Crítica


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Sinopse

Acompanha a história de cinco mães que se aproximam quando seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Até então, levam vidas aparentemente perfeitas, mas os acontecimentos que se desenrolam levam as três a extremos como assassinato e subversão.

Crítica

Ela Sabe”, diz o título desse quarto episódio da segunda – e desnecessária – temporada de Big Little Lies. É ciente que esta nova leva de capítulos – serão sete ao todo – foi providenciada de última hora, pois a trama do livro de Liane Moriarty se encerrava por completo na Temporada 01 do programa. Ou seja, era mais uma minissérie do que um seriado, na verdade. Mas como um sucesso nunca passa desapercebido em Hollywood, cá estamos novamente envolvidos pelo passado de mentiras e pelo futuro de decepções das Cinco de Monterey. E se ela sabe, melhor ainda se o batismo fosse “Preliminares” (Foreplay, no original). Afinal, ainda que já tenhamos passado da metade dos segmentos deste ano, é fato que estamos apenas no começo, e há muito ainda a ser resolvido.

Quem sabe é Mary Louise (Meryl Streep, se esforçando como poucas vezes nos anos recentes para criar uma personagem razoavelmente crível). Mas o que ela sabe? Que há algo errado sobre o que foi divulgado a respeito da morte do filho, Perry Wright (Alexander Skarsgard), ex-marido de Celeste (Nicole Kidman, mais apagada do que no ano anterior) e acusado de ter estuprado Jane (Shailene Woodley, que ao contrário da colega, está tendo melhores momentos dessa vez). Na ocasião, ainda estavam presentes Madeline (Reese Witherspoon, subestimada), Bonnie (Zoe Kravitz, que revela apenas apatia, quando deveria estar imprimindo comiseração) e Renata (Laura Dern, a melhor do elenco, ganhando ainda mais material para trabalhar). Mary Louise não sabe, no entanto, exatamente o que aconteceu – e nem como. No entanto, tudo indica que não tardará para que descubra, mais pela fraqueza das outras e menos por sua própria perspicácia.

Afinal, como explicar que Celeste, na primeira noite em que fica sozinha sem os filhos (que foram dormir no apartamento da avó), já aproveite para levar um desconhecido para casa, deixando que o mesmo apareça seminu na manhã seguinte, em frente à sogra dela? E se o fardo de ter salvo a amiga parece ser pesado demais para Bonnie, porque simplesmente não se afasta, ao invés de continuar próxima das demais, sem se ocupar com nada minimamente real? “Cabeça vazia é oficina do diabo”, já diz o ditado. Quem acaba sofrendo as consequências disso é a mãe dela, que vai parar num hospital após um infarto. No entanto, é em Madeline que as atenções começam a se voltar. Afinal, ela não só precisa lidar com a crise que seu casamento atravessa, mas também com as cobranças das ‘parceiras de crime’: ela teve a ideia de sugerir uma mentira que ninguém fazia questão. As demais, ao concordarem em levar adiante algo tão desnecessário quanto perigoso, não só assumiram o risco, como também se veem obrigadas a dividir a responsabilidade.

Cabe, portanto, à Mary Louise responder pelo único respiro de inovação em uma sequência de episódios que parecem lutar consigo mesmos para encontrar uma razão de existir. Ela está apenas fazendo o seu papel de mãe, relutando em acreditar no caráter perverso do filho já falecido, ao mesmo tempo em que vai pescando pelas beiradas as falhas das mulheres que o cercavam – tanto Celeste, a mais óbvia, como também Jane, que, bem ou mal, é mãe de mais um dos netos dela. Enquanto isso, resta o prazer de acompanhar Renata afundando cada vez mais, nunca abrindo mão da garantia de que ela, indubitavelmente, irá dar a volta por cima mais uma vez. Afinal, nunca aceitará ser ‘não rica’. Ver sua queda – e consequente ascensão – parece ser a única alegria ainda restante por aqui.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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