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Sinopse

Os androides se rebelaram por todos os lados - e não apenas em Westworld. Enquanto isso, Dolores segue determinada a montar seu próprio exército, ao passo de Maeve está cada vez mais próxima de alcançar seus objetivos. E Charlotte, conseguirá ela acabar com a ameaça dos revoltosos e restaurar a ordem nos parques?

Crítica

Chaos Takes Control”. Ou seja, o Caos assume o controle. Essa é a frase que estampa o cartaz da segunda temporada de Westworld, e dificilmente ela poderia ser mais apropriada. Quem a acompanha desde o começo sabe que esta é uma série mais preocupada em lançar perguntar do que propor respostas. Questionamentos estão por todos os lados, e há milhares de teorias que tentam elucidar cada uma destas dúvidas, ainda que nenhuma chegue a esclarecê-las por completo. Virtù e Fortuna, o terceiro capítulo desta segunda fase, coloca mais lenha na fogueira, acrescentando elementos-chaves que servem apenas para deixar o espectador menos atento mais confuso, levando o próprio programa a um impasse: como manter o interesse e a curiosidade quando exige fé e paciência, oferecendo pouco em troca?

No filme Westworld: Onde Ninguém Tem Alma (1973), no qual a série se baseia, uma das grandes revelações no final da trama era que o parque-temático inspirado no Velho Oeste não era o único à disposição dos visitantes. Pois bem, se na televisão essa possibilidade também era real, finalmente tivemos um deslumbre concreto de um deles. Virtù e Fortuna começa num ambiente que podemos chamar de IndianWorld, ou seja, um lugar caracterizado como se fosse a Índia da época colonial, em que os brancos estão no poder, usando e abusando do país para a caça de tigres e elefantes, enquanto os indianos, em suas condições de colonizados, se ocupam apenas de desempenhar papéis subordinados. Em um capítulo anterior já havíamos nos deparado com um cadáver de um grande felino à beira de um lago. Como ele foi parar ali? Esta dúvida, ao menos, é respondida.

Mas ela é a única, e em troca dela, muitas outras perguntas são feitas. E como já fora observado antes, Dolores (Evan Rachel Wood) e Maeve (Thandie Newton) seguem suas jornadas individuais. Ao mesmo tempo, uma outra mulher surge para dividir o protagonismo feminino: Charlotte (Tessa Thompson), como uma das poucas humanas que realmente sabem o que deve ser feito para impedir o avanço dos androides rebeldes. Ela finalmente consegue encontrar a equipe de resgate liderada pelos irmãos menos famosos de Hollywood – Karl (Gustaf Skarsgard, irmão de Alexander Skarsgard) e Ashley (Luke Hemsworth, irmão de Chris Hemsworth). Mas o que a intriga é a presença entre eles de Bernard (Jeffrey Wright), aquele que somente no último capítulo da temporada anterior descobriu ser também uma criação do parque. Será que ela sabe quem ele é, de fato? E mais: qual a narrativa dele nesta história toda?

Maeve, contando apenas com a devoção de Hector (Rodrigo Santoro), o perigoso bandido que também ama, revela ter um propósito firme para manter Lee (Simon Quarterman) vivo, nem que para isso tenha que enfrentar índios determinados a eliminar qualquer um que não seja como eles – a divisão entre seres humanos e artificiais está mais profunda do que nunca. Mas é em Dolores que o diretor Richard J. Lewis (o mesmo de Journey Into Night – Westworld T02E01) demonstra estar, ao menos dessa vez, mais interessado. Ela quer vingança, e está disposta a construir uma guerra para isso. E se neste processo tiver que trair até mesmo aqueles que estão ao seu lado desde o princípio – qual o papel de Teddy (James Marsden) no plano dela? – assim ela fará.

Virtù e Fortuna é uma expressão do latim que significa virtude e sorte. Quem a primeiro aplicou foi Maquiavel, justamente para defender a sua principal teoria: “o fim justifica os meios”. E é isto que encontramos neste terceiro episódio da segunda temporada de Westworld. Sacrifícios são feitos por todos os lados – Maeve está mais perto de descobrir o que lhe move? Dolores conseguirá se livrar dos laços que lhe foram impostos sem sua ciência? E Charlotte está ou não no domínio daqueles ao seu redor? – basta apenas esperar para verificar se eles serão ou não recompensados. Como já foi dito, e dessa vez ficou novamente claro, as pontas soltas estão por todos os lados. Resta torcer para que elas se encontrem em algum momento, ao menos antes que se perca o principal de uma proposta como essa: a audiência.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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