Crítica


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Sinopse

Uma adolescente rebelde é expulsa da escola em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Depois disso, ela é enviada à Austrália, onde vai tentar encontrar o seu espaço num grupo de jovens surfistas.

Crítica

A Austrália se estabeleceu na virada dos anos 2000 como berço de aventuras para jovens do mundo todo. Símbolo máximo do intercâmbio, suas praias paradisíacas são, costumeiramente, locações para aventuras da classe média. Esqueça os terrenos áridos de Mad Max (1979) e Crocodilo Dundee (1986). Para alguns, o país dos cangurus é o paraíso de Sabrina Vai à Austrália (1999) e Confusão na Austrália (2000). Turbulências de Verão é mais uma dessas incursões imunes aos problemas da vida real.

Se em Dance Academy (2010-2013) os showrunners Josh Mapleston e Joanna Werner mostraram a dança como fio de conexão entre os personagens, aqui o pano de fundo é o surfe. Na história, a jovem Summer Torres é apresentada como uma adolescente rebelde. Preocupada com as indolências da filha, sua mãe lhe envia à Austrália para passar um tempo com os padrinhos. Lá, a moça conhece o galante Ari (Kai Lewins) - futuro interesse amoroso - e faz amizade com Poppy (Lilliana Bowrey), Bodhi (Savannah La Rain) e Marlon, interpretado pelo brasileiro João Gabriel Marinho.

A primeira dissonância narrativa fica por conta dessa suposta indisciplina da protagonista, que pode ser conferida no capítulo inicial. Ela contesta a mãe. Ora, argumentar com os pais seria motivo para varrer um filho para outro continente? E para aprender o quê especificamente?. Aliás, viajar para a casa dos tios na Austrália é um conceito de punição? Em contrapartida, não há como empatizar com Summer. Ao saber das férias não programadas e indesejadas, lança todas as suas roupas pela janela do apartamento em Manhattan como contragolpe. “Sem roupas não posso fazer as malas!”, justifica. A partir daí, os conceitos elitistas da trama ficam expostos.

A juventude, como sabido, é um período da nossa existência que abriga anseios na mesma proporção das angústias. Essa mistura de sentimentos, entretanto, não se fixa quando o grupo principal da história se estabelece. O horário das melhores ondas, pequenas rixas entre equipes semelhantes e o ciclo de treinos nas academias são algumas das preocupações dos retratados. Em meio a esses temas, longas caminhadas pela paisagem fazem valer as locações. Por curiosidade geral, o brasileiro João Gabriel faz o que lhe é proposto, já que lhe foi dado ainda pouco espaço. Quando pode, chama atenção nas manobras com a prancha, serve de alívio cômico e chega a cantar “Asa Branca” tocando ukulele, personificando o clássico surfista descolado.

Turbulências de Verão nem chega a ser considerado um escapismo. No decorrer dos capítulos, parecem copiar uns aos outros. Ao todo, o programa é composto por dez episódios, que possuem fatores expressivos para o contexto geral em, no máximo, cinco. Para os apreciadores do esporte, algumas manobras podem ser reparadas. Mas nada diferente de um comercial do canal Off, por exemplo. No entanto, é louvável a tentativa de fugir de papéis clichês desse universo, como usuários de cannabis e ouvintes de reggae music, mas não o suficiente para tamanha empreitada.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]

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