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Top 10 :: Fantasmas

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Buh! Quem nunca levou um susto com uma suspeita de fantasmas ou espíritos ao redor? Seja na vida real ou na ficção, aparições do além sempre causam aquele frio na barriga e a vontade de sair correndo. Especialmente se você morar em um local com passado nebuloso, com tramas sórdidas de assassinatos e afins. Ou tiver contatos imediatos com a outra vida. Ou ama muito alguém que partiu. Pois é. Todos estes temas já foram trabalhados de diversas formas no cinema, seja em dramas, comédias, animações, suspenses, filmes de terror… ou terrir, como é o caso de Caça-Fantasmas, nova versão dos grandes sucessos dos anos 80 e que está de volta às telonas com um elenco completamente feminino. Pois este o nosso grande motivo para selecionar dez das melhores produções com fantasmas que já passaram pelas telas. Ainda há muitos outros títulos que ficaram de fora, mas tentamos ao máximo contemplar todos os gêneros. Então, confira e curta a nossa lista da vez!

 

Os Inocentes (The Innocents, 1961)
Livremente inspirado no livro A outra volta do parafuso, de Henry James, Os Inocentes é um clássico do suspense psicológico. Ambientado em uma mansão gótica na era Vitoriana, Deborah Kerr interpreta a jovem governanta Sra. Giddens, contratada por um aristocrata após o falecimento da empregada anterior. O objetivo é que Giddens substitua a criada anterior e dê assistência na criação das crianças, já que o tio é distante e ausente. O trabalho começa a ganhar tons obscuros quando a governanta começa a ter visões da ex-funcionária morta e um homem misterioso. Os eventos sobrenaturais começam a se tornar constantes na mansão e a sanidade de Giddens começa a ser colocada à prova com a desconfiança de que as visões são, na realidade, fantasmas dos criados mortos que estão tentados a possuir as crianças. A direção de Jack Clayton é de uma riqueza psicológica pouco vista nos suspenses e filmes de horror da época, trazendo jogo de sombras, luzes e foco. O legado do filme ultrapassa décadas chegando a inspirar, em 1980, a cantora Kate Bush a escrever a canção “The Infant Kiss”, além de influenciar o cineasta Alejandro Amenábar na realização de Os Outros (2001). – por Renato Cabral

 

O Iluminado (The Shining, 1980)
A recepção do público e da crítica quando o longa de Stanley Kubrick chegou aos cinemas não foi das melhores. Além de ter ficado aquém do esperado nas bilheterias, recebeu o desprezo de muitos. Ainda bem que o tempo soube valorizar a obra. Apesar do que o imaginário comum possa ter criado, o tal “iluminado” do título não é o protagonista, e sim seu filho, o pequeno Danny (Danny Lloyd, de apenas 6 anos, que nunca mais trabalhou no cinema após esse filme). O menino, assim que chega no hotel, percebe algo estranho. Quem o alerta é um velho mordomo, pois o garoto, assim como ele, seria dotado de um talento especial para se comunicar com espíritos “de hoje e de amanhã”. E se visões de crianças, antigos hóspedes e até uma perigosa visita ao quarto 237 passam a lhe perturbar, não será nada comparado ao que irá acontecer com o pai (Jack Nicholson), que passará a se comunicar com o zelador assassino, que lhe incutirá a ideia de repetir os mesmos atos por ele cometidos naquele lugar anos antes. Frases e expressões como “all work no play makes Jack a dull boy” (algo como “só trabalho sem diversão fazem de Jack um bobão”) e “redrum” (murder, ou assassinato, ao contrário) entraram para a história do cinema por vários fatores, elementos que foram sendo descobertos aos poucos, ganhando valor e relevância graças ao culto estabelecido por fãs e apreciadores de O Iluminado ao longo das décadas seguintes. – por Robledo Milani

 

Os Caça-Fantasmas (Ghost Busters, 1984)
Os Caça-Fantasmas é um dos filmes que melhor resumem o cinema pipocão da Hollywood dos anos 1980. Com um abuso descompromissado dos efeitos analógicos (o novo brinquedo dos produtores na época), o diretor Ivan Reitman, que jamais voltaria a acertar tanto em sua carreira, conduz uma comédia com pinceladas de horror (ou, sejamos honestos, “terrir”) recheada de sexy appeal e gags recorrentes. Partindo já da boa ideia de basear os Caça-Fantasmas em um antigo posto de bombeiros, associando-os a um serviço social essencial, o longa-metragem soma pontos com o Stay Puft, famoso monstro gigante de marshmallow que se torna o grande algoz a ser derrotado. Uma figura rechonchuda que já surge em cena hilária, justamente pelo contraste entre sua concepção visual adorável e as ações destrutivas. Além disso, tendo também uma grande quantidade de efeitos práticos, o projeto envelheceu com elegância, mantendo seu charme em sequências como aquela em que muitas mãos demoníacas saem de dentro de uma poltrona, ou outra em que vemos Dana ser levantada da cama por uma força invisível. A diversão e o entrosamento do time principal ainda conduzem com facilidade o espectador pelas quase duas horas de duração – se por nada, ao menos para ver Stay Puft surgindo, o que é sempre algo notável. – por Yuri Correa

 

Os Fantasmas se Divertem (BeetleJuice, 1988)
Tim Burton sempre deixou claro seu senso de humor sombrio, e talvez por isso fantasmas sejam figuras recorrentes em sua filmografia, presentes em títulos tão diversos quanto a animação A Noiva Cadáver (2005) como a comédia Sombras da Noite (2012). Porém, é importante perceber que esse apreço não é recente, como indica o batismo nacional desse que foi um dos seus primeiros sucessos. Lançado no início de sua carreira, conta também com outro de seus artífices recorrentes: o falso protagonista. Afinal, o fantasma Beetlejuice até pode ser o personagem-título, mas fala-se muito mais dele do que se pode vê-lo de fato em cena. Afinal, esta é a história de Adam (Alec Baldwin) e Barbara Maitland (Geena Davis), dois recém mortos que precisam aprender como lidar nessa nova condição, ao mesmo tempo em que a necessidade de livrar a antiga casa onde moravam dos novos locatários. Winona Ryder é a garota gótica que proporciona a ponte entre os dois mundos – dos vivos e dos mortos – enquanto que Michael Keaton dá um show como esse demônio do além que quer se divertir a todo custo, independente das consequências. Uma fantasia alucinante, vencedora de um Oscar e cuja esperada continuação finalmente foi anunciada para 2017! – por Robledo Milani

 

Os Fantasmas Contra-Atacam (Scrooged, 1988)
Bill Murray era uma figura fácil em filmes com fantasmas na década de 1980. Foi Peter Venkman nos Os Caça-Fantasmas (1984) e em sua continuação, em 1989. Um ano antes de retornar a vestir o uniforme e carregar a mochila protônica, o ator viu as forças do além se voltarem em vingança. Uma brincadeira da tradução brasileira, visto que os filmes não têm nada em comum a não ser o ator. Nesta produção assinada por Richard Donner, Murray vive uma versão moderna de Ebenezer Scrooge, clássico personagem de Um Conto de Natal, talvez a história natalina mais adaptada para o cinema, assinada por Charles Dickens. Na trama, o astro é Frank Cross, responsável pela programação de um canal de tevê que, na véspera de Natal, fará uma adaptação caríssima do clássico de Dickens. Assim como Scrooge, Cross é um sujeito detestável, sovina e irascível. No dia 24 de dezembro, é visitado pelo fantasma de seu mentor e descobre que três outros fantasmas o encontrarão, mostrando o passado, o presente e o futuro, na tentativa de mudar suas atitudes e ainda salvar sua alma. Assim como no sucesso anterior citado acima, as risadas aqui são mais presentes que os sustos. De qualquer forma, a maquiagem realizada nos atores que vivem os fantasmas é ótima e garantiu ao filme uma indicação ao Oscar nesta categoria. – por Rodrigo de Oliveira

 

Ghost: Do Outro Lado da Vida (Ghost, 1990)
Um dos romances mais famosos dos últimos 30 anos, o longa estrelado pela trinca Demi Moore, Patrick Swayze e Whoopi Goldberg é também um dos mais bonitos e divertidos deste período. A história do jovem bancário que descobre uma fraude milionária onde trabalha, é assassinado por um concorrente e acaba voltando em espírito para alertar seu grande amor e descobrir quem o matou já foi vista e revista diversas vezes na telinha. O sucesso estrondoso da época, as indicações e prêmios do Oscar e os elogios da crítica não são o bastante para definir a comoção que o longa causa. Sabe amor romântico, daqueles de deixar qualquer um com o lencinho preparado no bolso? Pois é o que assistimos aqui. O melhor de tudo: dificilmente cai na breguice, mesmo que em alguns momentos seja difícil se conter. E a retratação dos fantasmas, ainda que datada para os efeitos visuais de hoje, continuam causando bons sustos. A falsária Mae Brown que o diga. Nem tem muito mais o que falar desta dramédia romântica. O melhor é parar e assistir para ter a certeza que, independente de aparições, ao final, “o amor verdadeiro levamos conosco“. Ao menos, é o que o filme diz. – por Matheus Bonez

 

Gasparzinho: O Fantasminha Camarada (Casper, 1995)
Criado em 1939 por Seymour Reit e Joe Oriolo, o fantasminha camarada Gasparzinho teve sua primeira aparição na tela grande no curta The Friendly Ghost (1945). Levou-se, portanto, exato meio século para que o personagem ganhasse uma adaptação à altura do seu sucesso. Com direção do novato Brad Silberling, o filme parte de um argumento clássico do gênero – família, ou melhor, pai e filha se mudam para uma mansão abandonada em busca de explicações para terríveis fenômenos paranormais. E se há, de fato, três fantasmas no lugar prontos para as maiores confusões, lá também é lar do pequeno Gasparzinho, cuja índole é muito mais pura e inocente que a dos seus irmãos endiabrados. Bill Pullman ainda não havia estrelado o campeão de bilheteria Independence Day (1996) e Cathy Moriarty (indicada ao Oscar por Touro Indomável, 1980) e o ex-Monty Python Eric Idle são meros coadjuvantes de luxo de Christina Ricci, a verdadeira estrela da história e melhor amiga do fantasminha. A combinação – que contou ainda com produção de Steven Spielberg – funcionou tão bem que rendeu quase US$ 300 milhões nas bilheterias de todo o mundo e ganhou ainda uma continuação, Gasparzinho e Wendy (1998), lançada diretamente em vídeo. – por Robledo Milani

 

O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999)
I see dead people“. Ou “eu vejo pessoas mortas“. No Brasil ou no mundo, esta sentença virou um grande jargão na hora de falar em qualquer filme de fantasmas ou espíritos. Mérito de M. Night Shyamalan, no auge de seu sucesso, quando o diretor descobriu a fórmula mágica para criar um suspense em que a maior história não era apenas o garoto que enxergava espíritos em qualquer canto, mas sim em como ele lidava com isso com a ajuda do psiquiatra interpretado por Bruce Willis, talvez na melhor atuação de sua carreira. Porém, o longa não seria nada sem o então pequeno Haley Joel Osment como o protagonista/coadjuvante (a eterna dúvida), que em sua contenção dramática extrapolava uma força imaginável sobre seu personagem. Tem ainda o plus de Toni Collette como a mãe do rapaz, que não consegue entender nada do que acontece até uma bela e tocante cena em que fala com sua irmã. É claro que sustos não faltam, ainda mais quando os fantasmas tomam forma – e nem sempre das mais agradáveis. De forma discreta, o diretor consegue causar medo e empatia no espectador na mesma medida. – por Matheus Bonez

 

Os Outros (The Others, 2001)
Grace Stewart e os filhos aguardam o patriarca retornar da guerra em um isolado casarão imerso em uma neblina que nunca se dissipa. As crianças são fotossensíveis e vivem em uma penumbra com as janelas cobertas e, no máximo, à luz de velas. Com a chegada de três novos funcionários que substituem os outros que simplesmente desapareceram sem deixar pistas, a casa começa a se mostrar assombrada. Barulhos estranhos, portas que se abrem e cortinas que somem das janelas. Alguma força sobrenatural parece estar tomando conta do casarão. A rigidez da matriarca, em interpretação excelente de Nicole Kidman, no auge da carreira, mostra uma mulher cega pelo luto e presa ao passado. Dirigido e escrito pelo espanhol Alejandro Almenábar (de Preso na Escuridão, 1997), o filme contou com a produção dos Irmãos Weinstein, ainda quando dirigiam a Miramax e Dimension Films, e do ex-marido de Kidman, Tom Cruise. O sucesso estrondoso elevou ainda mais a carreira da australiana, que havia lançado no mesmo ano Moulin Rouge – Amor em Vermelho (2001), e para o público se tornou um dos suspenses mais marcantes do começo dos anos 2000 ao seguir uma linha muito próxima de O Sexto Sentido (1999), de M. Night Shyamalan e Os Inocentes (1961), de Jack Clayton. O desfecho final continua um dos mais memoráveis da história recente do cinema sobrenatural. – por Renato Cabral

 

ParaNorman (2012)
ParaNorman é apenas o segundo longa-metragem da Laika, mas ao lado de seu antecessor, Coraline e o Mundo Secreto (2009), já estabelece o estúdio como um dos mais criativos e competentes no ramo da animação. Feito inteiramente em stop motion, o filme conta a história de Norman (Kodi Smit-McPhee), um menino solitário e obcecado por filmes de terror, que possui a extraordinária habilidade de ver e conversar com os mortos. É difícil dizer o que faz deste um filme tão especial: além da animação impecável – fica evidente em cada frame a atenção dada pelos realizadores até aos mínimos detalhes – é também uma carta de amor aos filmes de terror, recheado de referências a clássicos do gênero e com direito até à uma sequência que homenageia filmes B de zumbis das décadas de 50 e 60. Com uma história cativante que trata, além de bruxas, zumbis e fantasmas, de empatia e aceitação, ParaNorman é divertido, visualmente impressionante e obrigatório para quem gosta de animação e filmes de terror. E mais: o longa traz o primeiro personagem abertamente homossexual numa animação infantil, ainda que isso seja mero detalhe na história. – por Marina Paulista

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