Neil Patrick Harris lançou sua carreira com a série de TV Tal Pai, Tal Filho (1989), antes de estrelar filmes tão diversos quanto Tropas Estelares (1997), Com a Cor e a Coragem (2002) e os filmes da série Madrugada Muito Louca (2004-2008-2011). E 2013 tem sido um ano atribulado para o ator. Além de estar estrelando o último ano do seriado televisivo How I Met Your Mother (2005), após oito temporadas, ele foi um dos protagonistas do sucesso infantil Os Smurfs 2 (2013) e agora volta às telas como um dos dubladores da versão original da animação Tá Chovendo Hambúrguer 2 (2013).
Harris volta a gargalhar neste novo filme quando Steve (o personagem que interpreta, o macaco melhor amigo do protagonista) assume a dianteira outra vez ao lado de seu mestre, Flint, criador do Speak & Spell, um “tradutor de pensamento de macaco”, através do qual Steve se comunica (embora a sua fala esteja limitada a uma única palavra, e não palavras aleatórias). “Steve é agora exatamente o mesmo do primeiro Tá Chovendo Hambúrguer”, diz, sorrindo, o codiretor Cody Cameron. “Flint espera mais de Steve do que ele de fato é. Steve é, basicamente, o mesmo ao longo de toda a saga!”
O fato de Steve se manter o mesmo só servirá para solidificar ainda mais a sua posição como um dos favoritos dos fãs. Segundo o produtor de Tá Chovendo Hambúrguer 2, Kirk Bodyfelt, o registro do desempenho vocal de um protagonista do filme requer, em geral, de três a quatro sessões, de 5 a 6 horas cada. “Mas com o Neil, nós gravamos o filme inteiro numa única sessão, de uma hora”, ri Bodyfelt. “Depois, criamos mais cinco falas para o Steve, o Neil veio para uma segunda sessão – gravou em 10 minutos e tinha terminado”. “Steve é um grande contraponto para os animadores”, continua o produtor. “Você tem uma cena com muito diálogo e o Steve está no fundo, fazendo uma coisa ridícula ou comendo alguma coisa que não deveria estar comendo. Ele é ótimo”. Harris, obviamente, tem um grande prazer em dublar o personagem. “Eu espero que o público ache a sequência realmente genial, assim como o primeiro”, afirma ele. “Eu adorei fazer o filme”. Confira agora como foi esse bate papo com o ator, que o Papo de Cinema publica com exclusividade no Brasil!
Steve, o macaco, foi fantástico em Tá Chovendo Hambúrguer (2009). Então, voltar na sequência deve ter sido uma decisão fácil?
Sem dúvida. Eu achei o longa original um dos mais engraçados daquele ano. Sou muito fã dos geniais Phil Lloyd e Chris Miller, os diretores e roteiristas do primeiro episódio, e adoro os roteiristas e diretores atuais (Cody Cameron e Kris Pearn), que trabalharam com o Chris e o Phil e que têm um mesmo senso de humor. Cara, as coisas que eles têm neste filme me fizeram gargalhar muito. Desde o primeiro email que recebi, perguntando se queria interpretar um macaco chamado Steve que só grita palavras que saem da caixa de som de um gravador de voz pendurado no seu pescoço, já estava rindo.
Você se sentiu lisonjeado quando foi convidado a interpretar um macaco extravagante?
Sinceramente, eles poderiam ter usado o assistente de montagem ou escolher qualquer um no mercado que já tivesse feito isso antes, porque depois que processam a minha voz pela máquina, ela mal soa a mesma. Mas isso me faz rir e tenho a oportunidade de ir ao estúdio de gravação e, durante literalmente 45 minutos, disparo a pronunciar 30 palavras diferentes nas mais diversas inflexões e depois vou para casa! Essa é a minha colaboração. É ótimo!
Steve é um personagem muito divertido…
Muito. As coisas que ele inventa são muito engraçadas. Steve é um personagem realmente divertido, e vai ter uma cena hilária e aí, de repente, tem um close-up do Steve, dizendo uma palavra: ‘Lamber!’ E aí de repente, tudo volta à loucura e ao caos de novo. Também espero que a sequência seja fantástica. Eu adorei o trabalho.
Você tem alguma influência sobre as palavras do Steve ou elas são pré-definidas para você?
A gente ri o tempo todo, porque se a palavra for, por exemplo, “Lamber”, eles dizem: “Vai”. Mas não conheço o contexto. Então digo bem alto: “LAMBER”. E eles dizem: “Ótimo, uma boa lambida, você realmente está gostando de lamber”. Então, digo: “Lambeeer”. Aí, dizem: “É, você é meio malandro e fala rapidinho”. E eu, então, digo num tom mais fraco e repito quatro vezes bem rápido. Eu digo: “Lamberlamberlamberlamber”. É como estar de volta à aula de interpretação com inflexões! Nós, basicamente, rimos muito durante as gravações, e não sei o que usaram no filme final!
Há muita diferença entre fazer uma comédia no cinema ou na televisão?
Tem uma enorme diferença. Na TV, para mim, a comédia é muito mais escrachada e muito mais marcada. Estou fazendo uma série de TV (How I Met Your Mother, 2005) em que sou o macho alfa, o cara exagerado numa produção que deveria ser filmada diante de uma plateia ao vivo mas que não é, porque nós temos muitas cenas diferentes. Você pode aumentar o tom e esperar por gargalhadas que não vêm. Você precisa decidir qual vai ser a inflexão da fala, quando fará a pausa para a reação, embora não haja riso algum – eles acrescentam as gargalhadas depois. Isso é um grande desempenho. Por outro lado, projetos como Os Smurfs (2011) não requerem desempenhos grandiosos. Você tem seu close-up projetado numa tela 3D gigantesca, então consegue uma gargalhada fazendo coisas bem menores, basta levantar a sobrancelha.
Você voltou em Os Smurfs 2 (2013). Foi mais fácil interagir com os Smurfs de computação gráfica desta vez?
Foi mais fácil no segundo filme. Eu me senti meio estranho da primeira vez, porque mesmo que você confie que todo mundo vai ser capaz de criar aquelas criaturinhas, ninguém tinha ideia de como eles ficariam exatamente. A gente via ilustrações, mas não tinha certeza de como iriam se movimentar, mas como já tínhamos feito o primeiro filme, sem dúvida, ficou mais fácil interagirmos com eles. Acho que o meu desempenho ficou bem melhor desta vez.
Seus filhos têm qualquer ligação com Os Smurfs?
Eles acabaram de assistir ao filme original pela primeira vez e acharam engraçadinho. Quando estávamos promovendo o longa anterior, ganhei bonecos de plástico dos Smurfs, que ficaram na prateleira deles. Então, sabiam o que era um Smurf e tinham visto desenhos, mas nunca assistido ao filme. E agora assistiram ao filme inteiro totalmente entretidos.
Dirigir teatro é uma coisa que vem naturalmente para você?
Muito. Quero dirigir mais teatro na minha vida e creio que, para fazer bem isso, você precisa ter experiência e sabedoria. É diferente de se dirigir um filme, em que você pode ser um jovem cineasta descolado com uma visão forte para uma história. No teatro, é quase com se você fosse o mestre do picadeiro de um circo. Você tem todas essas pessoas fazendo coisas diferentes e não pode falar com todas elas da mesma maneira. Tive a oportunidade de fazer Rent no Hollywood Bowl, numa versão curta e editada, mas que foi bem divertida. E também dirigi alguns mágicos em espetáculos solo, e vou levar um espetáculo a Nova York. Então, tem sido um ótimo processo. É, provavelmente, o processo mais puro, criativamente, porque quando você está rodando um filme tem um gerente de platô olhando por cima do seu ombro e tudo custa dinheiro! No teatro, você tem algumas semanas num espaço de ensaios e é muito orgânico, muito real, e você pode testar várias coisas.
Mas você gostaria de vir a dirigir filmes algum dia?
Eu gostaria de fazer tudo. É divertido atuar em filmes, especialmente grandes sucessos como a franquia Os Smurfs. Mas espero poder atuar no teatro também e dirigir em ambos os meios, contanto que tenha um dia com mais de 24 horas! Não sei quando vou ter tempo para fazer todas essas coisas, mas esse é o meu plano.
Qual é sua maior lembrança dos seus oito anos na série de TV How I Met Your Mother?
É o trabalho mais longo que já fiz, uma série de mais de 200 episódios, mas acho que ela conseguiu manter a sua integridade e um pouco do seu mistério. Todos tivemos grandes aventuras na série. É realmente difícil escolher um único momento. Nós fizemos um número musical no 100o episódio, em que Barney (meu personagem) cantava sobre o seu amor por ternos. O episódio é intitulado Girls vs Suits, e os ternos venceram. Nós fizemos um número de música e dança como um tributo de Busby Berkeley aos ternos. Foi um grande momento e toda aquela temporada da série vai ser lembrada como um dos melhores empregos que já tive e, para mim, o melhor personagem que já interpretei. É radical a ponto de ser ridículo, mas cool a ponto de sentirmos que tem integridade. Você tem a oportunidade de usar ternos elegantes, pegar um monte de garotas e ser “o cara”, e dizer tiradas divertidas. Tive muita sorte. Há uma ótima estrutura na última temporada da série.
É o momento certo para encerrar a série?
Eu acho que é. Ninguém queria que a série continuasse por um tempo exageradamente longo até não ser mais querida. Acho que todos queríamos uma temporada final para encerrar tudo de uma maneira poética. Queríamos dar à série a devida atenção.
(Entrevista cedida com exclusividade ao Papo de Cinema pela Sony Pictures do Brasil)
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