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Crítica

Muitas pessoas não entendem a necessidade do cinema experimental, uma vez que se trata de obras que não dialogam com o grande público. Por outro lado, esses filmes servem como inspiração para cineastas mais convencionais, que são motivados por trabalhos extremos e absorvem um pouco de sua linguagem em longas mais acessíveis. Esse é o caso da dupla de cineastas mostrada no documentário Double Play: James Bennning & Richard Linklater.

Linklater é um dos raros casos de realizadores do cinema estadunidense que faz filmes voltado às massas sem perder sua marca autoral. Assim, conquistou um séquito de fãs que aprecia filmes como Escola do Rock (2003) e a trilogia Jesse & Celine, iniciada por Antes do Amanhecer (1994). O que pouca gente sabe é que ele fundou nos anos 1980 um cineclube no Texas, onde exibia filmes experimentais e promovia debates. Uma dessas conversas foi com James Benning.

O realizador veterano é uma figura pouco conhecida, mesmo entre cinéfilos. Double Play prova-se uma oportunidade para entrar em contato com esse cineasta, dono de uma filmografia inquietante. É possível ter uma noção do teor de seus filmes pelo uso de imagens de arquivo, que servem de ilustrações às conversas entre os dois profissionais.

Linklater e Benning falam de cinema, mas também permitem-se a digressões sobre a vida. As questões que gostam de discutir são claramente abordadas em seus respectivos trabalhos e permitem que o espectador faça ligações entre filmes diferentes.

Double Play traz momentos de descanso, nos quais os personagens caminham ou praticam esportes. Essas sequências são breves e humanizam os diretores. Outra função é mostrar a presença recorrente do beisebol na obra de ambos.

Finalmente, é necessário um aviso aos fãs de Richard Linklater: é pertinente aguardar a apreciação de Boyhood: Da Infância à Juventude (2014) antes de mergulhar em Double Play. O projeto de mais de uma década é tema de uma longa cena do documentário e adianta alguns detalhes que merecem ser descobertos ao assisti-lo.

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