Com a divulgação dos finalistas aos principais prêmios de atuação da temporada, fica mais fácil tentar prever quais intérpretes masculinos chegarão até à linha dourada do Oscar 2015! Dessa relação temos o Globo de Ouro (que divide seus atores em duas categorias, Drama e Comédia ou Musical), Independent Spirit (que elege apenas os melhores independentes, ou seja, filmes não realizados pelos grandes estúdios de Hollywood), Critics Choice (que aponta os favoritos da crítica) e o mais importante de todos, o Screen Actors Guild (aquele em que atores votam em atores, pois se trata da premiação do sindicato da categoria).
Dentre todas estas listas, há algumas unanimidades. O mais curioso é que entre os quatro favoritos temos três novatos nunca antes indicados – porém um deles é um veterano com muitos quilômetros de estrada. Estamos falando de Michael Keaton, que abusa da metalinguagem em seu personagem em Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância) – e que tem tudo para ser o filme campeão de indicações deste ano. Keaton, um ator com mais de setenta títulos no currículo (um dos últimos foi o remake de RoboCop, 2014, dirigido pelo brasileiro José Padilha e que conversou com o Papo de Cinema aqui no Rio de Janeiro), está concorrendo a todos os prêmios importantes do ano – e como favorito, principalmente no Globo de Ouro, em que foi colocado na disputa de Comédia ou Musical, geralmente a mais previsível – além de já ter ganho junto aos críticos de Chicago, Dallas-Fort Worth, Detroit, Kansas, Las Vegas, Phoenix, San Diego, São Francisco, Washington, no National Board of Review e na Sociedade Nacional dos Críticos. O Oscar, pelo que parece, já está em suas mãos!
Logo atrás temos os jovens Jake Gyllenhaal (O Abutre), Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) e Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação), todos concorrendo também aos principais prêmios do ano. O primeiro conquistou o prêmio dos críticos de St. Louis, San Diego e Austin – Jake é o único já indicado uma vez, mas como Melhor Ator Coadjuvante, por O Segredo de Brokeback Mountain (2005). Já os outros dois são finalistas em outros diversos prêmios da crítica, mas sem contar com nenhum troféu até o momento.
Para fechar os cinco indicados, temos outras três opções: David Oyelowo, no papel de Martin Luther King no drama Selma, indicado ao Globo, Critics Choice e Spirit (mas não ao SAG), Steve Carell, que como o soturno milionário de Foxcatcher está concorrendo ao Globo e ao SAG (mas não ao Critics Choice e nem ao Spirit), e Ralph Fiennes – o único já indicado nesta categoria, por O Paciente Inglês (1996), além de ter disputado também como Coadjuvante por A Lista de Schindler (1993) – está sendo lembrado como o concierge apaixonado de O Grande Hotel Budapeste, trabalho que lhe valeu indicações ao Globo e ao Critics Choice (mas não ao SAG – concorre apenas como Elenco – e nem ao Spirit). Outros grandes nomes deste ano, como Timothy Spall (premiado no Festival de Cannes, no European Film Awards e nos críticos de Nova York por Sr. Turner), Oscar Isaac (melhor ator do ano no National Board of Review por O Ano Mais Violento), Bill Murray (indicado ao Globo de Ouro por Um Santo Vizinho), Bradley Cooper (indicado ao Critics Choice e aos críticos de Phoenix por Sniper Americano) e Joaquin Phoenix (indicado ao Globo de Ouro por Vício Inerente) correm por fora, sem muitas chances.
Para encerrarmos, destacamos a tristeza de lembrar grandes performances masculinas do ano que estão sendo solenemente ignoradas. O que dizer de Ellar Coltrane, o garoto que envelhece 12 anos em frente às câmeras de Boyhood – o único real e verdadeiro trabalho de atuação de todo o elenco? Ou o que Miles Teller consegue diante dos desafios que enfrenta em Whiplash? Como ignorar a delicadeza de John Lithgow no sensível O Amor é Estranho? Ou a entrega assustadora de Matthew McConaughey em Interestelar – em um trabalho ainda superior ao que lhe valeu a estatueta dourada em Clube de Compras Dallas (2013), no ano passado? A competição está acirrada demais, e infelizmente são apenas cinco vagas. Mas resta a dica ao espectador que fique atento a estes desempenhos e faça sua própria avaliação!
CERTEZA ABSOLUTA:
QUASE CERTEZAS:
UMA VAGAS, TRÊS OPÇÕES:
AZARÕES:
MERECIAM, MAS NÃO VÃO ENTRAR:
As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.