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O cartunista Ziraldo morreu de causas naturais neste sábado, 06, aos 91 anos de idade, em sua residência no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro. O artista estava com a saúde debilitada pelos três AVCs (acidente vascular cerebral) que teve entre 2018 e 2022. Natural da cidade mineira de Caratinga, em Minas Gerais, onde passou a infância, Ziraldo teve reconhecido o seu talento precoce para o desenho, publicando obras no jornal Folha de Minas com apenas seis anos de idade. Mais tarde, em 1957, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. No entanto, antes da formatura, começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo) em 1954, assinando uma coluna humorística. Ganhou notoriedade ao se estabelecer na revista O Cruzeiro em 1957 e, posteriormente, no Jornal do Brasil em 1963. Alcançou fama ao realizar a primeira revista em quadrinhos brasileira feita por apenas um autor, Turma do Pererê, também a primeira HQ a cores totalmente produzida no Brasil. Nos anos 1980 lançou o livro O Menino Maluquinho, seu maior sucesso editorial, mais tarde adaptado à televisão e ao cinema.

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Perseguido durante a ditadura civil-militar que (des)governou o Brasil entre 1964 e 1985, Ziraldo atacava o regime e os militares com suas charges de humor consciente e cortante. Foi preso pela primeira vez em dezembro de 1968, um dia depois da publicação do AI-5 (Ato Institucional Número 5), medida que aumentava os poderes do Estado sequestrado pelos militares e diminuía os direitos da população. Em 1969, ao lado dos colegas Tarso de Castro e Sérgio Cabral, fundou O Pasquim, periódico que marcaria época ao se tornar símbolo da resistência na imprensa. Nos anos 1970, Ziraldo foi preso mais duas vezes. 

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ZIRALDO E O CINEMA
Nos anos 1990, quando o nosso cinema se recuperava de uma extensa época de vacas magras, foi lançado Menino Maluquinho: O Filme (1995), grande sucesso que levava às telonas a invenção de um autor que atravessou gerações com seus personagens e situações cativantes. Aliás, em 2020, por ocasião dos 25 anos de lançamento da produção, conversamos com os participantes daquela empreitada, entre eles o próprio Ziraldo (o resultado você confere num dos links do box “Leia Mais” inserido logo acima). A produção teve a sequência Menino Maluquinho 2: A Aventura (1988) e um derivado anos depois, Uma Professora Muito Maluquinha (2011). Mas, a relação de Ziraldo com o cinema e a televisão é longeva. Em sua trajetória no audiovisual, se destacam os roteiros das novelas Rio, Verão & Amor (1966) e Chico Total (1981), além da atuação em Êsse Mundo é Meu (1964) e Garota de Ipanema (1967). Outra contribuição fundamental de Ziraldo com o cinema brasileiro é a sua atuação como cartazista. São dele alguns dos cartazes mais bonitos e criativos de filmes brasileiros. Você confere uma seleção deles ao longo desta matéria.

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Ziraldo era pai da cineasta Daniela Thomas, do compositor Antônio Pinto e tio do ator Fernando Alves Pinto.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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