A cobiçada Palma de Ouro já tem um dono – o filme turco Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan – e você pode conferir todos os premiados da seleção oficial e competições paralelas no Papo de Cinema, que neste ano fez sua estreia no Festival de Cannes.

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Winter Sleep ganhou a Palma de Ouro de Melhor Filme

E já que a gente fez a cobertura todo o evento para você, inclusive, com premiação em tempo real pelo twitter @papodecinema, resolvemos fechar a cobertura com um balanço rápido, pontuando alguns destaques do evento e, principalmente, da premiação. Confira! ;)

 

CRÍTICA ESPECIALIZADA x JURADOS

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Vencedores da mostra Um Certo Olhar

Enquanto o Papo de Cinema acertou dois prêmios (Melhor Atriz, para Julianne Moore, e Melhor Filme, para White God, na mostra Um Certo Olhar), uma grande parcela dos críticos que diariamente apontavam para eventuais ganhadores da Palma também não acertou muita coisa, não. De qualquer forma, o filme turco – ganhador – era o mais votado pela maioria. Mas também teve crítico que lhe deu nota zero! Ou seja, crítica é mesmo uma opinião e, por isso, sempre que quiser, faça seus comentários aqui no Papo de Cinema. Eles são bem-vindos! ;)

 

DISCURSOS

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Timothy Spall ganhou como Melhor Ator

Poderia ser considerado até uma gafe o telefone dando interferência no microfone, antes do início do longo discurso de Timothy Spall, mas acabou ficando para a história como um momento cômico do mundo moderno. Isso porque foi engraçado, com a plateia rindo de montão. Por outro lado, o ator lembrou um momento sério, quando passava por quimioterapia na época em que Segredos e Mentiras (1996), do mesmo Mike Leigh, ganhava a Palma de Ouro. “Agradeço a Deus por estar aqui e vivo!“, disse.
Também tocantes foram as palavras do jovem cineasta franco-canadense Xavier Dolan para a cineasta Jane Campion, presidente do Júri: “Seu ‘O Piano (1993)’ me fez querer escrever papéis para as mulheres, lindos personagens com alma e força. Nada de vítimas, nada de objetos”.

 

MULHERES CINEASTAS

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Alice Rohrwacher recebeu seu prêmio das mãos de Sophia Loren

A entrega do Grande Prêmio do Júri para a italiana Alicia Rohrwacher, quer queiram os jurados (e assumam) ou não, matou dois coelhos com uma cajadada só: premiou a Itália, tradicional berço do cinema, e uma realizadora. Neste momento, ficou claro que a outra mulher na competição, Naomi Kawase (Still the Water), já estava ameaçada pelo turco Nuri Bilge Ceylan, de Winter Sleep. E foi o que aconteceu.

 

FEMINISMO OU NÃO?

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Júri oficial do Festival de Cannes 2014

Jane Campion respondeu na coletiva de imprensa, logo após a premiação, que não existia isso de privilegiar filmes dirigidos por mulheres apenas por ela ser uma representante do sexo feminino. O assunto foi muito comentado nas rodas de conversa por aqui e até na imprensa especializada. A resposta dela foi simples e objetiva: “O gênero dos cineastas nunca esteve em discussão. Estávamos mobilizados pelos filmes e para os filmes”. :o

 

PEQUENA GAFE?

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Bruce Wagner recebeu o prêmio de Melhor Atriz em nome de Julianne Moore

Julianne Moore, que desfilou pelo festival, fez graça em entrevistas e fez a festa dos fotógrafos, não ficou para a premiação e muito menos o diretor David Cronemberg, de Maps to the Stars. O prêmio de Melhor Atriz foi recebido pelo autor e roteirista Bruce Wagner, que agradeceu aos dois e a cidade de Los Angeles. :/

 

OS VAIADOS

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Nicole Kidman foi um dos destaques do tapete vermelho

As palmas, sem trocadilho, são mais fáceis de ouvir em Cannes do que as vaias. Mas essas, quando aparecem, podem surtir efeitos estranhos em quem está dentro da sala, como um certo constrangimento. Até mesmo quando você também não curtiu tanto o filme. Alguns títulos saíram daqui com esse “efeito”, como alguns citados abaixo:

Grace de Mônaco: Criticado até dizer chega, sobrando até para o diretor geral do evento, Thierry Fremaux, pela escolha infeliz como filme de abertura. Por outro lado, o filme não se saiu tão mal assim na França, estreando em 5º lugar, com 523 cópias e mais de 152 mil espectadores. Para ter uma ideia, The Homesman, bastante elogiado (é bom mesmo), estreou no mesmo período na 8ª posição, 235 cópias e vendeu pouco mais de 50 mil ingressos. No mesmo fim de semana, Godzilla abriu na liderança, com 721 mil ingressos vendidos e 596 cópias. É nessa hora que é possível ver o que significa arrasa-quarteirão, também chamado de blockbuster. =p

The Captive: Estrelado por nomes conhecidos de Hollywood, como Ryan Reynolds e Rosario Dawson, o filme do queridinho Atom Egoyan foi mal recebido mesmo. Enquanto isso, a esposa de Reynolds, a bela Blake Lively, fez mais sucesso que ele, protagonizando muiiiiiitas fotos e fazendo a festa dos fotógrafos. :)

Lost River: A respeito da estreia do ator Ryan Gosling como diretor, dá para dizer (e desculpem-me os fãs), foi um mico. Exibido (e aguardado) na Mostra Um Certo Olhar, o filme começou com muitos aplausos e urros nos créditos iniciais, mas no final teve gente saindo antes e vaiando depois. Uma pena, porque a gente viu potencial. :/

The Search: De longe, foi o filme mais mal recebido pela imprensa estrangeira, “ganhando” vaias e gritos de “fora!” por alguns mal educados de plantão. Dirigido por Michel Hazanavicius, oscarizado por O Artista (2011), o longa sai daqui sem nenhum prêmio. Mas dá para dizer que sua “carreira” no cinema não deve ser ruim, pois tem mais potencial junto ao público do que o “pessoal da vaia” acredita. É aguardar para ver. ;)

 

ACERTOS E POSSÍVEIS FALHAS NA PREMIAÇÃO

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Bennett Miller foi premiado como Melhor Direção por Foxcatcher

Melhor Ator: Não dá para dizer que Timothy Spall não mereceu o prêmio, mas ficou uma sensação de que ele poderia ter sido entregue para Steve Carell, por sua brilhante atuação em Foxcatcher.

Melhor Atriz: Julianne Moore, realmente, mereceu o prêmio pela chutada no pau da barraca que deu no filme Maps to the Stars. Por outro lado, a canadense Anne Dorval deu um show ainda maior (pode apostar) em Mommy. Aqui, o empate não seria uma saída descabida. Foi um ano de duas atuações femininas insanas.

Relatos Salvajes: A gente sabe que comédia não tem lá seu lugar garantido em festivais, em parte por ser um gênero considerado menos “nobre”. O filme argentino ainda tinha como ponto contra extra o fato de ser no formato de contos. Aí, já viu… Mas é uma pena porque as risadas foram muitas e ajudaram a desopilar o fígado da plateia, combalido de tanto café e água.

Deux Jours, Une Nuit: O filme dos irmãos Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne merecia sair daqui com algum prêmio e, para nós, o Melhor Roteiro poderia ser uma solução ou um prêmio especial do Júri. Filme provocou a reflexão sobre tempos difíceis e solidariedade.

Melhor Diretor: Não dá para dizer que o cineasta Bennett Miller não mereceu o prêmio concedido, mas deu uma certa pena ver que o machão enrugado e notoriamente rabugento Tommy Lee Jones não conquistou esse aqui com seu interessante The Homesman.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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