INDICADOS
A corrida para o Oscar na categoria Melhor Roteiro Original parece ter seu vencedor definido. Se no começo da disputa parecia haver uma vantagem para o 10 vezes indicado Trapaça, assinado por Eric Warren Singer e David O. Russell, prêmios posteriores acabaram dando a dianteira para o originalíssimo script de Ela, escrito por Spike Jonze. Claro que ainda podem acontecer surpresas. Afinal de contas, na disputa ainda temos o três vezes vencedor do Oscar na categoria Woody Allen, que ainda que tenha se envolvido novamente em polêmicas pessoais, assina um excelente roteiro em Blue Jasmine. Correndo por fora, alguns estreantes no prêmio da Academia: Bob Nelson, responsável pelo agridoce trabalho em Nebraska. E Craig Borten e Melisa Wallack, que contam uma história de superação em Clube de Compras Dallas. Destes cinco lembrados pela Academia, apenas um não concorre ao principal prêmio da noite: Blue Jasmine. De qualquer forma, ultimamente o vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original não tem levado a grande estatueta da noite. Nos últimos dez anos, apenas duas vezes o fato ocorreu: Guerra ao Terror, em 2010, e Crash – No Limite, em 2006, conseguiram o Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original.
Favorito: Ela, de Spike Jonze, está, praticamente, com uma mão na estatueta. O longa-metragem concorre ao principal prêmio da noite e já recebeu os louros na categoria de Roteiro Original no Globo de Ouro, no Sindicato dos Roteiristas (WGA) e em diversos prêmios da crítica norte-americana (Austin, Ohio, Chicago, Florida, Kansas, Las Vegas, San Diego, Washington). Diferente de 12 Anos de Escravidão, que não venceu o prêmio do Sindicato (nem foi indicado pelo roteirista ser inelegível por não ser sindicalizado), mas continua sendo favorito ao Oscar, Ela concorreu e venceu seus quatro concorrentes lembrados pela Academia na premiação do WGA. Ou seja, mais fácil você se apaixonar pelo seu sistema operacional do que Ela perder este prêmio.
Torcida: Ainda que tenhamos um Woody Allen na lista, e para qualquer fã do cineasta isto já é motivo suficiente para tê-lo como favorito, difícil não torcer por Ela. O roteiro de Spike Jonze é muito original, foge tanto das armadilhas tão comuns nas comédias românticas que a torcida não pode ser outra. Jonze consegue construir um futuro verossímil e uma interação entre personagens que é tocante e devastadora ao mesmo tempo. Quais são os limites do amor? Um homem pode se apaixonar por uma máquina? Um sistema operacional pode nutrir sentimentos por alguém? O que é real e o que não é? Tudo isso com ótimos diálogos.
Azarão: Ele era o favorito, mas acabou virando o azarão: Trapaça, de David O. Russell e Eric Warren Singer. O filme perdeu momentum com o passar do tempo, mas ainda pode surpreender no final. Quando estreou, muitos saudavam o longa-metragem como uma divertida história de trapaças e personagens longe do tão falado politicamente correto. Passada a euforia inicial, a percepção geral começou a se reverter. No caso de Trapaça, esse período de assimilação tem tudo para atrapalhar as chances do filme no Oscar.
Esquecido: Ainda que os irmãos Coen sejam queridinhos da Academia, seu novo trabalho Inside Llewyn Davis acabou aparecendo pouco nas categorias do Oscar deste ano, em apenas duas categorias: Fotografia e Mixagem de Som. O longa-metragem foi indicado ao BAFTA na categoria Roteiro Original, além do Critics Choice Awards. Não bastassem estas lembranças, venceu o National Board of Review, prêmio bastante conceituado nos Estados Unidos. Por essas e outras, o trabalho dos irmãos Coen merecia um lugar nesta lista. Menções honrosas para a boa comédia romântica À Procura do Amor e para o sucesso indie Frances Ha (que se não se perdesse tanto em um final apressado, mereceria uma vaga certeira nesta categoria).
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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo. é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.