Crítica


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Sinopse

Jon Snow e seus seis companheiros estão além da muralha, pronto para encontrarem com Os Outros em uma missão suicida - querem sequestrar um dos Caminhantes Brancos para provar a existência desses zumbis de gelo a Daenerys. Enquanto isso, em Winterfell, as irmãs Sansa e Arya se estranham, movidas por uma conspiração liderada por Mindinho, que visa colocá-las uma contra a outra, aproveitando a ausência do irmão delas, Jon Snow.

Crítica

Chegamos finalmente ao penúltimo episódio da sétima temporada deste jogo dos tronos. Era de se esperar, assim como ocorreu em todas as seasons anteriores, que este seria um capítulo bombástico, com mais ação e acontecimentos para o andar da história. Se em Eastwatch o clima foi de colocar algumas peças no tabuleiro para que este Beyond the Wall fosse a catarse de tudo o que vem sendo desenhado, não existe decepção. Realmente, algumas alianças são finalmente estabelecidas graças às ações do “esquadrão suicida” do gelo liderado por Jon Snow (Kit Harington). Enquanto isso, as irmãs Sansa (Sophie Turner) e Arya Stark (Maisie Williams) se estranham cada vez mais, especialmente após o estratagema de Mindinho (Aidan Gillen) no fim do episódio anterior. Porém, o clímax ficou aquém do desenvolvimento, por conta de dois problemas que esta temporada vem apresentando desde o início, devido à sua curta duração: o roteiro e montagem apressados.

Em Eastwatch as coisas já estavam corridas, com as viagens rápidas de personagens-chave, como se eles transitassem da zona norte ao centro de São Paulo pelo metrô, por exemplo. Porém, isso chega a ser o de menos, já que neste episódio a caminhada dos “sete samurais” para proteger a Grande Muralha do exército zumbi Os Outros dá uma desacelerada para explorar a dinâmica entre os seus personagens. Um grande ponto positivo do capítulo, que busca inspiração no cinema de Akira Kurosawa (especialmente em Os Sete Samurais, 1954, é claro) e no western de John Sturges (Sete Homens e um Destino, 1960). Jon Snow, Tormund (Kristofer Hivju), Jorah Mormont (Iain Glen), o Cão de Guarda (Rory McCann), Gendry (Joe Dempsie), Beric Dondarrion (Richard Dormer) e Thoros of Myr (Paul Kaye) querem a cabeça de um dos mortos-vivos para provar sua existência a Cersei Lannister (Lena Headey), ainda descrente na possibilidade de perder seu reinado para a versão gelada de walking dead.

O grupo estabelece alguns diálogos que reforçam implicâncias, especialmente quando o nome de Brienne (Gwendoline Christie) vem à tona para o Cão, já que Tormund está apaixonado “pela mulher mais alta do mundo”. Entre outras trivialidades e alguns momentos tarantinescos, o grupo enfrenta um urso revivido pelo líder dos mortos, o que faz um exército aparecer e encurralar de vez esses homens condenados pela bravura e pelo heroísmo – ou burrice, como acredita a própria Daenerys. Será que a ajuda chega a tempo? Concomitantemente, a quebradora de correntes é questionada por Tyrion (Peter Dinklage) sobre suas ações para a tomada de poder em Porto Real das mãos de Cersei (Lena Headey). E Arya finalmente confronta Sansa pela carta que, em tese, condenou o pai, Ned Stark, lá na primeira temporada. A resolução parece fragilizar ainda mais o elo entre as irmãs, que nunca foram muito chegadas por conta de suas diferenças. E se havia alguma dúvida acerca do potencial dramático das atrizes, Sophie Turner e Maisie Williams acabam entregando o embate mais tenso da trama. Espera, mas e os rapazes congelados?

A grande falha de um episódio como este, a esta altura do campeonato, é prometer muito e entregar pouco. A solução para que o exército de Snow sobreviva parece um repeteco da ação do quarto episódio. Sim, essa frase é praticamente um spoiler, e talvez venha mais agora: quando certa pessoa se envolve para resolver a questão principal desta temporada, ocorre uma morte que deveria ser mais chocante e sentida do que realmente é. Só que o roteiro e a montagem são tão apressados em entregar o ouro a partir do clímax que essa tragédia vira apenas mais um caso comum entre tantos outros que já ocorreram nas sete temporadas. Porém, tal morte em si é uma peça-chave para entender como Os Outros morrem – como também podem contra-atacar com uma força sem igual.

Mesmo num episódio em que “o lado negro da força” parece ter sido esquecido, não podemos deixar de lembrar uma coisa: Euron Greyjoy (Pilou Asbaek) e seu exército marítimo. Por onde eles andam? Ainda mais agora que uma nova aliança foi, finalmente, forjada? E Sam (John Bradley) com suas revelações que podem mudar a herança real do trono? O final do capítulo também entrega um elemento que pode causar ainda mais drama entre Snow, Daenerys e seus aliados. Será que se consegue resolver tantas pontas soltas faltando pouco mais de uma hora para o fim desta temporada? Corre-se o risco de outro episódio apressado ou, pior, de que não se decida se quer adiantar a história ou não, como foi este Beyond the Wall.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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