Com a recente estreia de Frankenstein: Entre Anjos e Demônios (2013), o personagem criado por Mary Shelley em 1818 no livro Frankenstein ou O Moderno Prometeu ganhou aquela que é a versão de número 200! Esta linhagem teve início em 1910, em um curta-metragem dirigido por J. Searle Dawley. Desde então o monstro já teve noiva, filho, viajou ao futuro, brincou em videogames, esteve em animações, lutou contra outros tipos terríveis e muito mais. Foi por isso que pensamos, aqui no Papo de Cinema, nesse top com as cinco melhores visões sobre este homem construído a partir de pedaços de corpos já falecidos e que volta à vida graças ao poder da ciência – por mais maluco que isso possa parecer. E entre desenhos animados, comédias, versão clássicas e tramas que apostavam na fidelidade ao texto original, temos aqui o melhor de Frankenstein na sétima arte. Confira!
Frankenstein (1931), por Matheus Bonez
A primeira aparição do monstro de Mary Shelley nas telonas não poderia ter sido mais apoteótica. Com um Boris Karloff mais do que inspirado na pele do personagem, o diretor James Whale poderia ter deixado sua obra no piloto automático e ver o ator comandar o espetáculo. Mas não. Ao colocar o horror de forma contida, muito mais nas palavras do que nas imagens, o cineasta conseguiu inovar nos planos e na fotografia que dão destaque a cenas clássicas, como quando o monstro tenta alcançar o sol ou durante o afogamento de Maria. A escuridão toma conta. Boa parte, não apenas para manter o aspecto sombrio, mas por influência do expressionismo alemão, especialmente nos créditos iniciais. Não à toa este clássico do cinema é uma das obras mais copiadas quando se fala em produções de terror. Quase 80 anos depois não faltam referências à obra quando filmes do gênero (especialmente com monstros como protagonistas) adentram as telas dos cinemas. O recente Frankenweenie (2012), animação de Tim Burton, talvez seja um dos exemplos mais fortes – isto que a temática é outra e vai pelo viés cômico. Obrigatório na estante.
A Noiva de Frankenstein (1935), por Robledo Milani
Quatro anos após o sucesso de Frankenstein (1931), o cineasta James Whale voltou ao universo de Mary Shelley, mais uma vez contando com um impressionante Boris Karloff como protagonista. E se muitos acreditavam que o monstro e o cientista haviam morrido no final do longa anterior, aqui está a prova de que nada é verdadeiramente descartado em Hollywood quando o sucesso bate à porta. E, ao ouvirem o som das bilheterias, uma continuação não só foi providenciada, como também recebeu uma intensa aclamação dos fãs. Indicado ao Oscar (Melhor Som), com um orçamento mais generoso e com maior liberdade em sua realização, tem-se como resultado uma obra ainda mais assustadora, que investe nas perturbadoras ideias da escritora, aprofundando-as nos seus limites. Temas como solidão, confiança, generosidade e vingança perpassam por toda a trama, ao mesmo tempo em que se desenvolve com respeito a máxima que afirma que devemos ter cuidado com o que desejamos. Afinal, para quem achava que o monstro de Frankenstein era o último dos pesadelos, foi preciso perceber que o pior ainda estava por vir. Felizmente!
O Jovem Frankenstein (1974), por Yuri Correa
Mel Brooks foi um cineasta que, na maioria das vezes, impunha com talento o seu estilo, variando de comédias de gags à tramas famosas. Assim fez com Robin Hood, Drácula, faroestes, musicais e com a própria História do Mundo. E se digo “foi” não é porque morreu, mas porque não dirige nada há quase 20 anos. E de todas as suas “versões”, a mais inspirada e, portanto, a sua obra-prima cinematográfica, permanece sendo O Jovem Frankenstein, que tem como protagonista um descendente (Gene Wilder) do famoso médico que tentou reanimar um cadáver, decidido a dar continuidade ao trabalho de seu ancestral. Mergulhado em uma fotografia preto e branco que remete direto ao filme original, o longa de Brooks busca muitas vezes através de trocadilhos rápidos ou detalhes sutis trazer o riso. Há, claro, as sequências mais escrachadas e que funcionam tão bem quanto; neste ponto, o jogo de mímica improvisado e um show musical durante o clímax são hilários, por exemplo. Fora isso, a produção conta ainda com a participação de Marty Feldman, que com seus olhos estrábicos e arregalados rouba a cena sempre que surge em tela.
Frankenstein de Mary Shelley (1994), por Thomas Boeira
Dirigido e estrelado por Kenneth Branagh, Frankenstein de Mary Shelley coloca o inglês como o famoso Dr. Victor Frankenstein. Nosso primeiro contato com o personagem se dá em 1794, quando encontra o navio do Capitão Walton (Aidan Quinn), cuja tripulação foi atacada por um ser desconhecido. Victor conta sua história para Walton desde a infância até seus tempos de estudante em Genebra, quando realizou um experimento no qual deu vida a um suposto monstro que lhe trouxe apenas tragédia. Digo “suposto” porque Branagh trata com grande sensibilidade a Criatura (interpretada brilhantemente por Robert De Niro por trás de uma pesada maquiagem), sendo que ela mostra ser uma figura muito mais humana do que aqueles ao seu redor, que revelam uma crueldade gritante em vários momentos. Em determinada cena, o personagem diz “pela compaixão de um único ser humano, eu faria as pazes com todos”, uma fala que aponta sua solidão diante da sociedade. Frankenstein de Mary Shelley ainda conta com um design de produção fabuloso e um estilo teatral que casa perfeitamente com a história. Apesar de ser uma das melhores adaptações do livro de Mary Shelley, o filme é uma das obras mais subestimadas da década de 1990, tendo sido um fracasso de crítica e público quando lançado. E, infelizmente, até hoje não é tão prestigiado quanto deveria.
Frankenweenie (2012), por Robledo Milani
O monstro de Frankenstein sempre foi uma paixão do cineasta Tim Burton. Tema de um dos seus primeiros trabalhos – o curta homônimo de 1984 – Frankenweenie só chegaria às telas com toda a pompa e circunstância quase três décadas depois, nessa animação indicada ao Oscar e premiada como melhor do ano no gênero pelos críticos de Boston, Florida, Kansas, Los Angeles e Nova York. A estrutura é a clássica – cientista desesperado investe todo seu aprendizado na tentativa de recriar a vida – mas, ao invés de um ser desfigurado feito a partir de retalhos, temos um cachorro de estimação, e no lugar de um estudioso maluco, um garoto introspectivo e de poucos amigos, que busca salvar seu único companheiro. A técnica utilizada é primorosa, e o humor negro que permeia toda a ação é de uma rara inteligência, apontando para um dos melhores momentos do realizador. Se em Edward Mãos de Tesoura (1990) a homenagem à criação de Mary Shelley era explícita, e se é possível encontrar semelhanças nas tramas de Os Fantasmas se Divertem (1988), A Noiva Cadáver (2005) e até mesmo em Batman (1989), é somente em Frankenweenie que a referência se estabelece com toda a sua força, mostrando que mesmo após um século a inspiração segue mais atual do que nunca.
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