Qual é o esporte mais popular no cinema norte-americano? Em ano de Copa de Mundo, é quase inevitável se perguntar por que vemos tão poucos filmes sobre o nosso Futebol nas telas. Mas também não chega a ser tão raro, tanto que aqui mesmo no Papo de Cinema recentemente fizemos um Top 5 :: Futebol, só com os melhores longas do gênero. Mas dessa vez resolvemos ir além, e fomos pesquisar não somente quais são as modalidades esportivas de melhor retorno de público, como também qual é o título dentro de cada técnica esportiva que melhor se destacou nas bilheterias. Aqui você poderá conferir a opinião de todos os dez críticos do site, cada um comentando um ‘Top Movie’ – ou seja, o de maior sucesso em cada esporte – como também descobrir outras dicas de longas similares. Além disso, poderá ficar por dentro de qual é a prática mais visitada pelos grandes estúdios de Hollywood! São dez atividades, uma dezena de visões de diferentes e a garantia de muita diversão. Confira!
ROLLER
Top Movie: Garota Fantástica (Whip It, 2009)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 13 milhões // Todos os filmes: US$ 13 milhões
Você talvez não faça ideia do que seja Bodeen ou roller derby até assistir Garota Fantástica (2009). A primeira é a cidade em que o filme se ambienta, uma pequena comunidade nos arredores de Austin, em Texas, e o segundo é o esporte pouco popular que inspirou a atriz Drew Barrymore em seu primeiro trabalho atrás das câmeras. A aventura cômica apresenta Bliss Cavendar, adolescente que não se enquadra nos concursos de beleza que sua mãe insiste em inscrevê-la, no momento em que ela descobre uma liga de roller derby em sua cidade. Como Babe Ruthless nas quadras, ela transforma seus pacatos dias por completo e reinventa a motivação de suas colegas de equipe – um time de ótimas atrizes que inclui Juliette Lewis, Kristen Wiig, Zöe Bell e a própria Barrymore. Agressividade, encanto, atrevimento e inocência são características que definem tanto a protagonista deste delicioso filme quanto a própria produção, que respeita sua audiência com entretenimento de qualidade e ótimas representações femininas, como infelizmente pouco se faz no cinema contemporâneo. Ellen Page e Drew Barrymore chutam bundas num filme que teve pouco espaço no Brasil e sequer foi exibido em nossos cinemas, mas que certamente merece ser redescoberto. – por Conrado Heoli
TÊNIS
Top Movie: Wimbledon: O Jogo do Amor (Wimbledon, 2004)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 17 milhões // Todos os filmes: US$ 17 milhões
Uma comédia romântica é uma comédia romântica. Não há nada mais previsível do que esse gênero. O bom e velho “boy meets girl”. Mas como reza a premissa do bom cinema: o que importa não é necessariamente o que é contado, mas como é contado. Ou seja, é possível tirarmos bons exemplos. Principalmente se estivermos falando da produtora inglesa Working Title, responsável pelos divertidos Um Lugar Chamado Notting Hill (1999), O Diário de Bridget Jones (2001) e o excelente Simplesmente Amor (2003). O que nos faz lembrar de Wimbledon, mais um bom produto do time. Ao contar a história de amor de dois tenistas em um dos solos mais sagrados do esporte, o diretor Richard Loncraine subverte mais uma vez a lógica romântica do cinema ao colocar uma jovem estrela em ascensão no tênis (Kirsten Dunst) para se apaixonar por um tenista já em fim de carreira (Paul Bettany) que nunca obteve o sucesso sonhado. Ela, a vencedora em potencial. Ele, o eterno perdedor. Uma espécie de releitura contemporânea e esportiva de A Princesa e o Plebeu (1953). O romance está lá. O tênis também; muito bem narrado, por sinal. Mas a mistura acaba deixando a desejar. Nada, no entanto, que estrague o resultado final. – por Eduardo Dorneles
RUGBY
Top Movie: Invictus (Invictus, 2009)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 37 milhões // Todos os filmes: US$ 40 milhões
Rugby está longe de ser um esporte popular no Brasil. Mas em muitos países do mundo, ele é um encantador de multidões ou até mesmo o esporte nacional, o “futebol deles”. Um bom exemplo disso é a África do Sul, onde o rugby é tão importante que foi motor de uma importante mudança social. Esse emocionante e envolvente processo foi contado por Clint Eastwood em seu Invictus. Estrelado por Matt Damon e Morgan Freeman, o filme mostra como Nelson Mandela usou um “esporte de brancos” para unir a nação sob um mesmo objetivo e dar mais um passo em sua luta contra a segregação racial. Embora oficialmente ela tenha terminado com o Apartheid, é por meio da comoção gerada pelo rugby que Mandela conseguiria derrubar parte dos muros erguidos nos corações dos sul-africanos, já em 1995. Uma importante lição de vida, que mostra o real valor do esporte como agregador, lançando inclusive luzes sobre a atual discussão do racismo nos campos de futebol. – por Dimas Tadeu
BILHAR
Top Movie: A Cor do Dinheiro (The Color of Money, 1986)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 52 milhões // Todos os filmes: US$ 53 milhões
Por que perder se você pode ganhar? Nada movimenta mais o imaginário do cinema americano do que o self-made man, o homem que se faz sozinho apesar de tudo e todos – o vencedor. Tendo uma filmografia construída a partir da perseverança de homens abandonados (como não pensar em Travis Bickle em Taxi Driver, 1976, ou Paul Hackett em Depois de Horas, 1985, por exemplo), Martin Scorsese encontra em A Cor do Dinheiro outro motivo para filmar. A história traz Paul Newman como Eddie Felson, um ex-jogador de bilhar que reconhece no jovem Vincent Lauria (Tom Cruise) o talento a ser cultivado e podado. O roteiro não foge à tradicional estrutura de mestre-aprendiz, em que a paciência e experiência de um são trocadas pelo impulso e vontade do outro. Sob a escuridão e a fumaça dos bares em que prevalecem a insalubridade e o instinto, Scorsese faz um de seus filmes menos arrojados, mas ainda seguro e vibrante. – por Willian Silveira
LUTA
Top Movie: O Lutador (The Wrestler, 2008)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 26 milhões // Todos os filmes: US$ 66 milhões
A luta livre, conhecida por muitos no Brasil como “telecatch”, é uma mistura de encenação, combate e circo. Tudo é combinado. Vitoriosos e perdedores são papeis já previamente definidos, assim como o próprio desenrolar da luta, espetacular na proporção de sua dramaticidade. O Lutador é protagonizado por uma lenda da luta livre, um cara decadente tal e qual a própria modalidade que sobrevive apenas, e basicamente, em virtude de apaixonados saudosistas. A ruína de Randy espelha o próprio andar da atividade que encontra poucos espaços num mundo cada vez mais cínico, ávido demais pela verossimilhança e por certo extremismo nos embates. Não interessam mais as peripécias dos lutadores saltando nos ares, dando piruetas, se estatelando num chão claramente feito para amortecer suas quedas, é preciso sangue de verdade e sofrimento para que haja alguma conexão entre os habitantes do ringue e os cada vez mais bárbaros espectadores da arquibancada. Em O Lutador, a luta livre definha, mesmo tentando adaptar-se aqui e acolá aos tempos, enquanto o protagonista busca construir um futuro possível com a pouca força que lhe resta. – por Marcelo Müller
SURF
Top Movie: Tá Dando Onda (Surf’s Up, 2007)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 59 milhões // Todos os filmes: US$ 222 milhões
É complicado falar sobre um filme realmente interessante sobre surfe, além de alguns documentários. Pra se ter ideia, alguns títulos mais relevantes (em questão de público, não crítica) são “obras” como A Onda dos Sonhos (2002) e Caçadores de Emoção (1991). Porém, a modalidade parece servir mais como acessório do que profundamente revista nestas produções. Talvez por isto a animação Tá Dando Onda tenha sido o maior sucesso de bilheteria sobre o esporte. A história de Cody Maverick (ou Cadu, na versão brasileira), contada como se fosse um documentário, é recheada de gags divertidas, apesar de cair um pouco no estereótipo dos surfistas boa-praça ou “lesados”. O protagonista, um pinguim, passa a vida inteira imaginando que será o grande vencedor do Campeonato Mundial de Surfe de Pinguins até chegar ao local do campeonato e conhecer seus rivais. Pode não ser o roteiro mais impressionante do mundo, mas entretém com seus personagens cativantes e pela animação em si, um impressionante trabalho gráfico sobre as ondas. O longa arrecadou quase US$ 150 milhões no mundo todo, além de ter sido indicado ao Oscar de Melhor Animação em 2008. – por Matheus Bonez
BASQUETE
Top Movie: Space Jam: O Jogo do Século (Space Jam, 1996)
Bilheteria EUA – Este filme: 90 milhões // Todos os filmes: US$ 685 milhões
Produzido por Ivan Reitman, não é surpresa que Space Jam traga uma participação de Bill Murray, que, ao lado de seus colegas de cena concebidos através da animação, são os melhores intérpretes que desfilam em tela, uma vez que Michael Jordan não parece nem mesmo olhar para o lugar certo em grande parte do filme. O longa começa quando um grupo de extraterrestres tem o plano de sequestrar os Looney Tunes para fazê-los atrações em seu parque de diversões intergaláctico. É quando os amalucados personagens decidem então desafiá-los para um jogo de basquete, e, para isso, sequestram Jordan para que possam vencer. Space Jam tem seus momentos – o jogo ao final é especialmente divertido – embora seja bobinho demais, e o humor infantil vem justamente das cenas com humanos, sendo os desenhos animados aqueles que se mostram realmente maduros em suas piadas. Afinal, elas envolvem constantemente mutilações, lacerações, carbonizações, egocentrismo, etc. Também pecando tecnicamente ao unir live action com a animação 2D, o exemplar em 1996 deixava já a desejar mesmo que nesta mesma empreitada Uma Cilada para Roger Rabbit (1988) tenha se saído tão bem oito anos antes. Oito anos?! Mary Poppins já era bem mais eficiente em 1964. – por Yuri Correa
BASEBALL
Top Movie: Uma Equipe Muito Especial (A League of Their Own, 1992)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 108 milhões // Todos os filmes: US$ 1,1 bilhão
O baseball é um esporte absurdamente popular… nos Estados Unidos! Nos demais países – como o Brasil, por exemplo – é um verdadeiro bicho de sete cabeças. As ordens são confusas, as técnicas estranhas, os atletas comemoram quando erram e torcem pelo acerto de outros, e as regras nem sempre se aplicam da mesma forma. No entanto, como a maior fábrica exportadora de cinema de todo o mundo fica em Hollywood, constantemente somos confrontados com filmes sobre o gênero – e eles não são poucos. Mesmo assim, foi preciso assumir um outro ponto de vista – o feminino, no caso – para termos uma obra com essa prática esportiva como tema que realmente conseguisse viajar por todo o mundo. Com direção de Penny Marshall e astros como Tom Hanks, Geena Davis e até Madonna entre os protagonistas, temos aqui um longa baseado em um fato real, sobre a temporada em que as mulheres foram as grandes estrelas, no início dos anos 1940, quando os homens haviam sido enviados para a Segunda Guerra Mundial. Nacionalismo, feminismo, igualdade e preconceito, elementos polêmicos e motivadores de grandes discussões, mas que aqui são abordados com muita sensibilidade e emoção. – por Robledo Milani
BOXE
Top Movie: Rocky IV (Rocky IV, 1985)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 128 milhões // Todos os filmes: US$ 1,2 bilhão
Quando vemos um esporte sendo envolvido em um filme, geralmente o que se acompanha é uma história de superação, de maneira que não é raro chegarmos ao final da projeção nos sentindo vitoriosos de alguma forma (isso quando nos identificamos com as figuras vistas na tela, é claro). Nesse sentido, o boxe é uma das modalidades mais bem sucedidas no cinema. O filme de maior sucesso comercial do esporte até pode ser o fraco Rocky IV, que com seu subtexto político e alguns momentos constrangedores resultou no pior exemplar da bela série estrelada por Sylvester Stallone, mas ele já fez parte de várias obras memoráveis. Nisso entram produções como Touro Indomável (1980) e Menina de Ouro (2005), além de outras que se não são clássicas, ainda assim são muito bacanas, como O Lutador (1997), Hurricane: O Furacão (1999) e O Vencedor (2010). Certamente ainda veremos muitos filmes interessantes trazendo esse esporte nocauteador. – por Thomas Boeira
FUTEBOL AMERICANO
Top Movie: Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009)
Bilheteria EUA – Este filme: US$ 256 milhões // Todos os filmes: US$ 1,4 bilhão
Se no Brasil o futebol é o ópio do povo, nos Estados Unidos o futebol americano é o seu equivalente. Ainda que o baseball e o basquete sejam bastante populares, não existe outro esporte que gere tanto falatório por aquelas bandas – e tanta audiência, já que a final do campeonato de futebol americano, o Super Bowl, é o programa mais visto da televisão norte-americana. Por isso, não chega a ser surpresa que um filme como Um Sonho Possível tenha levado tantas pessoas ao cinema. Alia-se o fato de se tratar de uma história real que tem a superação, a quebra de barreiras, como principal mote e está selado um filme de sucesso. Ajudou também Sandra Bullock, uma das atrizes mais populares da América, ter uma atuação de destaque, vencedora de Oscar. Ainda que não seja necessariamente um filme de esporte – o futebol americano é uma forma de o protagonista ascender e encontrar seu lugar no mundo – Um Sonho Possível é um bom drama, típico filme para se ver com a família. Agora, se o espectador procura por filmes que tratem deste esporte com mais proeminência na trama, títulos como Duelo de Titãs (2000) e Um Domingo Qualquer (1999) são mais recomendáveis. – por Rodrigo de Oliveira