Crítica


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Sinopse

Loki está em busca de si mesmo - ou de uma versão alternativa dele, que habita uma outra linha do tempo. Porém, irá ele simplesmente fazer o que lhe pediram, ou estará atrás dos seus próprios planos?

Loki


Loki :: T02


Loki :: T01

Episódio Data de exibição
Loki :: T01 :: E06 14/07/2021
Loki :: T01 :: E05 7/07/2021
Loki :: T01 :: E04 30/06/2021
Loki :: T01 :: E03 23/06/2021
Loki :: T01 :: E02 16/06/2021
Loki :: T01 :: E01 9/06/2021

Crítica

Após o sucesso de WandaVision (2021) e da boa recepção alcançada por Falcão e o Soldado Invernal (2021), era certo que a Marvel não iria abandonar o formato seriado tão cedo – aliás, muito pelo contrário. A ordem da vez na Casa das Ideias é investir cada vez mais nessa estrutura, por mais que, apesar dos acertos vistos no programa centrado no casal Wanda Maximoff e Visão, o que tenha ficado evidente na trama envolvendo os sucessores do Capitão América é que, na maior parte do tempo, há uma falta de noção e discernimento entre as diferenças entre um longa-metragem pensado para o cinema e um seriado de televisão. Loki, o terceiro passo dentro desse novo Universo Audiovisual Marvel – anteriormente conhecido apenas por Universo Cinematográfico Marvel – segue nessa linha. Ao invés de apostar na compartimentalização de ganchos e reviravoltas dentro de uma mesma narrativa – como se dá na maioria das séries – o que vemos por aqui é uma única história, porém contada, literalmente, ‘aos pedaços’. A Variante, segundo capítulo dessa jornada de seis episódios, não tem início e nem fim – é apenas um ponto de passagem, que segue o tom ditado em Propósito Glorioso e serve apenas para abrir espaço para o que deverá se suceder nas próximas semanas.

Se a maior ressalva apontada, inclusive pelos fãs mais ardorosos, na estreia de Loki era o excesso de informações e o didatismo exacerbado, em detrimento da pouca ação entre os personagens, o mesmo não apenas se verifica aqui, como também se acentua. É compreensível que essas explicações sejam dadas, pois se está em uma realidade completamente nova – ou, melhor dizendo, o protagonista se encontra além da realidade tal qual a conhecemos – e por isso é preciso situar o espectador. Soma-se também o fato de que, apesar dos mais de dez anos da Marvel nas telas, há apenas uma figura reconhecível em cena: justamente o próprio Loki. Todos aqueles que geralmente estavam ao seu lado – Thor, Odin, os Vingadores, o povo de Asgard – são, no máximo, mencionados rapidamente. E é junto aos oficiais da Autoridade de Variação do Tempo que ele encontra uma nova função, como dito no final do segmento anterior: ajudar na captura de uma Variante – ou seja, alguém que esteja trafegando (e embaralhando) por diferentes linhas temporais – que tem causado muitos problemas. Ninguém menos do que ele mesmo.

Bom, se Loki, para não ser miseravelmente resetado – ou deletado, afinal essa é a versão de nove anos atrás (o de Os Vingadores, 2012), e não aquele que encontrou seu fim nas mãos de Thanos em Vingadores: Guerra Infinita (2018) – precisa se mostrar válido aos propósitos do Agente Mobius (Owen Wilson, comedido, mas se divertindo com a oportunidade), o único a acreditar no seu potencial, também não chega a ser nenhuma surpresa imaginar que ele não será tão facilmente domesticado. Mas falta habilidade para a diretora Kate Herron (Sex Education, 2019) mostrar esses dois lados. Tanto é que, quando, enfim, ele revela suas reais intenções, a reação provável da audiência será um “até que enfim”, ao invés de um “nossa, nem esperava por isso”. Pois o Loki visto pela maior parte desses dois episódios está longe daquele que cativou fãs e atormentou a existência de muitos heróis ao longo da última década. Para se ter ideia, maior parte desse capítulo se passa dentro de uma biblioteca. Tem coisa mais chata?

Mesmo que demore quase 50 minutos para chegar ao ponto no qual todos ansiavam, Loki só consegue fazer dessa trajetória algo minimamente suportável graças ao carisma quase inesgotável de Tom Hiddleston, cada vez mais à vontade no papel. Depois de roubar a cena em suas aparições anteriores – algo não muito difícil, é preciso concordar, ainda mais ao lado de brutamontes como Chris Hemsworth – ele agora está no total controle dos acontecimentos. Se a falação a respeito da descoberta que faz – e que os leva até a Variante que estão atrás – parece apenas tediosa, ao menos o desfecho abre possibilidades com as quais é possível criar algum tipo de expectativa por antecipação. Gugu Mbatha-Raw continua sem dizer a que veio, enquanto que os Guardiões do Tempo, muito citados e nunca vistos, soam quase como um McGuffin que talvez não chegue a se justificar. Está, portanto, na sensibilidade e garra do protagonista a responsabilidade de carregar praticamente sozinho o espectador por esse início enfadonho e repetitivo, acenando a todo instante com a promessa de que tempos melhores – ou seriam piores? – uma hora hão de chegar. É esperar para ver.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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