Crítica


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Sinopse

Arya Stark está de volta a Winterfell, e se reencontra com os irmãos Sansa e Bran. Jon Snow faz uma importante descoberta na ilha da Pedra do Dragão, e essa novidade poderá alterar os planos de Daenerys Targaryen. Cersei está contando com o resultado da conquista dos Jardins de Cima para pagar suas dívidas e se preparar para a guerra, mas Jaime Lannister tem uma outra ameaça para enfrentar antes de poder retornar ao Porto Real.

Crítica

No final do sexto episódio da terceira temporada de Game of Thrones, intitulado The Climb, os conselheiros Lord Varys (Conleth Hill) e Petyr Baelish (Aidan Gillen), o Mindinho, se encontram na sala do Trone de Ferro, um se vangloriando ao outro por ter conseguido estragar os planos alheios. “Tudo o que fiz, foi pelo reino, enquanto que você busca apenas o caos”, afirma Varys. “O caos não é o fim. É apenas uma escada, para um objetivo maior”, retruca Mindinho. Pois estas palavras, ditas quatro anos atrás, lhe são devolvidas no começo de The Spoils of Wars, quarto episódio da sétima temporada, por Bran Stark (Isaac Hempstead Wright). O mais jovem dos Starks ainda vivo, não mais um garoto, mas, sim, o Corvo de Três Olhos, aquele que tudo vê, conhece o passado e pressente o futuro e as dúbias intenções daquele que agora está no Norte. E, espera-se, não se deixará levar pelas artimanhas que este tanto anseia por colocar em jogo.

Mas ao ultrapassar a metade desta temporada – ao contrário das anteriores, com dez capítulos, esta atual contará apenas com sete partes – as coisas ficam ainda mais na ponta da lança, por assim dizer. Poderíamos começar falando sobre o esperado reencontro dos irmãos Stark, por exemplo. Após ter a presença mais marcante em Dragonstone e Stormborn, os dois primeiros episódios dessa temporada, Arya Stark (Maisie Williams) ficou ausente do capítulo três, The Queen’s Justice. Pois bem, agora ela está de volta, e com toda a pompa e circunstância necessária. Ao, enfim, retornar a Winterfell, reencontra os irmãos Sansa (Sophie Turner) e Bran, e assim como esses, deixa claro que todo o tempo longe de casa a transformou por completo. Em um treinamento com Brienne (Gwendoline Christie), revela-se aos olhos da irmã uma exímia combatente. “Com quem você aprendeu a lutar assim?”, Brienne lhe pergunta. “Com Ninguém”, é sua resposta. Ninguém, no caso, não é a ausência de alguém – é justamente o contrário.

Se tudo indica que a relação entre as irmãs, que nunca foi das mais tranquilas, deverá voltar a ser rapidamente turbulenta, o irmão mais velho delas – Jon Snow (Kit Harington), que, como sabemos, foi apenas criado nesta condição pelos Stark – tem uma importante revelação para uma outra parente: Daenerys Targaryen (Emilia Clarke). Nas cavernas em que irá extrair o Vidro do Dragão para enfrentar Os Outros, ele descobre indícios de que no passado o mesmo dilema também precisou ser enfrentado. Daenerys está agora a par disso, e não tem mais porque seguir duvidando da palavra do Rei do Norte. Ela quer unir-se a ele, mas precisa de uma demonstração de força: tem que fazê-lo ajoelhar-se perante si. Snow titubeia, e não se sabe por quanto tempo os dois turrões seguirão resistindo. Mas a paciência parece estar se esgotando mais rapidamente do lado dela. E é por isso que partirá para a ação sem mais delongas – se não diante de um perigo aparentemente distante, então enfrentando algo muito mais premente.

É quando chegamos, enfim, ao momento mais aguardado de The Spoils of War – e, enfim, na referência a este título. Cersei (Lena Headey) está contando com o saque aos Jardins de Cima comandado pelo irmão e amante Jaime Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) para não só pagar suas dívidas, mas também se preparar para a guerra contra Daenerys. Mas esta não está mais disposta a estratégias, e parte com tudo – ou seja, com seus guerreiros dracarys e com seus dragões – contra o próprio Jaime. A visão dela nos ares, montada em um dragão, comandando um ataque de fogo e destruição, fez dessa uma das sequências mais eletrizantes deste ano. O campo de batalha até então apaziguado volta ao ápice do confronto. A morte se faz presente por todos os lados, batalhas são travadas em questão de segundos e as ameaças surgem por todos os lados. Não há nada a ser feito – a não ser o pior.

Matt Shakman, diretor deste e do episódio seguinte, Blood of the Dragon (T07E05), usa sua longa experiência em programas de televisão para partir logo para a ação, após muitos debates. Jon Snow afirma: a rainha não está mais aqui. Cersei está, literalmente, contando com um ovo que, pelo jeito, sua galinha não irá entregar. Jaime Lannister está sozinho diante de um inimigo que jamais imaginou ter que enfrentar – ao menos não nessa magnitude. E é justamente essa grandiosidade e esse imediatismo que está fazendo desta temporada uma das mais urgentes, elevando a expectativa a níveis estratosféricos a cada novo capítulo. Investiu-se, finalmente, com maior efeito nas inserções digitais, nos impressionantes cenários e na amplitude das composições. Não há mais tempo a perder. É preciso ganhar ou morrer. O que importa, no final, é ao lado de quem se está.

Sente-se, no entanto, um apego maior aos personagens – em tempos passados, figuras como Bronn (Jerome Flynn), Dickon Tarly (Tom Hopper) ou mesmo Theon (Alfie Allen) já teriam sido assassinados sem muitas ressalvas. Aumentar a permanência de cada um deles é promover uma curiosidade a respeito de seus destinos e funções nesse imenso tabuleiro que, talvez, não se sustente. Como já antecipado, o sangue do dragão irá correr – e não só este, mas o de outras figuras-chaves também poderá terminar no fundo do mar profundo. Tal suspense fará sentido ou será apenas mais uma artimanha dos roteiristas? Daenerys parece, enfim, ter conseguido sua primeira vitória – ao mesmo tempo em que sabemos que Cersei está longe de ter sido derrotada. E o medo maior ainda está por vir. Afinal, o inverno já chegou – tanto no Sul quanto, principalmente, no Norte.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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