Crítica


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Sinopse

Eleanor, Chidi, Tahani e Jason descobriram a realidade sobre suas mortes e a existência do Lugar Bom e do Lugar Ruim. Assim, cientes do que lhes irá acontecer no fim de suas vidas, eles simplesmente se deixam levar, e, com isso, acabam se tornando justamente aquilo pelo qual tanto se esforçaram: pessoas melhores!

Crítica

A situação não é das melhores para The Good Place. Após uma primeira temporada não menos do que genial, e que ainda foi hábil em oferecer um gancho e tanto ao seu término, o que garantiu um interesse renovado durante o segundo ano, esta third season começa a apresentar os primeiros sinais de cansaço do programa. E destes cinco primeiros episódios, talvez este, o quinto, seja o pior. E isso porque The Ballad of Donkey Doug deixa de lado os melhores personagens do show – Eleanor (Kristen Bell), Michael (Ted Danson), Tahani (Jameela Jamil) e Janet (D’Arcy Carden) – para centrar as suas atenções nos mais irritantes do grupo: Chidi (William Jackson Harper) e Jason (Manny Jacinto). Uma decisão como essa, infelizmente, não teria mesmo como resultado em algo minimamente divertido.

E isso se dá porque Chidi e Jason são duas figuras bastante unidimensionais: o primeiro é inseguro ao extremo, da mesma forma que o segundo é idiota até não poder mais. E são exatamente estas duas características que são exploradas neste episódio. Uma vez que tudo já foi esclarecido e os quatro “mortos-com-uma-segunda-chance” – Eleanor, Chidi, Tahani e Jason – estão a par de tudo que está acontecendo com eles, decidem se associar a Michael (o demônio que se tornou do bem) e Janet (a assistente incansável) para, juntos, formarem um “esquadrão salva-almas” (ou algo do gênero). Em resumo, precisam começar urgentemente a fazer boas ações, pois somente assim poderão melhorar suas pontuações junto à Juíza do Destino Final (por onde você anda, Maya Rudolph? Estamos sentindo sua falta) e, com isso, garantirem, enfim, uma vaga no ‘Bom Lugar’. Caso contrário, tudo o que lhes restará será a vida eterna... no ‘Lugar Ruim’!

Assim, a turma se divide. Michael e Tahani decidem acompanhar Jason em sua missão para salvar o pai, ninguém menos do que Donkey Doug (Doug Burro, em tradução literal). Ao chegarem, encontram Doug (Mitch Narito, o melhor em cena, assumindo que a idiotice é de família) e Pillboy (Eugene Cordero), seu melhor amigo, envolvidos em mais um golpe: roubar desodorantes aerossóis e bebidas energéticas para misturar os dois e criar um novo produto que combinasse as qualidades de um com as do outro. Uma ideia sem pé nem cabeça, como se percebe, mas que ao menos os mantém motivados. Aqui se fala bastante sobre laços familiares – Donkey Doug e Jason, por mais bizarro que possa parecer, funcionam como pai e filho – e há dois ou três momentos de humor envolvidos. No entanto, a tecla é apenas uma – a imbecilidade dos três – enquanto que Michael e Tahani pouco – ou quase nada, na verdade – tem a fazer além de simplesmente observá-los. A decisão final de Jason, em decidir qual dois dois irá salvar – Donkey Doug ou Pillboy – é, ao menos, acertada.

Por outro lado, Eleanor e Janet decidem ficar para ajudar Chidi a terminar seu namoro com Simone (Kirby Howell-Baptiste). A repetição também impera nesse aspecto, e de forma literal: Janet cria um ambiente de testes para que Chidi possa treinar seu discurso de separação quantas vezes achar necessário. No final das contas, quem se sai melhor é a própria Simone – se ela, de fato, saiu da série, será mais uma que deixará saudades. No final, entre bocejos e alguns tantos tropeços, uma notícia surge de última hora para movimentar um pouco as coisas. Será o suficiente para que a série volte ao prumo? Melhor aguardar para as cenas dos próximos episódios.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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