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Bottom 10 :: Os Piores Filmes de 2014

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Tem coisa pior que filme ruim? Você vai ao cinema, quer relaxar, se divertir, talvez pensar, questionar, se emocionar… e não consegue nada disso porque a produção à sua frente peca em qualquer aspecto? Pois péssimos exemplos da cinematografia internacional não faltam. E após fazemos o nosso Top 10 de Melhores de 2014, a equipe do Papo de Cinema resolveu se inspirar nas Framboesas de Ouro e eleger os piores longas do ano que passou. Tem de tudo, das comédias escrachadas brasileiras, filmes de ação toscos de Hollywood, sentimentalismo em excesso, continuações perturbadoras e até um premiado no Festival de Berlim. Tudo realizado através de uma votação entre dez colaboradores do nosso portal, que não apenas elegeram seus piores do último ano como também resolvemos “homenagear” dois astros (um brasileiro e outro internacional) graças ao “conjunto da obra” em 2014. Sem mais delongas, confira o nosso Bottom 10 de 2014!

 

10Vic+Flo Viram um Urso (Vic + Flo Ont Vu Un Ours, 2013)
Não há nada de errado com filmes estranhos, aliás, pelo contrário. É muito bom acompanhar narrativas que conseguem chacoalhar um pouco a chamada normalidade. Contudo, é bom frisar, o estranho pode até ser facilmente alcançável, mas requer talento para produzir bons efeitos. Tudo isso para dizer que o canadense Vic+Flo Viram um Urso é um filme estranho, só que de maneira contraproducente. A trama é simples. Vic (Pierrette Robitaille) se instala numa cabana no meio da mata depois de solta da cadeia, precisando apenas prestar contas semanais ao seu agente de condicional para manter a liberdade. Flo (Valerie Donzelli), sua colega de cela e namorada, logo vai encontrá-la. Inesperadamente, após um idílio meio infantil das duas, o filme abraça o suspense, com direito a personagens caricaturais, armadilhas de urso e uma utilização desajeitada do tal potencial de estranhamento. O que poderia soar como alegoria, acaba batendo na tela apenas como tentativa frustrada. Tudo vai descarrilando, sequência tosca após sequência tosca, até o fim digno das novelas espíritas reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo. – por Marcelo Müller

 

9Muita Calma Nessa Hora 2 (2014)
O diretor Felipe Joffilly, o mesmo da pérola E Aí… Comeu? (2012), teria mais mérito em constar nesta lista pelo recente Os Caras de Pau em o Misterioso Roubo do Anel (2014), longa que realmente é ruim de doer. Mas como esse estreou na última semana do ano e nessa época os críticos aqui do Papo de Cinema já estão cansados de tanta ruindade, sobrou para esse outro título assinado por ele e lançado no comecinho do ano, mas que se manteve com força em nossas tristes memórias durante os doze meses seguintes. Essa continuação do bobo Muita Calma Nessa Hora (2010) – filme do qual ninguém esperava alguma coisa e que acabou levando mais de 1,3 milhão de espectadores aos cinemas – é um exemplo perfeito do que de pior tem sido feito com as sequências de comédias ligeiras nacionais, preocupadas mais em movimentar as bilheterias dos incautos em férias do que em apresentar algo de novo – como visto em Se Eu Fosse Você 2 (2009), De Pernas Pro Ar 2 (2012) e Até que a Sorte nos Separe 2 (2013), entre outras. A trama – se é que existe! – é praticamente um repeteco da do primeiro filme, com mais esquetes humorísticos sem graça, além de um grupo imenso de pseudo-atores que estão mais para sub-celebridades do que intérpretes de verdade. O resultado, constrangedor, é de provocar bocejos até no mais ferrenho defensor do cinema nacional. Lamentável! – por Robledo Milani

8Um Conto do Destino (Winter’s Tale, 2014)
Ao longo da maior parte de sua carreira, Akiva Goldsman se mostrou um roteirista medíocre, e é um mistério como ele, mesmo assim, seja constantemente chamado para trabalhar em grandes produções – além de ter ganho um Oscar (no caso, por Uma Mente Brilhante, 2001, filme que é até prejudicado um pouco pelo roteiro). Mais misterioso ainda é como alguém deu a ele a chance de estrear como diretor. É o que aconteceu neste Um Conto do Destino, adaptação do romance de fantasia escrito por Mark Helprin. O filme acompanha o jovem Peter Lake (Colin Farrell) desde sua chegada a Nova York quando bebê em 1895, passando por sua fase adulta em 1916, quando vive uma grande história de amor com Beverly Penn (Jessica Brown Findlay) enquanto foge do demoníaco Pearly Soames (Russell Crowe), até chegar no tempo presente, quando o vemos com amnésia e sem ter envelhecido. A partir disso, Um Conto do Destino mostra ser uma obra pretensiosa, aborrecida, excessivamente sentimental, com personagens pouco interessantes e que ainda beira o ridículo em determinados momentos. Nada se salva por aqui. Nem mesmo Crowe, que ao interpretar um vilão caricatural surge na pior atuação de sua carreira. Em suma, é um filme que faz jus à picaretagem de seu realizador. – por Thomás Boeira 

7Godzilla (2014)
A premissa era boa. Revitalizar a origem do monstrengo mais famoso do cinema japonês para os dias atuais em uma trama interessante e que não lembrasse o desastroso filme de 1998. Porém, a ideia se perde totalmente neste longa que tenta (ênfase neste termo, por favor) aprofundar a história e escala um elenco interessante para dar peso à trama. Porém, Juliette Binoche e Bryan Cranston mal tem uma participação efetiva na história. Sally Hawkins e Ken Watanabe não sabem para que lado vão. E a dupla de protagonistas, interpretada por Aaron Taylor-Johnson e Elizabeth Olsen, tenta, mas não consegue contornar os furos. O pior de tudo: o Godzilla em si demora para aparecer. E após minutos e mais minutos monótonos de explicações pseudo-científicas sobre sua origem, até agora não dá para entender o que cria o monstro. Afinal, por que ele só aparece para salvar os humanos? Simples equilíbrio da natureza? O argumento é falho e a escuridão de boa parte das cenas (ainda mais para quem viu a versão 3D) mais incomoda do que ajuda na ação. O filme poderia não estar nesta lista de piores do ano não fosse sua pretensão. Porém, quis alçar voos mais altos e estagnou, gerando uma obra fraquinha, em que o mais difícil é apontar algo que realmente a torne interessante. Talvez se a criatura do título tomasse mais tempo em tela, a situação poderia ser outra. Mas nem isso. – por Matheus Bonez

 


6300: A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire, 2014)
Com Zack Snyder entretido demais dirigindo os novos filmes do Superman, acabou nas mãos de um genérico esta aguardada continuação do ótimo 300 (2006). O filme tenta emular a abordagem visual única de Snyder, mas tudo o que consegue é criar alguns quadros bonitinhos, longe de serem inspirados como os do primeiro longa, que já se consagraram na cultura pop. De resto é tudo demais; se antes o uso do slow motion já passava um pouco da conta, aqui ele alonga o filme em uns trinta minutos. A história é fraca, episódica e fragmentada, dando a impressão de que não há, na verdade, história alguma. É um conjunto contínuo de batalhas desinteressantes que não possuem nenhum contorno dramático. Tanto que é difícil mesmo torcer pelos heróis, quando somos então obrigados a nos agarrar a única personagem carismática do projeto, aquela vivida por Eva Green. Uma pena então que ela seja a vilã. – por Yuri Correa

 

5Copa de Elite (2014)
As paródias americanas fizeram grande sucesso ao longo das últimas décadas. Todo Mundo em Pânico (2000), Top Gang (1991), Não é Mais um Besteirol Americano (2001), entre outros, são exibidos até hoje na televisão e possuem alguns fãs. Copa de Elite, como boa parte das atuais comédias nacionais, se vale dessa fórmula pobre de reciclar o que os norte-americanos já fazem – e muito mal. No filme do diretor Vitor Brandt, a ideia de parodiar os diversos filmes nacionais que fizeram sucesso nos últimos anos, principalmente Tropa de Elite (2007), é, no mínimo, um movimento fraco e pobre que já foi utilizado comicamente até saturar na televisão. Chato, previsível, descartável e um produto vergonhoso dentro de um ano em que nosso cinema encontrou dificuldades para se destacar devido aos blockbusters americanos, mesmo possuindo excelentes produções, é triste notar que um filme destes some mais de 600 mil pagantes. Se existia alguma dúvida sobre o retorno das chanchadas que tanto aterrorizaram nossas salas décadas atrás, Copa de Elite é a confirmação. Um trabalho desses poderia ser feito como websérie ou esquete do Zorra Total. E, ainda assim, já seria um exagero. – por Renato Cabral

4Jogo de Xadrez (2014)
É fato que o cinema nacional precisa mesmo investir em gêneros diferentes para acabar de vez com essa coisa de que só as comédias rasas fazem sucesso, porque o público brasileiro gosta de “porcaria” etc. Seguindo essa linha de pensamento, um filme que envolve uma presidiária (Priscila Fantin), que ameaça denunciar um político corrupto (Antonio Calloni) parece promissor e, por que não dizer, atual. Infelizmente, as aparências enganam. Premiado por seus curtas, o cineasta Luis Antonio Pereira acabou prisioneiro de seu esforço (notório) em realizar o primeiro longa, entregando um suspense carcerário cheio de boa vontade e vazio na tentativa de aprisionar o espectador. Com diálogos fracos, pequena crítica ao sistema prisional, denúncia de tortura, cenas de violência nada realistas e atuações forçadas, o tiro de misericórdia foi a trilha (boa) com suas “visitas” constantes. Culpa de um roteiro que até tenta ser libertador com um final imprevisível, mas planta situações absurdas para mover a trama para frente, passando o bom senso para trás. As mortes precisas, a fragilidade da fuga e a presença (gratuita) de um anão em cena são apenas alguns exemplos do quão bizarro se revelou esse jogo. E quem perde, pena, somos nós. – por Roberto Cunha

 

3 Hercules (The Legend of Hercules, 2014)
Muito distante das mitologias greco-romanas, Hércules parece uma reinvenção da série homônima dos anos 1990: ambas as produções possuem protagonistas com muitos músculos e nenhum carisma numa aventura repleta de efeitos toscamente desenvolvidos, personagens superficiais e humor involuntário. Com um visual barato, atuações rasas e narrativa entediante, Hércules é tão piegas quanto sua sinopse revela e não garante o entretenimento necessário para ser classificado como um filme de ação ou a profundidade mínima para ser levado em consideração por alguma qualidade dramática. Ao se valer de um 3D oportunista como o de tantos outros blockbusters recentes, o diretor Renny Harlin lança objetos e destroços repetidamente em direção ao espectador, para criar alguma interação entre este e a produção – esforço que se mostra tão inútil quanto desesperado. Tentando ampliar o impacto de sequências mal dirigidas com o uso exacerbado de câmeras lentas, a produção se vale de um misto de referências que apela até mesmo para videogames e franquias de sucesso como God of War: as armas de Hércules improvisadas com correntes, tijolos e até mesmo raios são evidentemente pós-Kratos. Hércules passou despercebido pelo circuito brasileiro, foi eclipsado por outra sôfrega adaptação do mito e herói com Dwayne “The Rock” Johnson e felizmente já havia sido esquecido por todos nós – até esta compilação dos piores filmes de 2014. – por Conrado Heoli

 

2Frankenstein: Entre Anjos e Demônios (I, Frankenstein, 2014)
Aberração não é o monstro de Frankenstein. É o que fazem com ele neste Entre Anjos e Demônios, seguramente, um dos piores filmes do ano. Com direção de Stuart Beattie, o longa-metragem não lembra em nada o clássico da literatura assinado por Mary Shelley que, por sua vez, rendeu inúmeras versões para o cinema. Neste filme, a criatura concebida pelo Dr. Frankenstein não tem as feições horrorosas pelas quais sempre foi conhecido. Ele ganha os traços de Aaron Eckhart, com algumas cicatrizes para tentar justificar sua “monstruosidade”. Fosse apenas esse o problema… Uma espécie de sub Anjos da NoiteFrankenstein: Entre Anjos e Demônios faz uma mistureba indigesta de mitologias, transformando o personagem clássico em protagonista de filme de ação. O elenco, todo no automático, entrega atuações que vão do meramente aceitável ao constrangedor. Bill Nighy tendo de pagar o aluguel aceita mais uma vez o papel do “grande” vilão e pouco contribui. Pensado como início de uma nova franquia, o resultado pouco acolhedor do público nas bilheterias fez com que o projeto naufragasse. Pouca gente pode dizer que se decepcionou com isso, dada a qualidade duvidosa do resultado final deste arremedo de filme. – por Rodrigo de Oliveira

 

1Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction, 2014)
Levei algum tempo para entender o significado do diretor Michael Bay para o cinema. Responsável por Transformers, franquia que arrecada milhões, Bay simboliza a vitória dos números. Como é de se imaginar, quando os números ganham, as pessoas perdem, e o cinema junto com elas. Transformers: A Era da Extinçao segue o modelo dos três filmes anteriores: robôs gigantes são plantados em um enredo aleatório com o único objetivo de fazer muito barulho e abusar dos efeitos especiais. Para não parecer patético, alguns personagens são introduzidos, como o cientista interpretado por Mark Wahlberg, em A Era da Extinção. Para funcionar, o importante é que os personagens não atrapalhem a ação. Sem nenhum esforço, portanto, eles se tornam irrelevantes. Tenho minhas dúvidas se o público de Transformers está em busca de tiros e explosões ou de uma boa pipoca no final de semana. Quem sabe o público não esteja atrás de nada. Se for isso, certamente se sentirá satisfeito com o que Transfomers tem a entregar. – por Willian Silveira


Menção Desastrosa :: Leandro Hassum
Ele pode ser considerado o novo rei do cinema nacional – ao menos para o espectador que ainda vai aos cinemas e compra ingressos. Nos últimos dois anos Leandro Hassum apareceu em quase uma dezena de filmes, sendo a metade como protagonista. Em 2014, no entanto, o astro provou estar apto a tentar de tudo – sem conseguir, à princípio, nada muito diferente. Nos últimos doze meses estrelou três longas-metragens, um literalmente pior do que o outro. Vestido pra Casar é no mínimo constrangedor – e ainda que seja o menos ambicioso, teve 1,2 milhão de espectadores! Depois veio O Candidato Honesto – que, com 2,2 milhões de ingressos vendidos, é o campeão de público da temporada – comédia pouco inspirada que requenta sem vergonha o argumento do hollywoodiano O Mentiroso (1997), com Jim Carrey – e busca o riso inconsequente a partir do contexto político nacional. E pra terminar, veio o terrível Os Caras de Pau em o Misterioso Roubo do Anel, adaptação sem ritmo do programa televisivo que, apesar de ter entrado em cartaz no último fim de semana do ano, conquistou a maior bilheteria de estreia para uma produção nacional em 2014, com mais de 520 mil ingressos vendidos em apenas três dias. Três filmes muito ruins, mas que parecem atender a uma demanda específica da população. Talvez os protestos e revoltas de marcaram o país em 2013 não tenham sido suficientes… – por Robledo Milani


Menção Desastrosa ::
Nicolas Cage
Já faz um tempo que Nicolas Cage se tornou um daqueles artistas que fazem um filme bom (como Kick-Ass: Quebrando Tudo, 2010, e Joe, 2013) a cada cinco porcarias (como O Resgate, O Pacto e Reféns, todos de 2012). Ator talentoso, mas que aparentemente é meio louco das ideias quando o assunto é dinheiro, Cage ficou com dívidas exorbitantes e agora topa qualquer coisa para salvar o pescoço. Em 2014, o sobrinho de Francis Ford Coppola apareceu nos cinemas brasileiros em dois filmes: Fúria e O Apocalipse. O primeiro, apesar de fraco, é até suportável se comparado a outras bombas que o ator estrelou, ao passo que o segundo é uma verdadeira tragédia cinematográfica de tão constrangedor. Ambas as produções apareceram nos Bottom 10 de alguns membros do Papo de Cinema, mas não o suficiente para entrar na relação final do site – sinal de que poucos devem tê-los vistos. No entanto, por estes filmes e pela má fama que vem construindo nos últimos anos, damos a Nicolas Cage esta menção desonrosa, torcendo para que em 2015 ele decida seguir as palavras que proferiu há alguns meses e volte para um caminho artisticamente mais interessante. Um caminho que ele merece percorrer. – por Thomás Boeira

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.

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