INDICADOS
- Andrew Garfield, por Até o Último Homem
- Casey Affleck, por Manchester à Beira-Mar
- Denzel Washington, por Um Limite Entre Nós
- Ryan Gosling, por La La Land: Cantando Estações
- Viggo Mortensen, por Capitão Fantástico
Entre as categorias principais do Oscar 2017, a de Melhor Ator é, definitivamente, a que apresenta uma das disputas mais acirradas – talvez até mesmo mais que a de Melhor Atriz. E essa dificuldade em prever quem irá levar a estatueta dourada para casa se deu quase que aos 45 minutos do segundo tempo, com os resultados do Globo de Ouro (que premiou Casey Affleck, em Drama, e Ryan Gosling, em Comédia ou Musical) e do Screen Actors Guild Awards (que escolheu Denzel Washington). Assim, ficou virtualmente impossível apontar qual dos três tem mais chances, ainda que, ao observar outros parâmetros, uma ou outra aposta possa ser feita.
O mais interessante, no entanto, é ressaltar como os cinco indicados apresentam performances arrebatadoras. Até mesmo Andrew Garfield, o único dos finalistas que nunca havia concorrido antes, demonstra uma grande entrega ao representar um personagem real e de importância histórica nos Estados Unidos. Por outro lado, temos também Viggo Mortensen, na única indicação de seu filme – um dos melhores da última temporada em Hollywood – que pode não ter chance alguma, mas que certamente faria bonito caso conseguisse colocar as mãos no cobiçado troféu.
FAVORITO: Casey Affleck, por Manchester à Beira-Mar
O irmão mais novo de Ben Affleck foi escolhido pelo melhor amigo, Matt Damon – que é um dos produtores deste filme – para interpretar um homem totalmente apagado, quase sem vida graças a uma tragédia do seu passado, que precisa descobrir como lidar com o sobrinho menor após a morte de seu irmão – e pai do garoto. A aposta foi certeira, tanto que Casey é o ator mais premiado deste ano: além do Globo, ganhou também o Critics Choice, o National Board of Review, o prêmio dos críticos de Boston, Chicago, Dallas-Fort Worth, Denver, Detroit, Florida, Georgia, Indiana, Iowa, Kansas, Las Vegas, Nova Iorque, Carolina do Norte, Texas, Oklahoma, Phoenix, San Diego, Santa Barbara, Seattle, St. Louis, Utah, Vancouver, Washington e o da Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos EUA, além de estar concorrendo ainda ao Bafta e ao Independent Spirit. E, caso ganhe, não será um resultado injusto, pois ele está, realmente, incrível. Seu problema, na verdade, é de ordem moral: Casey Affleck foi acusado, anos atrás, de assédio sexual, por duas mulheres da equipe técnica do filme Eu Ainda Estou Aqui (2010), e, ao invés de ir a julgamento, ele preferiu fechar um acordo com as vítimas. Essa história ressurgiu agora com sua recente notoriedade, e pode estar manchando sua imagem, abrindo espaço para Denzel Washington conquistar seu terceiro Oscar – um feito raro, alcançado apenas por três atores (Daniel Day-Lewis, Jack Nicholson e Walter Breenan) e três atrizes (Katharine Hepburn, Ingrid Bergman e Meryl Streep) nos 88 anos da premiação!
TORCIDA: Viggo Mortensen, por Capitão Fantástico
Viggo não tem sequer a menor chance de vitória – mas como seria bonito se essa surpresa se confirmasse! Em sua segunda indicação – ele concorreu antes, nesta mesma categoria, por Senhores do Crime (2007) – Mortensen tem sido presença constante em todas as listas, indicado ao Globo de Ouro, ao SAG Awards, ao Bafta, ao Critics Choice e ao Independent Spirit – porém, a única vitória conquistada foi no Satellite Awards, uma premiação de reduzida expressão. Ele, no entanto, apresenta todos os requisitos para ser considerado o melhor ator do ano: lidera um elenco numeroso (indicado, aliás, ao SAG), conduz com firmeza uma história que poderia, facilmente, cair na pieguice e demostra diversas nuances com um personagem que poderia tranquilamente ser mal compreendido, mas que consegue manter acesa a atenção do espectador do início ao fim. Seu pai de família que decide abandonar os confortos da vida urbana e levar sua trupe de filhos, ao lado da esposa, para viver em comunidade no meio do mato é firme e forte, porém, ao mesmo tempo, dócil e sensível. Uma composição sempre feita em cima do risco, mas da qual ele sobressai com impressionante competência.
AZARÃO: Ryan Gosling, por La La Land: Cantando Estações
Como o protagonista do longa com o maior número de indicações do ano – e mais forte candidato a levar o prêmio de Melhor Filme – pode ser considerado “azarão”? Pois é, isso é algo que nós mesmos estamos nos perguntando. Qualquer análise mais detalhada perceberá que o personagem de Ryan Gosling é mais rico do que o da sua contraparte, Emma Stone – ele encara mais conflitos, possui aqueles com quem prestar satisfações (a irmã, o chefe, o colega músico) e enfrenta mais dificuldades em sua jornada. Mesmo assim, ela é que tem dominado as atenções, a ponto de ser a favorita em sua categoria, enquanto ele parece estar atrás do constante favoritismo de Casey Affleck e do recente crescimento de Denzel Washington. Nunca podemos esquecer, no entanto, do ano de 2003, quando Daniel Day-Lewis, por Gangues de Nova York (2002), e Jack Nicholson, por As Confissões de Schmidt (2002), estavam tão empatados na preferência dos votantes que acabaram dividindo as atenções, abrindo espaço para Adrien Brody, por O Pianista (2002), se consagrar vitorioso. Vai que o mesmo acontece de novo e Gosling tem seu, merecido, reconhecimento?
ESQUECIDO: Tom Hanks, por Sully: O Herói do Rio Hudson
Difícil apontar somente um esquecido neste ano. Joel Edgerton, por Loving, por exemplo, foi indicado ao Globo de Ouro e ao Critics Choice, e seria muito justo se estivesse entre os finalistas. Mas cruel mesmo foi não terem encontrado espaço, mais uma vez, para Tom Hanks. Após ter levado duas estatuetas nos anos 1990, por Filadélfia (1993) e por Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), ele conseguiu apenas mais duas indicações, sendo a última por Náufrago (2000). Ou seja, há quase duas décadas não é indicado! Performances arrebatadoras como as de Capitão Phillips (2013), Jogo do Poder (2007), Estrada para Perdição (2002), Prenda-me se for Capaz (2002), Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013) e Ponte dos Espiões (2015) foram, todas, solenemente ignoradas. Soma-se a essa impressionante lista o seu retrato do capitão Chesley ‘Sully’ Sullenberger, que no filme dirigido por Clint Eastwood realiza o feito de aterrissar um avião com mais de 150 passageiros nas águas do Rio Hudson, e garantir a sobrevivência de todos! É um trabalho aparentemente simples, mas no desenrolar da trama ele vai revelando dúvidas, fragilidades e um instinto profissional que comprovam o porquê dele ser um dos melhores do seu ramo – tanto o personagem real quanto o ator que o interpreta.
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