Crítica


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Sinopse

Cinco mães que se aproximam quando seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Até então, levam vidas aparentemente perfeitas, mas os acontecimentos que se desenrolam levam as três a extremos como assassinato e subversão.

Crítica

É tão notória a falta de propósito desta segunda temporada de Big Little Lies – afinal, toda a trama do livro escrito por Liane Moriarty já havia sido abordada no primeiro ano do programa, quando ainda se apresentava como ‘minissérie’, sem a pretensão de desenvolver qualquer tipo de continuidade futura – que é possível perceber nesta segunda leva de episódios uma estrutura quase matemática, na qual cada capítulo busca desesperadamente por uma razão de ser. E se antes houve momentos apenas sobre as mães e outro com foco nos filhos – ou filhas, melhor dizendo – fica claro que as atenções em Kill Me, o quinto – e antepenúltimo – segmento deste ano, estão voltadas para as crianças. Independente da idade que elas tenham. Um ponto de vista até certo ponto curioso, ainda que desprovido de muita originalidade.

Em bom português, “Kill me” é nada mais do que “mate-me”, ou seja, se trata de um pedido. E quem teria coragem de fazer tal solicitação, senão uma mãe à sua própria filha, que nesse instante se coloca na posição daquela menina de tantos anos atrás, obrigada a crescer antes do tempo e que agora busca fazer as pazes com aquela prestes a partir, mesmo que as feridas daquela época sigam doendo, longe de uma necessária cicatrização? Bonnie (Zoe Kravitz) está entre a filha, Skye (Chloe Coleman), e a mãe, Elizabeth (Crystal Fox) – ela é vista tendo que lidar com as duas nesse capítulo – mas será com o pai o seu verdadeiro acerto de contas. Não por acaso, é Martin Donovan que surge neste papel – ator fetiche de Hal Hartley e premiado por trabalhos elogiados como Retratos de uma Mulher (1996) e Vício Inerente (2014) não seria chamado para participação descartável. E mesmo que seu tempo seja diminuto diante do talento que oferece, ainda assim é uma presença marcante, que acaba justificando cada segundo em cena.

Mas poucos deixam uma impressão tão forte quanto Meryl Streep. E finalmente sua Mary Louise assume de vez a posição de grande vilã – ou seria a antagonista? Afinal, tem suas razões, e poucos poderiam discordar dela, ainda mais se tomados pelo ponto de vista que defende na situação apresentada. Decidida a oferecer o melhor aos netos, parte para uma batalha nos tribunais com a nora, Celeste (Nicole Kidman, entre a afetação e uma entrega mais poderosa), pela guarda das crianças. E se os momentos das duas acabam se revelando preciosos, também não se pode descartar os enfrentamentos da veterana com Madeline (Reese Witherspoon, lutando por mais espaço) e a ótima Renata (Laura Dern, mais uma vez interrompida quando parecia ter tanto a dizer).

Os gêmeos Josh (Cameron Crovetti) e Max (Nicholas Crovetti) estão no centro da disputa entre a mãe e a avó, mas também tem seus próprios problemas, ainda mais quando estes dizem respeito ao novo irmão, Ziggy (Iain Armitage). Amabella (Ivy George) e Chloe (Darby Camp) também respondem por passagens rápidas, mas emocionantes, seja com a mãe (a primeira) ou com o pai (a segunda). O que se pode afirmar sem hesitação sobre esse conjunto é o inegável talento destes pequenos, lembrando também do excelente preparo que receberam para sequências difíceis e de forte carga dramática. Quem diria que estaria nas mãos deste grupo de jovens talentos uma possível salvação para Big Little Lies?

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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