Crítica


6

Leitores


2 votos 8

Sinopse

Quando a fama sobe à cabeça, alguns super-heróis passam a se corromper e usar seu status para se promoverem ainda mais, o que pode colocar em risco a própria população. Pensando nisso, uma equipe da CIA foi preparada para cuidar desse caso. Conhecidos como "os meninos", esses agentes têm a missão de vigiar o trabalho dessas personalidades, assim como controlar o surgimento de novos heróis.

Crítica

Seria natural imaginar que The Boys, ou Os Garotos, título da série criada por Eric Kripke (Supernatural, 2005-2020) a partir das histórias em quadrinhos de mesmo nome de Garth Ennis e Darick Robertson, fizesse referência aos super-heróis conhecidos como Os 7 e liderados por Homelander (ou Capitão Pátria). No entanto, os tais rapazes são aqueles que estão contra esses, ou seja, a oposição reduzida que luta diante uma situação que, no contexto do programa, ameaça ir além das fronteiras dos Estados Unidos e se espalhar por todo o mundo. Mas por que diabos um grupo de ‘heróis’ seria, enfim, uma ameaça? Pelo simples fato de que, aqui, aqueles que declaram lutar pelo bem e pela justiça, no final das contas, são os vilões, enquanto que esses, os que às escondidas armam ações de resistência, são os comprometidos com a verdade e a liberdade. Se a primeira temporada, exibida em 2019, chocou muito dos seus espectadores justamente por esse inversão de valores, o episódio de estreia da segunda temporada deixa claro que, agora, mais do que nunca, estas são duas frentes opostas, e o urgente é definir o quanto antes em qual lado se está dessa questão.

Se para Homelander (Antony Starr, de Queria Que Você Estivesse Aqui, 2012) tal decisão já foi tomada, o mesmo pode ser dito a respeito de Hughie (Jack Quaid, menos conhecido por seus créditos anteriores, como ter participado dos dois primeiros longas da saga Jogos Vorazes, e mais por ser filho dos astros Dennis Quaid e Meg Ryan), a pessoa comum que sofreu de modo irreversível um dos erros dos tais heróis – um deles, dono de supervelocidade, atropelou a noiva do rapaz durante uma perseguição a um bandido, reduzindo-a a pó (ou quase isso) devido ao forte impacto. No meio dos dois, no entanto, está Starlight (Erin Moriarty, de Capitão Fantástico, 2016), que ao mesmo tempo em que posa como braço direito do primeiro na luta contra o crime (a nas ações publicitárias tão necessárias para aumentar os lucros da companhia que os patrocina), também está determinada a tornar público o grande mistério deixado em suspense um ano atrás.

E qual seria esse? A verdade por trás do tal composto V. Ou seja, ao invés de se tratarem de seres ‘abençoados’ que nasceram com poderes especiais, o que a recém-chegada ao grupo descobriu é que ela e os demais nada mais são do que cobaias, escolhidas a dedo décadas atrás para participarem de experimentos que, hoje, resultaram nas habilidades capazes de mobilizar multidões. Mais do que Hughie se mostra comprometido em enfrentar os perigos necessários para seguir na batalha – ele se mostra mais apto a sonhar do que a realizar feitos inacreditáveis – ou do que Homelander parece estar ciente das ações que podem por fim ao seu crescente reino de medo, esse começo da segunda temporada decide apostar as fichas nessa personagem, de fato mais interessante do que seus colegas masculinos.

O início dessa nova leva de episódios de The Boys também faz uso de um recurso visto no ano anterior: a chegada de um novo membro na equipe estrelada. E se antes foi a vez de Starlight, agora é Stormfront (Aya Cash, de Perda Total, 2017) a novidade. Enquanto Homelander continua sua escalada de violência descontrolada, The Deep (Chace Crawford) segue na busca por relevância, e Billy Butcher (Karl Urban) só dá as caras no final do capítulo, apontando para uma retomada mais excitante a se desdobrar a seguir, estará nessa novata o atrativo para seguir durante os próximos sete episódios (e mais, afinal, a terceira temporada já havia sido confirmada antes mesmo da estreia do segundo ano). Sem as inovações da estreia e a mudança de perspectiva que tão bem coube ao gênero – e que garantiu o sucesso da série até agora – será justamente nas relações entre esses personagens que o programa deverá demonstrar sua força. E que vença o melhor!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)