INDICADOS
Não é raro ouvir alguém mencionar que tal filme tem uma bela fotografia, apenas se referindo a beleza das imagens que aparecem na telona ou ao quanto elas impressionaram o espectador. Mas o trabalho do diretor de fotografia é muito maior que isso. É ele quem escolhe enquadramentos, movimentos de câmera, iluminação, composição, temperatura de cor, entre outros aspectos visuais – tudo, claro, em parceria direta com o diretor. Neste ano, no Oscar, temos trabalhos que vão do belo ao ousado. Afinal de contas, o que é mais ousado do que capturar todo seu filme fingindo se tratar de um único take? O quanto de ensaio foi necessário para que os atores e a câmera conseguissem se acertar à perfeição como acontece em Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)? Trabalho feito com maestria por Emmanuel Lubezki, já vencedor do Oscar na categoria no ano passado, por Gravidade (2013), e que já tinha outras cinco indicações.
Quando pensamos em enquadramentos inusitados, ou simétricos, logo nos vem à mente trabalhos assinados por Wes Anderson, que sempre colabora com o diretor de fotografia Robert D. Yeoman. Em O Grande Hotel Budapeste, a dupla chega à perfeição, inclusive brincando com a proporção da tela, abandonando logo de cara uma fotografia em wide para se entregar ao 4×3. Apesar de sempre chamar a atenção visualmente, Yeoman nunca havia sido indicado ao Oscar, fato consertado pela Academia neste ano. No quesito enquadramentos diferenciados, Ida também desempenha bem seu papel – e em um belo preto e branco. A dupla Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski escolhe dar bastante teto às suas imagens, deixando os personagens quase soterrados abaixo de tanto céu.
Roger Deakins foi novamente lembrado pela Academia e acumula sua 12ª indicação sem vencer uma vez. Trabalhando com Angelina Jolie em Invencível, o diretor de fotografia acabou se utilizando do digital, apesar de preferir usar filme em 35 mm, por motivos de praticidade. Para fechar a lista dos cinco mais: Dick Pope (chamado de Dick Poop pela presidente da Academia durante o anúncio, numa das gafes mais hilárias da transmissão). O britânico já havia sido indicado por O Ilusionista (2006) e volta a ser lembrado pela Academia por seu trabalho em Sr. Turner, de Mike Leigh. Pope venceu um prêmio técnico em Cannes pelo seu desempenho neste longa-metragem e, ainda que não seja favorito, é um nome forte na categoria.
FAVORITO E TORCIDA: Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Levar dois Oscars em anos consecutivos é para poucos, mas acontece e é bem provável que Emmanuel Lubezki sinta o gostinho desta rara vitória. O último a conseguir esta distinção dupla nesta categoria foi John Toll, que levou o Oscar por Lendas da Paixão (1994) e Coração Valente (1995). O trabalho de Lubezki em Birdman não só é brilhante pelo lance do pretenso take único, mas por dar muito ritmo ao filme.
AZARÃO: Ida
A dupla de Ida chega como os azarões na festa. Utilizando um belo preto e branco, o duo estreante no Oscar sai em desvantagem exatamente por este fato. A última vez que um filme em P&B levou o prêmio foi em 1993, por A Lista de Schindler.
ESQUECIDO: Interestelar
O longa foi esquecido em várias categorias do Oscar e nesta não foi diferente. Hoyte Van Hoytema substituiu o diretor de fotografia usual dos filmes de Christopher Nolan, Wally Pfister, e fez um excelente trabalho em seu lugar. Indicado ao BAFTA, Hoytema foi novamente esnobado pelo Oscar – visto que poderia ter aparecido na lista em outras ocasiões, como pela fotografia de Ela (2013) e O Espião que Sabia Demais (2011).
Confira a lista completa de indicados e as chances de cada um no nosso Especial Oscar 2015
Últimos artigos deRodrigo de Oliveira (Ver Tudo)
- Made in Italy - 1 de fevereiro de 2019
- Medo Viral - 13 de agosto de 2018
- Nico 1988 - 1 de agosto de 2018
Deixe um comentário