INDICADOS:
Uma das categorias mais imprevisíveis do Oscar, a corrida pela estatueta de Melhor Filme Estrangeiro tem recorrentemente surpreendido os apostadores e aquelas torcidas organizadas dos países concorrentes. Basta recordar dos anos em que filmes como Em um Mundo Melhor (2010) venceu Incêndios (2010), A Partida (2008) roubou o prêmio do favorito Entre os Muros da Escola (2008) e O Segredo dos Seus Olhos (2009) superou o insuperável A Fita Branca (2009). Neste ano, três longas europeus – Bélgica, Itália e Dinamarca – disputam o prêmio ao lado de uma inesperada indicação cambojana e outra advinda dos atuais conflitos políticos e sociais palestinos. Além das notáveis omissões entre os 76 filmes submetidos à categoria, 2014 será marcado por mudanças de regras que podem sacudir os resultados nessa disputa: pela primeira vez num longo período todos os quase seis mil votantes da Academia poderão opinar nas 24 categorias finais do Oscar – o que não era permitido para os filmes estrangeiros e documentários, por exemplo, eleitos até então a partir de comissões específicas. Fique com quem ficar, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano tem cinco grandes concorrentes, todos merecedores da glória que um prêmio como este propicia. No entanto, como em todas as categorias, temos um favorito, um azarão, nossa torcida e os infelizmente esquecidos. Confira!
Favorito: Depois de todo o buzz ao redor do filme, que já ostenta prêmios como um Globo de Ouro, quatro troféus do European Film Awards e uma indicação à Palma de Ouro de Cannes, A Grande Beleza corre na frente como provável vencedor desta edição do Oscar. Considerada uma carta de amor à Roma pelas hábeis mãos de Paolo Sorrentino, a produção italiana tem forças também pelo sucesso crítico de outras obras do cineasta, como Il Divo (2008), indicada ao carequinha dourado anos atrás na categoria de Melhor Maquiagem.
Azarão: A Dinamarca foi um dos países recentemente premiados nesta categoria, com o supracitado Em um Mundo Melhor, de Susanne Bier. No entanto, tal fato não exclui as chances de A Caça, que tem em sua execução delicada para um tema complexo e na direção segura de Thomas Vinterberg seus maiores trunfos. O polêmico drama, também indicado à Palma de Ouro em Cannes e vencedor do prêmio ecumênico do júri no mesmo festival, não seria uma escolha inadequada para este Oscar.
Torcida: Um filme que mixa uma história de amor, uma tragédia familiar, um debate entre religião e ciência e o melhor da música bluegrass teria tudo para ser confuso, pretensioso e rapidamente esquecido. No entanto, Alabama Monroe converge todos estes temas numa atmosfera melancólica e agridoce repleta de momentos grandiosos, parte deles ampliados pelos excepcionais atores/cantores Veerle Baetens e Johan Heldenbergh. Os troféus recebidos nos Estados Unidos em premiações como o Festival de Tribeca e de Palm Springs contam a favor dele.
Esquecido: Azul é a Cor Mais Quente (2013) ficou de fora da competição por um detalhe técnico: estreou na França após o prazo limite para ser considerado um possível indicado. Assim, a história de amor protagonizada magnificamente por Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux ficou no limbo do Oscar, que recebeu em seu lugar a submissão de Renoir (2013), de Gilles Bourdos, como representante oficial do país. Outros que ficaram de fora e merecem menções honrosas são o chinês O Grande Mestre (2013), de Wong Kar-Wai, o bósnio Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-Velho (2013), de Danis Tanovic – que já venceu este prêmio por Terra de Ninguém (2001) – e obviamente o brasileiro O Som ao Redor (2012), de Kléber Mendonça Filho.
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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.