Crítica


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Sinopse

Dick Grayson, um jovem combatente do crime, e Rachel Roth, uma jovem garota especial possuída por uma estranha escuridão, acabam no meio de uma conspiração que pode trazer o Inferno para a Terra. Eles se juntam à cabeça-quente Estelar e o amável Mutano. Juntos, eles se tornam uma família e uma equipe de heróis.

Crítica

Para quem desconfiava que esta série não fosse decolar, Titans tem se mostrado uma grata surpresa a cada episódio. Se no primeiro os quatro personagens principais foram apresentados ao público sem grandes desenvolvimentos e o segundo serviu para introduzir a dupla Rapina e Columba, este terceiro não poderia ter um título mais apropriado. Origins se foca, essencialmente, no passado de Robin, na vida pregressa de Rachel (da qual nem a própria tinha conhecimento) e, ao mesmo tempo, traz Estelar de volta após a ausência no segundo capítulo. E que retorno explosivo!

Uma breve recapitulação: após Columba/Dawn Granger (Minka Kelly) ser jogada do terraço e estar praticamente morta, descobre-se que o destino da personagem foi menos fatal: ela está em coma no hospital, com a presença vigilante de um perturbado Rapina/Hank Hall (Alan Ritchson). Com isso, Dick Grayson (Brenton Thwaites) está livre para ir em busca de Rachel (Teagan Croft). Mal o herói sabe que ela foi resgatada por Kory (Anna Diop), que também estava atrás da garota justamente por desconfiar que a mesma sabe de algo sobre seu passado. As duas acabam em um antigo convento, onde a adolescente foi criada quando pequena. E mais: pode ser que Kory também tenha passado pelo mesmo local anos atrás, ainda que a personagem não se lembre de nada por estar com amnésia.

O que se pode dizer deste terceiro episódio é que é o que menos tem ação até agora. Contudo, também é o mais interessante por vários motivos. O primeiro deles é justamente o foco nas histórias pessoais de cada um dos três protagonistas. Mutano (Ryan Potter) ainda não conta muito. Sua participação aqui é um pouco maior que a do primeiro episódio, porém, ainda sem grande desenvolvimento – no máximo, o flerte com Rachel. Então, sobra mais para entendermos a rebeldia de Dick de quando ele foi adotado por Bruce Wayne após a morte dos pais trapezistas. Percebe-se ainda um medo dos criadores da série em dar rosto ao Batman e seu mordomo Alfred (talvez pelo excesso de caracterizações diferentes dos personagens nos últimos anos no audiovisual), mas também serve como uma estratégia do roteiro para mostrar a falta de confiança de Dick em qualquer um. Bruce só é visto através de sombras e silhuetas, como algo realmente sombrio que domina a personalidade do antigo Robin.

Rachel acaba sendo um elo fraco neste terceiro capítulo por conta da sua dupla personalidade estar repetitiva e, por que não, sem graça. A cara de demônio ou Samara no espelho combinada com a voz de sarcófago já era clichê para um filme de terror, mas agora está cansativa. O que pode virar um ponto extremamente negativo se não for desenvolvido com maior habilidade nos próximos capítulos. Contudo, sua parceira de tela nos 40 minutos desta semana é quem realmente clama a atenção para si. Kory é uma bomba relógio que ofusca todos, seja pela beleza e talento da atriz Anna Diop, seja por seus poderes que demonstram ter mais que controle sobre fogo e luz, mas também superforça, inteligência e sagacidade, mesmo sem ter memória nenhuma sobre o próprio passado. Uma personagem bem diferente da Koryander ingênua dos primeiros anos de Novos Titãs das HQs, mas muito bem-vinda para o clima da série.

Havia dito antes que há muitas coisas que chamam a atenção neste episódio, e elas vão além dos próprios personagens. Ou melhor, se relacionam com eles, já que finalmente o trio (quase quarteto) começa a interagir um com o outro, mostrando que há química suficiente seja para uma amizade natural (Kory e Rachel) quantos possíveis novos romances, tanto o mais adolescente (Rachel e Mutano) quanto de dois opostos maduros e erráticos (Dick e Kory). Além disso, as questões que envolvem os poderes de Rachel finalmente começam a ser respondidas (ainda que sob uma aura de mistério) quando o convento é introduzido na trama. Há um jogo de religião e crenças que casa facilmente também com aquela estranha família que atacou Rachel e Dick no episódio anterior. Só resta saber quem são eles.

A trilha sonora também se mostra um acerto ao apostar em clássicos da disco music, como Sunny, do Boney M, e Keep It Comin' Love, do KC & The Sunshine Band, especialmente para retratar a personalidade contagiante de Kory/Estelar. Não apenas uma referência à personagem, mas também à época que os Titãs surgiram com sucesso no início da década de 1980. Talvez isso não importe tanto, mas ajuda a quebrar o clima dark que vinha se construindo nos capítulos anteriores e, mais ainda, dosam a narrativa sem que perca sua seriedade ou o sentido de urgência em que as questões tem aparecido. E para quem é decenauta de carteirinha, o episódio seguinte promete fortes emoções com uma certa Patrulha do Destino...

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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