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Oscar 2015 :: Melhor Filme Estrangeiro

Publicado por
Marcelo Müller

INDICADOS

 

Neste ano, 83 países submeteram produções para a disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Um recorde. Depois das campanhas de marketing (entre as agressivas e acanhadas) empreendidas pelos postulantes, o que inclui exibições prévias nos Estados Unidos e uma pitada de lobby aqui outra acolá, foram anunciados os cinco concorrentes que ainda estão no páreo pela estatueta mais cobiçada da temporada. Da Polônia temos Ida (2013), que estreou há pouco no Brasil angariando muitos elogios. Igualmente festejado é o russo Leviatã (2014), premiado no último Festival de Cannes como Melhor Roteiro. Nossos hermanos argentinos emplacaram mais uma indicação, desta vez com Relatos Selvagens (2014), filme produzido pelos irmãos Augustin e Pedro Almodóvar. Pelas beiradas, surgem Timbuktu (2014), da Mauritânia, e o estoniano Tangerines (2013), que, embora menos badalados, não devem ser descartados como prováveis vencedores.

 

FAVORITO: Em virtude do sucesso internacional, do reconhecimento em Cannes e da recente vitória no Globo de Ouro, Leviatã é o virtual favorito. A trama protagonizada por um pai de família que luta contra os desmandos do prefeito local espelha a situação social russa. O homem comum contra poderes maiores não é necessariamente um mote novo. Pelo jeito (sim, porque ainda não vi o filme), o que faz de Leviatã destacável e importante é a maneira como ele envolve searas política e humana, pública e privada, extraindo das aproximações e dos eventuais conflitos a força para ir do micro ao macro sem soar didático ou panfletário.

 

TORCIDA: Minha torcida vai para Ida, de Pawel Pawlikowski, filme de ritmo bastante singular que mostra uma Polônia repleta de fantasmas em meio à busca de Anna (Agata Trzebuchowska), noviça prestes a fazer votos de castidade, pobreza e obediência, enviada pela Madre Superiora (Halina Skoczynska) à cidade a fim de conhecer sua única parenta ainda viva. Além de tudo, a fotografia do filme (indicada ao Oscar) é um grande atrativo, pois mostra a força visual que o cinema ainda pode ter.

 

AZARÃO: O argentino Relatos Selvagens pode muito bem ser considerado um azarão, embora tenha feito relativo sucesso internacional e conte com a assinatura na produção de um nome forte como o de Pedro Almodóvar. Feito de histórias curtas que mostram personagens chegando às últimas consequências, o filme de Damián Szifron corre realmente por fora, quem sabe contando com a dúvida entre Ida e Leviatã para vencer inesperadamente. De qualquer maneira, é bom não duvidar. O prêmio ficaria em boas mãos.

 

ESQUECIDOS: Ao menos dois grandes filmes foram preteridos pelo Oscar este ano. O primeiro deles é Mommy (2014), do canadense Xavier Dolan, vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, que conta a difícil relação entre mãe e filho com cenas visualmente ricas e embaladas por um repertório musical pop. Outro injustiçado foi Dois Dias, Uma Noite (2014), dos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, estrelado por Marion Cotillard (indicada ao Oscar de Melhor Atriz por este papel), cujo mote – mulher precisa convencer os colegas de trabalho a abdicarem de um bônus em prol da manutenção de seu emprego – evidencia não apenas um drama privado, mas a difícil situação socioeconômica que assola a Europa. Dois excelentes filmes que ficaram de fora da jogada, para prejuízo do próprio Oscar.

Confira todos os indicados e as chances de cada um no nosso Especial Oscar 2015

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.