A partir da máxima de que, do clássico ao moderno, alguém precisava registrar essa história, o Cine PE 2016 começou bem: sala lotada nos quase 1000 lugares do Cine São Luiz, um dos mais tradicionais cinemas de rua que permanecem plenamente ativos no país. E se a produção cinematográfica pernambucana é referência internacional, assim também se posiciona o festival, que começou com uma programação instigante, tanto nos curtas exibidos, quanto no longa-metragem em competição e em uma emocionante homenagem.
![XX Cine PE #01 :: Duas décadas de infinitas histórias 3 Walter Carvalho (à esquerda)](http://papodecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/05/20160503-03-cine-pe-2016-papo-de-cinema-600x400.jpg)
A programação se iniciou pontualmente às 19h30min da noite de segunda-feira, dia 2 de maio de 2016, com uma ótima representação das cores e belezas do Nordeste. A primeira exibição foi com o curta Não tem só Mandacaru, segunda investida audiovisual de Tauana Uchôa, que apresenta um documento sobre a poesia do município pernambucano de São José do Egito. Na sequência, o reverenciado cineasta Walter Carvalho apresentou pela primeira vez seu documentário Paulo Bruscky, resultado de uma conversa intimista com este artista multimídia pernambucano. Para Carvalho, a obra é o retrato muito particular de uma pessoa iluminada: “O filme é resultado da nossa conversa sobre seu trabalho e sua maneira de ver o mundo. Paulo Bruscky pintou uma tela que eu mesmo preparei o suporte sem que ele soubesse antes o que iria fazer”, revelou na sessão de estreia.
Antes da sessão mais esperada da noite, a igualmente antecipada homenagem ao ator Jonas Bloch, pontuada pela reverência ao trabalho do prolífico artista que carrega mais de 50 anos de trabalho entre 40 filmes, 47 produções para a televisão e 38 montagens teatrais. A surpresa foi quem estava lá, escondida no meio da plateia, para entregar a honraria: sua filha, a também atriz Débora Bloch, surgiu e subiu ao palco para levar seu pai às lágrimas. Ator que já se aventurou pelo cinema pernambucano com Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis, Bloch celebrou o prêmio enquanto agradecia a distinção e tecia elogios para a produção audiovisual local: “É muita honra e muito orgulho receber esse prêmio de um festival que faz parte da história do cinema brasileiro”, comentou empolgado. O ator, que está nos cinemas com O Escaravelho do Diabo (2016), aparecerá também na tela do Cine PE no encerramento do festival, com a exibição hors concours de Vidas Partidas (2015) no domingo, dia 8.
![XX Cine PE #01 :: Duas décadas de infinitas histórias 4 Jonas e Debora Bloch](http://papodecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/05/20160503-02-cine-pe-2016-jonas-bloch-papo-de-cinema-600x400.jpg)
Sem mais delongas, o festival logo preparou a projeção do paulista Por Trás do Céu (2015), não sem antes receber a grande equipe do mesmo para sua apresentação. Os atores Nathalia Dill, Renato Góes, Paula Burlamaqui e Emílio Orciollo Netto ladearam o cineasta Caio Sóh, que revelou ter escolhido o Cine PE para a estreia do longa-metragem por ser a maior referência de festival de cinema autoral do país. Entre aplausos, o cineasta revelou que até o fim do ano o longa-metragem deve ganhar as salas de cinema, e que ainda em 2016 apresenta o drama Canastra Suja (2016) com Adriana Esteves e Marco Ricca. Por Trás do Céu tem Nathalia Dill como Aparecida, jovem sonhadora que vive no árido sertão paraibano. O filme teve suas gravações na zona rural de Cabaceiras, que salta aos olhos e já é reconhecida como a “Roliúde Nordestina” – também cenário de Cinema, Aspirinas e Urubus (2005) e de O Auto da Compadecida (2000).
Encerrada a noite, fez-se o convite para o segundo dia de programações do 20º Cine PE, que se inicia durante a tarde com um workshop sobre atuação com Bruno Torres e Guilherme Fiuza nos domínios do belíssimo Hotel 7 Colinas, em Olinda. No início da noite, o Cine São Luiz volta aos holofotes com a sessão de quatro curtas metragens: O Imperador da Pedra do Reino, de Houldine Nascimento e Wanderley Silva, Minha Geladeira Pensa Que é um Freezer, de Pablo Palo, + 1 Brasileiro, de Gustavo Moraes, e This is Not a Song of Hope, de Daniel Aragão. O longa-metragem da mostra competitiva da noite é O Prefeito, produção carioca de Bruno Safadi que já ganhou as telas da Mostra Internacional de São Paulo em 2015.
![XX Cine PE #01 :: Duas décadas de infinitas histórias 5 Equipe do filme Por Trás do Céu](http://papodecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/05/20160503-04-cine-pe-2016-papo-de-cinema-600x400.jpg)
Por enquanto, ao que se pode antecipar, ainda há muita história para ser escrita, exibida e registrada no Cine PE. Acompanhe a cobertura completa do festival aqui no Papo de Cinema!
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