top10 filmes sobre rodas papo de cinema

Desde sua invenção no começo do Século XIX, o automóvel sempre fascinou o homem, que logo encontrou outras utilidades para a sua descoberta que não fosse o simples transporte de seres humanos. E se tudo vira filme, como que um dos itens de maior presença na vida cotidiana do cidadão atual não iria figurar como assunto principal em alguns longas-metragens? Mais do que alguns, pode-se dizer. Como na vida real, às vezes eles são uma paixão, ou um hobby, outras uma necessidade, um meio, e para tantos, um inimigo a ser combatido. Do monstruoso caminhão de Encurralado, tão ameaçador como uma fera, passando pelos velozes e apaixonantes veículos de Fórmula Um de Rush, até àqueles improváveis e alucinantes de Speed Racer, a equipe do Papo de Cinema decidiu reunir em um Top 10, aproveitando a estreia de Need for Speed nos cinemas, bons filmes nos quais os veículos automotores são, de alguma forma, indispensáveis a sua trama. Então, caros leitores, chaves nas ignições, engatar a primeira marcha e… Quando alcançarem a linha de chegada, não deixem de comentar sobre os que acham que também deveriam figurar nesta lista. GO!

 

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Bullit (1968)
Bullitt não é o que se pode classificar como um genuíno filme sobre rodas, já que a maior parte de sua ação transcorre longe de qualquer veículo. Mesmo assim, sua referência na presente lista é obrigatória em consequência da antológica sequência de perseguição que transcorre ainda muito antes do clímax da produção. Em seus 10 aflitivos minutos de duração, ela é o ponto áureo de todo o filme dirigido por Peter Yates. Interpretado pelo icônico Steve McQueen, nome hoje mais reconhecido no cineasta homônimo de filmes como Shame (2011) e 12 Anos de Escravidão (2013), Bullitt é um detetive que já demonstrava aptidões impressionantes para confrontos intelectuais, físicos e automobilísticos muito antes de Jason Bourne. O ator e exímio piloto, que também entrou para a história do cinema por fazer o tipo anti-herói e por sua morte precoce aos 50 anos, conduz fantasticamente o duelo entre dois carros pelas ruas irregulares de San Francisco. Sua habilidade sob rodas era tamanha que foi devidamente reconhecida e homenageada pela Pixar, com o protagonista de Carros (2007) Relâmpago McQueen. – Por Conrado Heoli

 

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Sem Destino (1969)
Talvez Sem Destino seja o filme mais importante da contracultura americana. Dirigido por Dennis Hopper e repleto de histórias de produção que dão por si uma narrativa à parte sobre o período, é um filme feito para desafiar o status quo, pois faz apologia a uma vida sem as pressões do relógio, dos patrões, das contas e demais compromissos coloquiais, ou seja, tem por princípio a liberdade e a demolição das convenções sociais. Da trilha sonora aos planos das motocicletas cruzando estradas, sobretudo à beira de cidadezinhas preconceituosas e resistentes aos movimentos de revolução que já tomavam conta das metrópoles, tudo em Sem Destino remete à iconoclastia que parece mesmo ter guiado o diretor Hopper, ele que, até onde se sabe, fez o diabo para manter seu filme o mais anárquico possível. Sem perceber, inaugurou a chamada Nova Hollywood, momento em que os grandes estúdios foram salvos justamente pelas mudanças que o cinema capturava das ruas. Sem Destino é mais que um longa, é um documento de época valioso. – Por Marcelo Müller

 

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Encurralado (1971)
Steven Spielberg era um novato cineasta quando assinou Encurralado, uma produção para a tevê que o transformou em nome quente em Hollywood. A trama é enxuta, simples e muito bem executada. Sujeito comum se vê às voltas com um caminhoneiro que, sem motivo aparente, começa a persegui-lo na estrada. O roteiro é basicamente isso. Mas a força da ameaça daquele monstro de rodas e do seu motorista sem rosto significam um verdadeiro pesadelo para o “herói” da história, vivido por Dennis Weaver, e para os espectadores que o acompanham. Estamos sempre junto do protagonista, encarando seu medo, testemunhando sua angústia, andando de carona com esta possível vítima. Spielberg filma o caminhão de forma ameaçadora, como se o veículo em si fosse o vilão, não o homem atrás do volante. Com tensão e boas cenas de perseguição escalando até um final bombástico, Encurralado acabou sendo a oficina perfeita para Spielberg treinar seu talento. O diretor voltaria à estrada na produção seguinte, Louca Escapada (1974), desta vez com um elenco encabeçado pela então estrela emergente Goldie Hawn, e usaria a atmosfera de suspense novamente (e de forma bem sucedida) em Tubarão (1975) poucos anos depois. – Por Rodrigo de Oliveira

 

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Christine: O Carro Assassino (1983)
John Carpenter. Stephen King. A simples menção à união de dois mestres do terror em suas respectivas áreas já dá a ideia do que esperar de Christine: O Carro Assassino. Na verdade, é um verdadeiro guilty pleasure, pois de bom o filme tem muito pouco, a não ser o argumento principal: um automóvel com instinto assassino que “possui” a mente de seu dono, mas também comete suas mortes sozinho – ou sozinha, já que seu nome é do gênero feminino. Porém, muito além das matanças sobre rodas, com atropelamentos, asfixias e afins, o longa também trata da complexa e atual relação obsessiva do homem com a máquina. É o que acontece com Arnie (Keith Gordon), que fica tão dependente do veículo quanto o mesmo dele. E ai de quem se meter nesta relação doentia dos dois. Christine pode até pecar se revisto nos dias atuais, mais por seus clichês do gênero, turmas de adolescentes, o nerd, a patricinha, o capitão da torcida, etc. Porém, um olhar apurado revela que a obra tem muito mais por baixo da casca. Não à toa se tornou parte da lista de filmes de terror cult que muitos adoram por aí. – Por Matheus Bonez

 

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Velocidade Máxima (1994)
Nem sempre dizer que este ou aquele filme é muito “Sessão da Tarde” implica em um demérito, ainda mais se lembrarmos que filmes como Conta Comigo (1986) e Curtindo a Vida Adoidado (1986), entre outros igualmente irretocáveis, já foram figurinhas marcadas desta programação. Um dos icônicos membros desta lista é Velocidade Máxima, um thriller de ação contagiante do início ao fim, que através de sequências inventivas e muito, muito tensas, prendem o espectador na ponta da cadeira enquanto dura. Tendo de lidar com um terrorista interpretado por Dennis Hopper (maléfico e brilhante na medida certa), o policial Jack Traven (Keanu Reeves) se descobre à bordo de um ônibus que não pode diminuir sua velocidade – caso contrário, irá explodir. Contando com a ajuda de uma carismática passageira, Annie (Sandra Bullock), os dois, junto com a polícia, terão de encontrar um modo de tirar todos os passageiros do veículo a salvos. E embora a maior parte da (excelente) ação se passe dentro do coletivo, o filme não se poupa de explorar cenas envolvendo elevadores, aviões, carros, carrinhos, perseguições a pé, um trem (!) e até mesmo uma ponte inacabada; que gera o seu melhor e mais lembrado momento, merecidamente. Obrigatório! – Por Yuri Correa

 

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Crash: Estranhos Prazeres (1996)
A fetichização das máquinas, e especialmente dos carros, ganhou uma abordagem inusitada no filme de David Cronenberg. Inspirado pelo livro de J.G. Ballard, o cineasta enquadra a erotização do automóvel a partir das condutas sexuais incomuns de personagens orientados pelo prazer resultante de acidentes automobilísticos. Em Crash, James Ballard (James Spader), casado em um relacionamento aberto com Catherine (Deborah Kara Unger), envolve-se em um acidente que causa a morte do marido de Helen Remington (Holly Hunter), de quem se torna amante. Por Helen, James conhece um grupo de aficionados por acidentes e acidentados que tem o costume de encenar fielmente colisões fatais ocorridas com famosos – em uma nítida metáfora para o fazer cinematográfico. Porém, a certo ponto as representações já não são mais suficientes, fazendo os envolvidos migrarem da encenação do ocorrido com outros para o protagonismo de seus próprios acidentes, experimentando assim o prazer provindo de embates rodoviários personalizados. Em seu filme, Cronenberg lida com alguns elementos recorrentes em sua obra, como as pulsões sexuais transgressoras, os personagens com traços suicidas, as transformações corporais decorrentes das relações entre corpo e tecnologia, e as identidades híbridas de tipos em processo de reconfiguração. – Por Danilo Fantinel

 

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À Prova de Morte (2007)
Se a velocidade já mexe com a imaginação de grande parte dos cinéfilos, não ia fazer mal misturá-la com um slasher movie, os famosos filmes de serial killer que começaram a fazer sucesso nos idos dos anos 1970. Olhos Famintos (2001), de Victor Salva, já havia dado uma pincelada no tema de forma fantasiosa, mas foi Tarantino e seu À Prova de Morte quem elevou a combinação a sua máxima octanagem. Rodado num estilo que faz lembrar os filmes B exibidos em sessões duplas nos Estados Unidos, o longa acompanha dois grupos de belas garotas, no melhor estilo Russ Meyer, enquanto elas são perseguidas por um motorista maluco e sua máquina indestrutível. A cena em que a câmera “gira” em torno de uma mesa durante uma conversa, num longo plano sequência, além das perseguições alucinadas pela estrada são apenas alguns dos pontos altos de À Prova de Morte. Para quem gosta de carros e armas, não há melhor exemplo de ver as duas coisas fundidas numa só. – Por Dimas Tadeu

 

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Speed Racer (2008)
Depois do fim da trilogia Matrix, ficou a dúvida com relação a qual projeto os irmãos Andy e Lana Wachowski se dedicariam em seguida. A resposta veio em Speed Racer, adaptação do anime de Tatsuo Yoshida lançada em 2008. No entanto, o resultado acabou fracassando feio diante de público e crítica. E isso é uma pena, porque o filme é divertidíssimo. Contando com um trabalho de design de produção fabuloso e uma montagem ágil repleta de momentos inspirados, o longa se revela uma surpresa tanto do ponto de vista estético quanto do narrativo. E se os Wachoswki acertam em cheio na condução das empolgantes corridas vistas ao longo da história, o mesmo pode se dizer sobre o elenco que conseguiram, que traz um carisma essencial para os personagens, desde Emile Hirsch como o personagem-título até John Goodman como Pops Racer. Todos esses elementos combinados fazem com que Speed Racer tenha uma energia absolutamente contagiante, fazendo jus ao rico universo de seu material original. – Por Thomas Boeira

 

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Drive (2011)
Prematuramente cultuado, o violento Drive, de Nicolas Winding Refn, se tornou sensação pela história e pelos ícones que apresenta. Em uma jornada de perseguição e fuga da máfia, Ryan Gosling interpreta o quieto protagonista, que de dia é dublê e mecânico, mas à noite se transforma em um motorista que auxilia em roubos. Tudo muda nessa história no momento em que ele conhece sua vizinha Irene e o marido Standard, recém-saído da prisão. Em seguida, o motorista decide convida Standard, com o objetivo de ajudar o ex-detento, a participar de um assalto. Mas tudo dá errado e, para fugir dos mafiosos, correr com o carro mais potente não adiantará. Utilizando diversos modelos de veículos que poderiam ser chamados de retrôs, Drive tem nos automóveis coadjuvantes que externam muito da personalidade dos personagens que os pilotam. O Ford Mustang pilotado por Ryan Gosling em algumas cenas é tão marcante quanto a icônica jaqueta de couro com estampa de escorpião usada pelo protagonista. – Por Renato Cabral

 

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Rush: No Limite da Emoção (2013)
O automobilismo é uma atividade do estilo ‘ame ou odeie’. Há os aficionados, enquanto que outros até se questionam se tal prática pode mesmo ser considerada um esporte. O espectador americano, geralmente, tende mais para essa segunda posição. Talvez seja por isso que o cinema hollywoodiano tenha explorado tão poucas vezes esse elemento em suas produções. E entre clássicos como 500 Milhas (1969), com Paul Newman (ele próprio foi um entusiasta) e a frustrante animação Carros (2006), da Pixar, finalmente tem-se um representante à altura do frenesi que os corredores afirmam sentir: Rush: No Limite da Emoção, de Ron Howard. Chris Hemsworth e Daniel Brühl reencenam a temporada épica de 1976, quando os corredores James Hunt e Niki Lauda disputaram passo a passo a liderança do campeonato. Rivalidade, admiração e um cuidadoso olhar sobre a vida íntima dos protagonistas se aliam a uma trilha sonora envolvente e um trabalho de edição impressionante, neste que talvez seja o filme mais empolgante do gênero. Uma surpresa indicada para os fãs mas, principalmente, para aqueles que ainda buscam encontrar a magia exercida por uma corrida de automóveis. Afinal, a resposta está aqui. – Por Robledo Milani

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