Crítica


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Sinopse

Kendall Roy está prestes a dar o passo mais arriscado da sua carreira: armar uma conspiração para tirar seu pai, Logan, do controle das empresas da família. Para isso, no entanto, ele precisa ter certeza que conta com a quantidade de votos necessários a seu favor para que o tiro não acabe se voltando contra ele próprio.

Crítica

Succession não parece ser série para uma temporada de dez episódios. Talvez oito, ou quem sabe até mesmo seis fossem suficientes. No entanto, a despeito dos resultados um tanto controversos – ninguém parece ter odiado, mas poucos se manifestam com entusiasmo a seu favor – a mesma já teve garantida sua renovação, portanto é certo que as artimanhas dos quatro filhos de Logan Roy (Brian Cox) para descobrir qual deles irá substituir o pai no comando das empresas da família deverão se estender por, no mínimo, mais um ano. E após alguns capítulos nos quais absolutamente nada aconteceu, este penúltimo parece ter dado uma esquentada nos ânimos. No entanto, é bom não festejar antes da hora: afinal, nada de concreto deve ocorrer no capítulo derradeiro, fazendo deste apenas mais um anúncio de algo pelo qual seguiremos esperando – em vão ou não, apenas o tempo dirá.

Está chegando o dia da união entre Shiv (Sarah Snook) com Tom (Matthew Macfadyen), e, com isso, a série inteira se muda de Nova York para o interior da Inglaterra, onde mora a mãe da noiva e, portanto, cenário ideal para a festa. A mudança de ambiente é interessante, mas não deixa de provocar uma sensação de déjà vuno espectador – a estrutura narrativa lembra muito a do episódio 7, Austerlitz, quando o elenco principal se reuniu na casa do primogênito. Desta vez, a grande diferença é o espectro dos envolvidos: não apenas o núcleo familiar mais fechado, mas literalmente todo o elenco se encontra para as comemorações. A maior das ausências? Justamente Logan, magoado com a filha por ela estar envolvida com o seu maior inimigo político, que decide se fazer de difícil. No entanto, como já foi visto, o maior dos seus problemas parece, mesmo, ser sua imagem pública – e não pega bem faltar às bodas da sua única menina.

A chegada de Logan não é menos do que bombástica, e o coloca, literalmente, no meio de um ninho de cobras. Se Connor (Alan Ruck) continua sendo um peso morto, e Roman (Kieran Culkin) é não mais do que um bobo destinado mais a provocar do que a incitar verdadeiras preocupações, o que esperar dos encontros do patriarca não apenas com a filha, mas também com o seu único filho realmente apto a assumir as empresas? Kendall (Jeremy Strong) está decidido a retomar o seu lugar à frente da companhia, nem que para isso tenha que trair tudo e todos. Os seus atos seguem um tanto desajeitados – basta lembrar da infeliz interação com a ex-mulher, logo após uma recaída nas drogas – e um comentário precipitado pode ter colocado tudo a perder – ou apenas apressado movimentos que, por sua vez, teriam sido melhor colocados se esperassem pelo momento certo. Assim, ele deve entrar literalmente em colisão com o resto da família, mesmo que não esteja pronto para isso – o que, infelizmente, parece ser o caso.

E quanto à Shiv, o que podemos dizer? Ela finalmente obtém as informações necessárias para o ataque, mas o que fará de posse dessas informações? O que parece de fato querer é ter o pai sob o seu comando, e não atropelá-lo sem volta. Ela é uma perspicaz lutadora, uma mulher que sobreviveu em um meio quase que estritamente masculino, e aprendeu como poucos a agir como eles, jogando as mesmas cartas, sempre prevendo um passo adiante. Agora que finalmente conhecemos sua mãe – participação especial de uma ótima Harriet Walter (Negação, 2016), imbatível em sua língua afiada – fica ainda mais claro de onde a personagem veio e como foi criada. Com o final da temporada marcado justamente para o casamento, os mais atentos já podem apostar que será Shiv a grande protagonista – tanto sob os olhares dos convidados como também nos bastidores que marcarão as reviravoltas de última hora. Isto é, ao menos até a próxima temporada.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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