Transformers: A Era da Extinção (2014), quarto capítulo cinematográfico da luta entre Autobots e Decepticons, se tornou a maior abertura de 2014 nas bilheterias norte-americanas, arrecadando mais de US$ 100 milhões em apenas três dias. No Brasil, o filme está em pré-estréia, com lançamento marcado para esta semana. Promete repetir aqui o sucesso comercial de lá, a julgar pela massiva campanha de marketing. O diretor Michael Bay investe novamente numa enxurrada de efeitos especiais e destruição, no que parece sua (única?) especialidade. Mark Wahlberg é a novidade no protagonismo (humano) da franquia, já que o antigo dono do posto, Shia LaBeouf, anunciou recentemente repúdio aos blockbusters. Para debater a respeito dos méritos e deméritos do mais novo capítulo da Saga Transformers, chamamos Robledo Milani e Yuri Correa, respectivamente defensor e atacante. Confira e não deixe de opinar.
A FAVOR: “Um filme-evento, um blockbuster como há tempos não se via”, por Robledo Milani
Michael Bay nunca foi reconhecido por respeitar limites: “exagero” talvez seja sua característica mais evidente. Portanto, quem se arriscar diante uma das produções do cineasta sabe bem o que irá encontrar – e Transformers: A Era da Extinção entrega exatamente o que promete: uma produção grandiosa, atordoante, explosiva. Um verdadeiro espetáculo como somente o cinema de hoje, repleto de personagens estereotipados e efeitos visuais deslumbrantes, pode alcançar. Longe de empolgar críticos e plateias mais refinadas, é, no entanto, um produto comercial acima de tudo, que movimenta milhares de pessoas, atrai fãs e curiosos dos quatro cantos do mundo e cumpre seu papel integrador – ainda mais se levarmos em conta que a parte “chinesa” da trama nada mais é do que o início de uma aproximação econômica e cultural que tem tudo para ser positiva para ambos os lados. É um filme-evento, um blockbuster como há tempos não se via. Todos os defeitos apontados – é longo demais, Mark Wahlberg não convence como cientista maluco, as brigas dos robôs são muito confusas – possuem fundamento, mas se revelam menores dentro de um todo mais amplo. Este quarto Transformers é entretenimento-pipoca à altura das expectativas provocadas, e tem vezes que isso já é mais do que suficiente.
CONTRA :: “Michael Bay volta ao estado catatônico de sua habitual direção”, por Yuri Correa
Atacar um filme de Michael Bay é quase covardia, uma vez que o diretor insiste em repetir seus maneirismos. Se no ano passado soube usá-los a seu favor no ótimo Sem Dor, Sem Ganho (2013), em Transformers: A Era da Extinção ele volta ao estado catatônico de sua habitual direção: trata mulheres como objetos, endeusa a bandeira estadunidense e investe em longuíssimas e aborrecidas sequências de ação quase ininteligíveis (num roteiro péssimo). E mesmo um ser evoluído e com – sei lá quantos – anos de vivência como Optimus Prime não consegue proferir nada mais inteligente que um “eu vou matar você”. A trama pouco importa, nem mesmo exige que se tenha visto os antecessores. De fato ela ignora a já complicada cronologia da série, que pela quarta vez elabora um motivo para os Robôs pararem na Terra. Se ainda o divertimento compensasse… Mas o cineasta tem uma mão pesada e parece alheio aos conceitos básicos de montagem. A distribuição espacial de personagens e objetos em cena é um caos, assim como o avanço temporal: quem está onde e quando? Ao menos, Tucci e Wahlberg parecem se divertir horrores.
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