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Top 10 :: Piratas

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Hoje em dia o termo pirata é muito utilizado para designar alguém que “usurpa” e disponibiliza/vende algo na internet de maneira ilegal, tal como filmes, músicas, softwares e o que mais a rede suportar. Mas, piratas, mesmo, são aqueles que navegam pelos sete mares, pilhando e saqueando embarcações ou cidades em busca de riquezas. O estereótipo mais conhecido desses bucaneiros é o dos Piratas do Caribe, que navegavam na Europa entre os séculos XVI e XVIII. Essas figuras que rimam com aventura foram muito utilizadas no cinema, desde a Era de Ouro de Hollywood, passando por animações contemporâneas e atualizações alinhadas às novas conjunturas sócio-políticas do mundo. A Saga Piratas do Caribe, empreendimento encabeçado pelo produtor Jerry Bruckheimer, resgatou os corsários ao grande público. Exatamente por conta de seu novo capítulo, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (2017), resolvemos fazer este apanhado dos melhores filmes sobre piratas. Confira.

 

 

A Ilha do Tesouro (Treasure Island, 1950)
Emblemática por ser a primeira produção dos estúdios Disney sem qualquer animação, a adaptação aos cinemas do clássico da literatura infanto-juvenil escrito por Robert Louis Stevenson é pautada pela aventura. O protagonista é o menino Jim Hawkins (Bobby Driscoll), que se vê no meio de uma disputa entre marinheiros e piratas por um tesouro. O fato de no filme não vermos sequer uma mulher é bastante significativo, pois se reporta à predominância masculina no que tange à representação dos bucaneiros. Quanto ao tom, mantem-se a abordagem voltada essencialmente aos mais jovens, afinal de contas as experiências são filtradas pela percepção de uma criança entusiasmada por participar de algo tão importante e repleto de riscos. Long John Silver (Robert Newton) é o pirata clássico, com direito a chapéu chamativo e papagaio no ombro. O perigo se apresenta como um efeito colateral dessa verdadeira caça à fortuna escondida num local desconhecido. Exibido primeiramente na televisão, meio sensação na época de seu lançamento, o filme ganhou mais tarde às telonas. Com o passar do tempo, se consolidou um dos live-actions mais lembrados da Disney, justamente por levar ao cinema um pouco das peripécias dos piratas que pilhavam o que viam pela frente. – por Marcelo Müller

 

O Tesouro do Barba Ruiva (Moonfleet, 1955)
Quando mencionamos o nome do alemão Fritz Lang entre os grandes cineastas da história, geralmente nos reportamos às suas realizações expressionistas, pelas quais ganhou notoriedade. Contudo, ele também construiu uma profícua carreira hollywoodiana, incursionando por diversos gêneros, entre os quais o western, o noir e, principalmente, o filme de aventura, notabilizando-se no cinema norte-americano.  Neste longa-metragem lançado em 1955, a exuberância da cor contrasta, de cara, o chisroscuro típico do expressionismo. Na trama, o jovem John Mohune (Jon Whiteley) visita Fox (Stewart Granger), personagem moralmente ambíguo, ex-amante de sua mãe, que mantém relações com contrabandistas. Obrigados a fugir por conta de uma denúncia, eles encontram um diamante mítico chamado de O Tesouro do Barba Ruiva, espólio do famoso pirata que teria navegado pelos sete mares. Passado no século XVIII, ou seja, ainda durante a chamada Era de Ouro dos Piratas, este filme de Lang, embora verse, no fundo, sobre um dilema de paternidade, foi um fracasso de bilheteria, mas goza hoje de muito prestígio, especialmente junto à crítica. Para termos uma ideia, em 2008 a revista francesa Cahiers du Cinéma colocou este longa-metragem na 32ª posição, numa lista dos 100 melhores filmes já feitos.  – por Marcelo Müller

 

Piratas (Pirates, 1986)
Após sete anos de hiato, Roman Polanski retornou com um projeto inusitado: uma aventura de piratas, filão há tempos desgastado junto ao público. A trama relata as aventuras do lendário Capitão Red (Walter Matthau), pirata inglês atrapalhado e bufão, mas igualmente engenhoso. Com seu navio afundado, ele se vê à deriva ao lado do fiel escudeiro francês, “Frog” (Cris Campion), conseguindo adentrar uma embarcação espanhola liderada por Don Alfonso (Damien Thomas). Feito prisioneiro, Red descobre que os espanhóis carregam um trono de ouro asteca, e utiliza sua astúcia para organizar um motim, tomando o comando do galeão e fazendo de refém María-Dolores (Charlotte Lewis), filha do governador de Maracaibo. Investindo num humor que vai do pastelão à ironia mais elaborada, Polanski realiza um trabalho irregular, mas que possui seus momentos, engrandecidos pelos suntuosos valores de produção – o navio real construído especialmente para o filme, a direção de arte, os figurinos indicados ao Oscar. Porém, o grande destaque fica com Matthau, que encarna um pirata impagável, com direito a perna de pau e sotaque britânico. Mesmo assim, o longa de quarenta milhões de dólares foi um grande fracasso, mantendo uma sina dos filmes do gênero que se estenderia por mais alguns anos. – por Leonardo Ribeiro

 

A Princesa Prometida (The Princess Bride, 1987)
Do início dos anos 80 ao início dos 90, o diretor Rob Reiner emplacou uma sequência quase impecável de grandes trabalhos, entre os quais se encontra esta fábula aventuresca que adapta o livro de William Goldman. Reiner une a reverência e a sátira às convenções dos contos de fadas através da história contada por um avô (Peter Falk) ao neto (Fred Savage) sobre a bela Buttercup (Robin Wright), prometida em casamento ao Príncipe Humperdinck (Chris Sarandon), mas entristecida pela morte de seu verdadeiro amor, o camponês Westley (Cary Elwes), supostamente assassinado pelo temível pirata Roberts. Contudo, quando a futura princesa é sequestrada pelo trio composto do ardiloso Vizzini (Wallace Shawn), o espadachim espanhol Inigo Montoya (Mandy Patinkin), que busca vingança pela morte do pai, e o gigante Fezzik (André the Giant), é justamente o mascarado bucaneiro quem vem ao resgate. Com uma mistura equilibrada entre romance, humor, duelos de espadas e fantasia, o longa marcou a geração oitentista, tendo na figura imponente do pirata Roberts, vestido completamente de preto e dono de uma habilidade inigualável na esgrima, sua grande surpresa, quando este revela que é, na verdade, Westley, assumindo o disfarce para impedir o casamento e ter de volta sua amada. – por Leonardo Ribeiro

 

Hook: A Volta do Capitão Gancho (Hook, 1991)
Era sonho de Steven Spielberg levar sua versão de Peter Pan para os cinemas. Em vez de, no entanto, fazer uma mera adaptação da obra de J.M Barrie, o cineasta resolveu contar uma história diferente. E se o menino que nunca cresce, realmente amadurecesse? E, para piorar, o que aconteceria se o aventureiro Pan virasse um advogado gordo e almofadinha? Para contar essa trama, Spielberg trouxe um elenco de peso, encabeçado por Robin Williams, Dustin Hoffman e Julia Roberts, e concebeu uma aventura que, embora falha em alguns momentos, traz a Terra do Nunca como, até então, não havíamos visto. Uma das partes apaixonantes é a construção do navio pirata do Capitão Gancho e a concepção daquele universo bucaneiro. A direção de arte e o desenho de produção são impressionantes. Não apenas pelo tamanho do set, mas em virtude do esmero nos detalhes. O local é sujo, encardido, velho – assim com os piratas que lá habitam. Não bastasse isso, Hoffman, como Gancho, e Bob Hoskins, como Smee, fazem uma dobradinha certeira, divertindo com suas vilanices e planos maquiavélicos. Embora Gancho seja o principal, Smee se mostra um subalterno de valor – que, como todo pirata que se preza, esquece de qualquer lealdade quando a situação aperta. – por Rodrigo de Oliveira

 


A Ilha da Garganta Cortada
(Cutthroat Island, 1995)
É estranho que um dos filmes mais reprisados na Sessão da Tarde tenha sido um fracasso de bilheteria. Depois de uma época lucrativa nas décadas de 40 e 50, as aventuras protagonizadas por piratas haviam caído no esquecimento de Hollywood, tirando uma que outra exceção. Renny Harlin, jovem diretor, resolveu lançar sua esposa, a atriz Geena Davis, dentro do gênero após ela ter atuado numa série de comédias. A ousadia foi colocar uma mulher comandando um navio pirata que parte em busca de um tesouro, tendo como guia apenas a metade de um mapa escrito em latim, já que o filme utilizou as regras básicas de um típico exemplar de pirata, como duelos, tempestades e uma boa parte da tripulação caminhando na prancha em direção à morte. Se a direção e o elenco, que ainda conta com Matthew Modine e Frank Langella, não estão tão afiados, o público é compensado pela ótima trilha sonora e a direção de arte que bebe na fonte de clássicos como O Barba Negra (1960), de Raoul Walsh. – por Bianca Zasso

 

Saga Piratas do Caribe (2003-2017)
Baseado numa das atrações da Disney, a saga protagonizada por Johnny Depp uniu o carisma do ator aos talentos do versátil e visualmente apurado cineasta Gore Verbinski. Juntos, eles deram luz ao estrondoso sucesso que foi A Maldição do Pérola Negra (2003), seguido pelo melhor exemplar da trilogia original, O Baú da Morte (2006), esta que seria finalizada ainda pelo divertido No Fim do Mundo (2007). Sem Verbinski e parte do elenco principal, Navegando em Águas Misteriosas (2011) se mostrou um equívoco que tentou prolongar a vida de uma franquia que já havia encontrado um desfecho mais que apropriado. Pois, a verdade é que a saga de Jack Sparrow é mesmo aquela vista na trilogia comandada por Gore, com Keira Knightley e Orlando Bloom ao lado de Depp e Geoffrey Rush. Com ação inventiva e uma produção esmerada, além das magníficas composições de Hans Zimmer, os três primeiros filmes são percorridos por uma irreverência saborosa que torna cada revisita tão prazerosa quanto o primeiro encontro. O universo e mitologia daqueles bucaneiros é desenvolvido ao máximo, povoado em cada esquina, apesar da vastidão do oceano, e não há minuto de trama ou canto de cenário que não seja preenchido com um novo detalhe. – por Yuri Correa

 

Stardust: O Mistério da Estrela (Stardust, 2007)
Este filme é adaptado do romance escrito por Neil Gaiman e ilustrado por Charles Vess. Os fãs da obra original até podem torcer o nariz pelo excesso de humor (adulto, diga-se de passagem), mas o visual está praticamente condensado em cada take da caprichada produção. É em meio a belas pinturas que seguimos a história de Tristan (Charlie Cox), rapaz comum da Cidade da Muralha que se apaixona pela garota mais bonita da região (Sienna Miller). Para conquista-la, parte em busca de uma estrela cadente, que logo ele descobre ter o formato de uma pessoa. No caminho, os príncipes de Stormhold, uma bruxa que não quer envelhecer (Michelle Pfeiffer, excelente) e, claro, alguns piratas… que vivem no ar! Liderados pelo Capitão Shakespeare (Robert De Niro), eles são o melhor do filme, que conta com personagens e elenco acima da média por si só. Mas a trupe de ladrões, que pode parecer composta de reles coadjuvantes, a princípio, é central para o desenvolvimento da história, além de contar com uma revelação divertida, que quebra estereótipos de gênero. Uma excelente opção para quem quer fugir dos clichês de piratas, além de, claro, assistir a um belo filme com início, meio e fim, algo tão raro em produções do gênero. – por Matheus Bonez

 

Piratas Pirados! (The Pirates! Band of Misfits, 2012)
Piratas sempre foram uma garantia de sucesso no cinema, ainda que o gênero tenha passado por dificuldades nos anos 90 é só tenha retomado suas produções com o sucesso da Saga Piratas do Caribe. Após desfilar por todas as vertentes da sétima arte, faltava o toque de uma animação em stop motion, algo que o estúdio Aardman faz com perfeição. Como este filme, seguimos a história do Capitão Pirata, fracassado e atrapalhado comandante de uma tripulação em busca do reconhecimento do prêmio “Pirata do Ano”. Para isso eles precisam enfrentar os rivais Black Bellamy e Cutlass Liz, os maiores conquistadores dos sete mares nessa arte, só que o protagonista e sua frota são motivo de piada há tanto tempo que ninguém os leva a sério. Nem seus rivais. A sorte deles é encontrarem um tal Charles Darwin no caminho, que tem em mãos um dodô, animal em extinção que pode servir de grande de feito para o prêmio. E a trama cresce com um sem número de traições e trapalhadas que essa trupe causa por onde passa. O humor britânico se alia da melhor forma ao design de produção desses bonecos de massinha, causando risadas a todo instante e, claro, uma torcida pelo personagem principal, mesmo que sua ganância maluca possa até parecer sadomasoquista demais na busca pelo sucesso. Feito que o filme conquista a cada take. – por Matheus Bonez

 

Capitão Phillips (Captain Phillips, 2013)
Depois dos filmes da Saga Bourne e um currículo farto no quesito ação “realista”, o cineasta Paul Greengrass resolveu dirigir a história real do Capitão Phillips, que dá título ao projeto, vivido por Tom Hanks. Responsável por um navio cargueiro, cruzando os mares da Somália, o capitão tem sua embarcação abordada por um grupo de piratas somalis na costa da África. Distante da figura clássica dos bucaneiros com tapa olho e perna de pau, Muse, o líder dos algozes, é interpretado pelo estreante Barkhad Abdi – indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. A princípio vistos como selvagens, Muse e seus homens logo demonstram inteligência equiparada a dos navegadores, senão bem maior. Os confrontos entre eles passam a ser o motor da trama. Hanks e Abdi dividem, portanto, os melhores momentos do filme. Não deixa de ser interessante notar o ator, veterano e estabelecido, contracenando com o novato inexperiente, este que, ainda assim, fica à altura do colega de cena. Tenso e angustiante, o filme de Greengrass explora os piratas da vida real, e, portanto, não poderia ter encontrado cineasta mais apropriado em sua crueza para enfocá-los. – por Yuri Correa

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