Recentemente exibido pela primeira vez, no Festival de Gramado 2021, Homem Onça (2021) é um filme que aborda as profundezas de um sujeito dilacerado pela mudança drástica de comportamento do mercado nos anos 1990. O Brasil vivia uma estúpida onda de privatizações, inclusive de empresas superavitárias que faziam parte de setores estratégicos, tais como a Vale do Rio Doce. No longa-metragem dirigido por Vinicius Reis, Chico Diaz interpreta um executivo da área ambiental de uma empresa estatal de gás natural que igualmente está em processo de ser repassada à iniciativa privada. Ele é rapidamente entendido como obsoleto por um mundo agressivo de jargões e estrangeirismos que mais parecem balela corporativa para homogeneizar um ambiente competitivo. Chico vive esse homem em dois momentos apresentados alternadamente: um, o desmoronamento acelerado de sua vida; outro, o futuro em que nem mesmo o retiro para um refúgio afastado da metrópole é capaz de apaziguá-lo. Conversamos remotamente com Chico Diaz para saber como foi a construção desse personagem que parece datado, mas que tem tudo a ver com movimentos que ainda se fazem presentes em nossa sociedade. De quebra, ele falou um pouco sobre as homenagens que o VI Cine Jardim: Festival Latino-Americano de Cinema de Belo Jardim está fazendo aos 25 anos de Corisco e Dadá (1996), um de seus grandes trabalhos. Confira com exclusividade.
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