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Bolão Oscar 2016 :: Melhor Atriz Coadjuvante

Publicado por
Robledo Milani

INDICADAS

 

De todas as categorias de atuação de 2016, a única que aponta ainda alguma incerteza é a de Atriz Coadjuvante. Se ninguém duvida que tanto Leonardo DiCaprio (Melhor Ator por O Regresso) e Sylvester Stallone (Melhor Ator Coadjuvante por Creed: Nascido para Lutar) deverão, enfim, colocar suas mãos na tão cobiçada estatueta dourada, essa última temporada foi também relativamente fraca para atrizes protagonistas, o que abriu espaço para um favoritismo inesperado para Brie Larson (Melhor Atriz por O Quarto de Jack), que deverá confirmar sua vitória, ainda que sem muito merecimento. Desta forma, resta apenas uma dúvida: qual das cinco concorrentes a Melhor Atriz Coadjuvante deve conquistar a preferência dos mais de seis mil votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood?

Se antes disse que o ano não foi dos melhores para as mulheres, muito disso se deve a uma tática fraudulenta e questionável dos grandes estúdios de evitarem maiores confrontos e, por isso, provocarem distorções na opinião pública com suas campanhas de marketing manipuladoras. Rooney Mara, que concorre como Coadjuvante, possui de fato 6 minutos em cena a mais do que sua colega Cate Blanchett, que foi indicada como Atriz. Alicia Vikander, indicada como Coadjuvante, também tem mais tempo em cena do que o seu parceiro Eddie Redmayne – ele, no entanto, foi indicado na categoria principal. Já entre as demais, tanto Jennifer Jason Leigh quanto Kate Winslet ou Rachel McAdams são as ÚNICAS mulheres dos seus elencos. Ou seja, algumas – como McAdams ou Winslet, mas definitivamente não Leigh – até podem assumir em alguns momentos de suas tramas posições coadjuvantes, mas definitivamente são as atrizes principais de seus filmes. Sendo assim, como explicar tamanho absurdo?

Simples: mentira hollywoodiana. Qualquer uma das cinco aqui indicadas poderiam tranquilamente estar concorrendo como Melhor Atriz – e não como Atriz Coadjuvante. Para tanto, basta lembrar de anos recentes, como as indicações de Felicity Jones por A Teoria de Tudo (2014), Meryl Streep por Álbum de Família (2013), Jennifer Lawrence por O Lado Bom da Vida (2012), Viola Davis por Histórias Cruzadas (2011), Helen Mirren por A Última Estação (2009), Kate Winslet por O Leitor (2008), Meryl Streep (de novo!) por O Diabo Veste Prada (2007), Reese Witherspoon por Johnny & June (2006) ou Samantha Morton por Terra de Sonhos (2005) – todas essas interpretam personagens coadjuvantes em seus filmes, porém foram indicadas (e algumas até ganharam) como protagonistas. E se antes foi assim, por que fazer diferente desta vez?

 

GANHA: Alicia Vikander, por A Garota Dinamarquesa
Ela é a garota da vez, estava fantástica também em Ex-Machina: Instinto Artificial (atuação que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro) e tem o perfil da Academia, que adora reconhecer novatas talentosas, porém sem força suficiente para figurarem na categoria principal. Se seu filme fala sobre um homem que resolve fazer uma operação de mudança de sexo, muitos chegam a afirmar que a verdadeira ‘garota dinamarquesa’ do título seria sua esposa (Vikander), que é a dona do ponto de vista pelo qual o público acompanha a história. Tanto no Globo de Ouro quanto no Bafta ela foi indicada como Atriz Principal, mas como Coadjuvante ganhou o Screen Actors Guild Award (prêmio do Sindicato dos Atores) e o Critics Choice, além de ter sido reconhecida pelos críticos de Detroit e de Phoenix.

 

TORCIDA: Jennifer Jason Leigh, por Os Oito Odiados
Ao contrário do que aconteceu com Bastardos Inglórios (2009) e Django Livre (2012), ambos indicados a Melhor Filme e premiados em mais de uma categoria, o mais recente trabalho de Quentin Tarantino não contou com tanto amor assim por parte dos votantes da Academia. Mas se Samuel L. Jackson está mais uma vez hipnotizante e Kurt Russell, Walton Goggins, Tim Roth e Bruce Dern possuem momentos brilhantes em cena, ninguém seria louco de negar que a verdadeira estrela do elenco é Jennifer Jason Leigh. Ela é o real motivo de todos os personagens se reunirem, é a razão de tudo acontecer e é quem guarda a melhor revelação de toda a trama. Além de ser perceptível seu prazer ao desfrutar de uma personagem de múltiplas camadas de leitura e sempre pronta a surpreender. Leigh já havia chegado perto de ser indicada em anos anteriores, mas somente agora esse reconhecimento foi concretizado. Para ser perfeito, falta apenas uma vitória! Feito esse que já conquistou no National Board of Review e junto aos críticos de North Texas e San Diego.

 

AZARÃO (?): Kate Winslet, por Steve Jobs
O maior problema de Winslet é seu filme, que apesar de excelente – certamente merecia estar concorrendo em mais categorias, inclusive na de Melhor Longa do ano – não foi tão bem recebido pelos votantes, que lhe deram apenas duas indicações: aqui e como Melhor Ator (para Michael Fassbender). A vitória no Globo de Ouro, no entanto, de uma hora para outra a colocou como improvável favorita, e mesmo tendo visto sua preferência ser aos poucos ofuscada pela crescente popularidade de Vikander, ninguém pode duvidar da estrela, que já conta com um Oscar no currículo e outras cinco indicações.

 

ESQUECIDAS: Kristen Stewart, por Acima das Nuvens, Helen Mirren, por Trumbo: Lista Negra, e Jane Fonda, por Juventude
Kristen Stewart é, surpreendentemente, a Atriz Coadjuvante mais premiada do ano – ela não só ganhou o César (o Oscar da França) como também o prêmio da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA, além de reconhecimentos dos críticos de Boston, Florida e Nova Iorque. Mas estamos falando de um filme francês e da menina da saga Crepúsculo, certo? E se fôssemos reconhecer alguém deste longa, por que não Juliette Binoche, em uma das melhores atuações de toda a sua carreira?

 

Mirren, por outro lado, foi indicada ao SAG, ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, enquanto que Fonda concorreu ao Globo de Ouro e ao Satellite, e ainda que nenhuma das duas tenham ganho nada, são duas veteranas premiadas em ocasiões anteriores e em aparições que não só reafirmam seus talentos superlativos como também mostram para tantas novatas do que é feito uma atriz de verdade – não apenas de esforço, mas, acima de tudo, de carisma!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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