XI Festival Pachamama :: O ousado cinema latino-americano na Mostra Competitiva

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Bruno Carmelo

Nesta quarta-feira, 19 de maio, o 11º Festival Internacional Pachamama: Cinema de Fronteira, em edição gratuita e online, apresenta dois filmes particularmente ousados na Mostra Competitiva, debatendo o confronto entre tradição e modernidade. O boliviano Sirena (2019), de Carlos E. Piñeiro, retrata a chegada de quatro homens a uma ilha para recuperarem um cadáver. No entanto, os moradores não estão dispostos a abrirem mão deste presente das águas. O filme é construído através de fragmentos de imagens, num ritmo muito particular. Leia a nossa crítica.

Já o argentino Rio Turbio (2020), de Tatiana Mazú González, parte de um impasse: a cineasta gostaria de filmar dentro das minas de carvão da Patagônia, mas não recebe a autorização da prefeitura. O motivo? Os homens do local acreditam quem se uma mulher penetrar numa mina, a construção desaba. A partir desta superstição, a diretora efetua uma crônica do machismo dos vilarejos argentinos, buscando uma infinidade de metáforas para representar o interior daquele espaço que nunca pôde visitar. Leia a nossa crítica.

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Rio Turbio

 

Em paralelo, a Mostra Originários traz o belo Yãmiyhex: As Mulheres-Espírito (2019), de Sueli Maxacali e Isael Maxacali. O documentário brasileiro premiado na Mostra de Tiradentes acompanha passo a passo de um ritual de despedida na Aldeia Verde. O filme se destaca pelo ponto de vista dos povos locais, ao invés do registro de cineastas brancos, o que resulta num olhar sem fetiches nem exotismo. Leia a nossa crítica.

Vale lembrar que, esteja em sua 11ª edição, o Festival Pachamama surgiu essencialmente como um evento tri-fronteira, valorizando a produção específica da região entre Brasil, Bolívia e Peru. Assim, os organizadores preservam a Mostra Tri-Fronteira, onde nesta quarta-feira é exibido o documentário Taloneras (2019), obra peruana de Rómulo Sulca Ricra. No filme, ele acompanha o sonho de diversas adolescentes disputando o posto de nova estrela da música vernácula andina.

O Festival vai até o dia 22 de maio, exibindo diversos filmes que permanecem disponíveis durante a integralidade do festival, além de mesas de debate e encontros entre festivais de cinema. Você descobre a programação completa no site oficial.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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