Crítica


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Sinopse

Maeve saiu do Westworld, mas agora ela se encontra no... War World? Com a chegada de Serac, qual será o papel dela na guerra que está se formando?

Crítica

Afinal, o que é real, e o que não passa de mera ilusão? Essa é a grande questão em debate na terceira temporada de Westworld. Afinal, após dois anos com a maior parte dos acontecimentos confinados dentro dos parques de diversões, as entidades robóticas adquiriram consciência e agora estão à solta pelo mundo. Mas que lugar é esse que encontraram? E o que pretendem fazer com tudo aquilo com o qual estão se deparando a partir de agora? Outra pergunta interessante a ser levantada é o protagonismo dessa história. Se no começo havia uma diversidade interessante de nomes de destaque no elenco em posições relevantes – alguém se lembra da participação de Anthony Hopkins, por exemplo? – dois deles, gradualmente, foram concentrando a maior parte das atenções: Evan Rachel Wood e Thandie Newton. E se no episódio de estreia desse terceiro ano, Parce Domine, a primeira dominou as atenções, em The Winter Line, o que veio imediatamente após, é na segunda em que a trama direciona os seus olhares. E o resultado é ainda mais impressionante.

Tanto isso é verdade que figuras fundamentais, como Ed Harris ou Aaron Paul – que foi anunciado como a maior novidade desta terceira temporada – nem chegam a aparecer em The Winter Line, ainda que anunciados nos créditos de abertura. Por outro lado, Evan Rachel Wood e Tessa Thompson, outras peças-chaves, são vistas apenas em flashbacks, necessários enquanto explicações para o atual estado das coisas. A predileção ao redor da Maeve de Thandie Newton fica ainda mais evidente com o retorno de outros personagens que eram fundamentais em sua narrativa, como o brasileiro Rodrigo Santoro – creditado como participação especial e, por isso, é provável que não retorne nesse ano – e Simon Quarterman, que no papel do técnico Lee Sizemore era responsável por criar as histórias de cada um daqueles cenários. Como Westworld, ambientado no velho oeste, ou o que é apresentado agora, War World, que se passa nos bastidores da Segunda Guerra Mundial.

Maeve, portanto, num primeiro momento pensa ter escapado, para somente depois se dar conta de continuar presa. As mudanças terão que ser ainda mais radicais. Ela se vê tendo que desafiar a própria ordem das coisas para partir em busca de algo maior. Seu amante ficará para trás, assim como até aquele que num primeiro momento lhe estendeu o braço como forma de ajuda. Afinal, cada um está ali apenas para cumprir um papel dentro de um contexto maior. Somente a informação é capaz de mudar a vida das pessoas – sejam elas robôs ou não. Ao mesmo tempo, enquanto ela segue em sua jornada, Bernard (Jeffrey Wright) também parte rumo a uma esperada iluminação. Ele também não está disposto a deixar para trás tudo o que agora conhece. A ignorância não mais lhes pertente, e desse modo, cada um à sua maneira, estará pronto para o que for preciso. Afinal, tudo o que querem é algo bastante simples: mudar o mundo.

É justamente por isso que, quando parece estar quase lá, Maeve se vê obrigada a voltar mais algumas casas nesse tabuleiro. É quando entra em cena mais um tipo misterioso, alguém que já havia sido citado no episódio anterior, e que tem tudo para ser tornar cada vez mais importante daqui para frente: Engerraund Serac (o francês Vincent Cassel, em participação decisiva). Ele é o grão-mestre, o chefe absoluto, aquele que tudo pode e sabe. Isto é, desde que esteja dentro de um ambiente controlado. Porém, quando as coisas fogem do seu conhecimento, não seria o melhor caminho combater o fogo... com mais fogo? A estratégia é arriscada, mas pode funcionar. E, assim, Westworld segue a passos largos consolidando esta como uma temporada superior à última, deixando de lado tantos becos sem saída e partindo, enfim, para a ação e suas consequências.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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