O penúltimo dia do Festival de Cinema de Gramado, último com exibição de curtas e longas nas mostras competitivas, teve início na sede do Recreio Gramadense pela manhã, com as coletivas dos filmes apresentados na noite anterior. Juliana Rojas, diretora de Sinfonia da Necrópole, comentou a gênese do projeto, seu processo de construção e a composição das músicas em parceria com o também cineasta Marco Dutra. Posteriormente, aconteceu o bate-papo com a equipe de Infância, mais novo filme de Domingos Oliveira. Em virtude da sentida ausência da atriz Priscilla Rozenbaum, a produtora Renata Paschoal centralizou as atenções da mesa que, no mais, contou com o elenco infantil. Para encerrar a programação de debates, público e imprensa conversam com as equipes dos curtas-metragens O que Fica e Max Uber.
Logo após, o mesmo espaço abrigou o encontro: Políticas Internacionais – Conceitos, Curadores e Políticas Internas. Na ocasião estiveram presentes representantes das agências nacionais de cinema do Brasil (Ancine), da Argentina (INCAA) e da Colômbia (Instituto del Cine de Colômbia).
Mais à tarde, dentro da Mostra Gaúcha, houve a primeira exibição pública de Balões, Lembranças e Pedaços de Nossas Vidas, longa-metragem de Frederico Pinto. Feito de reminiscências registradas em vídeos e fotos, sobretudo em aniversários, o filme tem um viés memorialístico evidenciado nos rituais de celebração da vida, mas se ressente de maior unidade, fazendo, assim, mais sentido em blocos, ainda que evidentemente coeso temática e esteticamente. Ao mesmo tempo, na sede da imprensa, houve a coletiva com o homenageado da noite, Walter Carvalho, ele que falou sobre a honra de receber uma distinção em Gramado, relembrando também seus trabalhos de destaque tanto como diretor de fotografia quanto como cineasta.
Na sequência da programação, a última noite de exibições no Palácio dos Festivais começou com o curta-metragem Carta à uma Jovem Cineasta, de Luiz Rosemberg Filho, cuja linguagem verborrágica aliada às imagens provocativas busca uma identidade libertária. A utopia não é representada com inventividade, o que torna a realização apenas bem-intencionada. Logo depois foi a vez do longa argentino Alguns Días Sin Musica, de Matías Rojo, que levou à tela principal do evento a bonita relação de amizade entre três garotos e suas respectivas dinâmicas com os pais, numa clara alusão a Conta Comigo (1986), de Rob Reiner.
Após breve intervalo, Walter Carvalho subiu ao palco para receber o Troféu Eduardo Abelin. O artista mostrou-se emocionado, sobretudo por receber a distinção das mãos de seu irmão, o também cineasta Wladmir Carvalho, por quem externou admiração e a quem creditou seu enamoramento incondicional pelo cinema. Na sequência, foi exibido o curta Carranca, de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira, ficção desenvolvida na beira do rio, em meio às carrancas entalhadas na madeira, noutro bom exercício de cinema calcado no aspecto visual. Como filme de encerramento, o último competidor entre os filmes brasileiros: Esse Viver Ninguém me Tira, surpreendente estreia do ator Caco Ciocler na direção cinematográfica. O documentário resgata com bastante intimismo, sem as chamadas “muletas narrativas” comuns ao gênero, a figura de Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, esposa do autor de Grande Sertões Veredas, que atuando diplomaticamente na Alemanha nazista salvou diversas famílias judias.
Últimos artigos deMarcelo Müller (Ver Tudo)
- Agenda Brasil 2024 :: Até que a Música Pare e A Queda do Céu vencem a 11ª edição do festival italiano - 21 de novembro de 2024
- Mega Cena - 21 de novembro de 2024
- Cobertura :: 11ª Mostra de Cinema de Gostoso (2024) - 21 de novembro de 2024
Deixe um comentário