Crítica


7

Leitores


1 voto 10

Sinopse

Acompanha a história de três mães que se aproximam quando seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Até então, elas levam vidas aparentemente perfeitas, mas os acontecimentos que se desenrolam levam as três a extremos como assassinato e subversão.

Crítica

Depois de um início absolutamente morno, no qual nada de concreto aconteceu, a segunda temporada de Big Little Lies parece ter, enfim, encontrado seu rumo em Tell-Tale Hearts, o segundo capítulo deste ano. Não apenas o foco centrou-se nas cinco protagonistas e nos dramas que enfrentam como consequência do que fizeram meses antes, mas também está mais do que definido o papel da antagonista da vez: Meryl Streep, que como Mary Louise, a mãe de Perry (Alexander Skarsgard), deixou claro que não irá descansar até descobrir o que, de fato, aconteceu ao seu filho. E assim como qualquer matriarca excessivamente protetora, fará uso de todos os recursos que se alinhem com o que anseia encontrar, sem, necessariamente, estar atenta ao que poderá lhe surpreender.

Este segundo capítulo foi acima de tudo, maternal. Assim como Mary Louise declarou sua guerra contra as ‘Cinco de Monterey’, opondo-se à nora, Celeste (Nicole Kidman) e sem meias palavras quanto às amigas desta – Madeline (Reese Witherspoon), em especial – acompanhou-se ainda Bonnie (Zoe Kravitz) tendo que lidar com a própria mãe, Elizabeth (Crystal Fox, de Conduzindo Miss Daisy, 1989). Chamada pelo genro, Nathan (James Tupper, de Um Bom Partido, 2012), ela vem para ajudar a melhorar o astral da filha, que há meses vem enfrentando uma evidente depressão. Sem poder assumir seus verdadeiros motivos, a jovem tem se escondido por trás de desculpas e irritação. A presença da mãe, no entanto, não é acolhedora ou de conforto – pelo contrário, chega para provocar e discutir. “Você é a única pessoa negra por aqui, já percebeu? Sei bem o quão difícil é lidar com os muros atrás dos quais você se esconde”, diz para a filha.

A felicidade pode ser muito boa na vida real, mas no campo da ficção serve apenas como objetivo, nunca como realização – até porque, quando finalmente alcançada, a história tende a terminar. Assim, se havia calmaria demais no episódio anterior, agora o público foi convidado a acompanhar as vidas de cada uma dessas mulheres indo rumo à desconstrução. E se por um lado Celeste e Jane (Shailene Woodley) precisam lidar com o passado traumático que as une – ambas são mães de crianças de um mesmo homem, e essa verdade não será mais ignorada – quem terá seus alicerces de fato abalados são Madeline e Renata (Laura Dern). A primeira, quando o marido, enfim, fica a par de sua traição com um professor da escola. A segunda, sob a ameaça de perder tudo o que tem após o esposo ser preso por fraude fiscal.

Dern novamente rouba a cena, indo do céu ao inferno em uma única cena, mostrando o quão grande é sua versatilidade como atriz. E se afirmar que Meryl Streep está excelente é chover no molhado, ao mesmo tempo permanece a torcida para que sua personagem assuma um maior protagonismo. Entre as demais, o destaque da vez foi Witherspoon, que pela primeira vez terá que calar a boca e começar a ouvir mais aqueles ao seu redor se quiser reduzir ao máximo os estragos que se anunciam em sua vida. No entanto, a grande pergunta segue a mesma: por quê tornar segredo aquilo que não precisava ser escondido? Bonnie e Celeste, principalmente, estão sofrendo por algo que, se dito às claras, ninguém as condenaria. Esclarecer esse ponto parece ser o maior desafio da diretora Andrea Arnold, e estará no efeito dessa resposta o que deixará este segundo ano acima – ou não – da mediocridade.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)

Grade crítica