rumo pela terra quente, em busca do inimigo jamais encontrado. Assim, o autor cria um retrato potente do caráter absurdo das guerras. Leia a nossa crítica.

 

Chaco

 

Já o peruano La Chucha Perdida de los Incas (2019), de Fernando Gutiérrez, efetua uma viagem alucinante pelas crenças e misticismos de seu país. A partir da procura por uma gruta lendária, supostamente desenhada na forma de uma vagina, ele investiga grupos que acreditam em abduções por extraterrestres e efetuam rituais de fertilidade em honra ao falo, vestindo capacetes de glandes douradas. Leia a nossa crítica.

Além das sessões de filmes, o 11º Festival Pachamama organiza um raro Encontro de Festivais de Cinema da Amazônia Legal. Representantes de 14 mostras e festivais locais se reúnem de modo virtual para reforçarem os laços audiovisuais da região, incluindo o Festival Guarnicê (MA), Amazônia Doc (PA), Cinema Amazônia (RO), Mostra Saberes Amazônicos (RR) e MATAPI – Mercado Audiovisual do Norte (AM). A reunião ocorre ao vivo, às 19h (horário de Brasília) ou às 17h (horário de Rio Branco).

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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