Crítica


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Sinopse

Acompanha a história de três mães que se aproximam quando seus filhos passam a estudar juntos no jardim de infância. Até então, elas levam vidas aparentemente perfeitas, mas os acontecimentos que se desenrolam levam as três a extremos como assassinato e subversão.

Crítica

Então, quem nós estamos pensando em matar?”, pergunta Mary Louise para Celeste Wright no final do primeiro episódio da segunda temporada de Big Little Lies. A questão, que parece ser dotada de tons cômicos, típica de comédias de humor negro dos anos 1980, como Por Favor, Matem Minha Mulher (1986) e Joga a Mamãe do Trem (1987), aqui ganha função oposta: assume literalmente a intenção de adicionar um toque de suspense à trama sobre as ‘cinco de Monterrey’ e a morte de Perry, marido abusador de uma delas. Com a chegada da mãe dele, sua missão é clara: descobrir o que, de fato, teria acontecido ao filho. Enfim, desvendar um mistério que nem teria porque existir.

Afinal, o personagem de Alexander Skarsgard foi um dos catalizadores de atenções do primeiro ano de programa. A relação dele com a esposa, vivida por Nicole Kidman – afetada como poucas vezes – não era o único drama da série, mas acabou assumindo uma postura protagonista diante das demais dada à gravidade de seus atos. Ele havia estuprado, anos antes, a desconhecida Jane (Shailene Woodley), e o casamento dele com Celeste há muito havia ultrapassado os limites do respeito, sendo que ela era vítima constante de violências físicas e morais. Agora, por que Madeline (Reese Witherspoon), uma tagarela que adora se meter na vida dos outros, e Renata (Laura Dern, talvez a melhor do elenco), uma insegura empresária, acabaram se envolvendo com a mesma tragédia? E qual a participação de Bonnie (Zoe Kravitz) com o incidente, além dela ter feito o que qualquer pessoa faria no seu lugar?

Anunciada como minissérie, a adaptação do livro de Liane Moriarty acabou ganhando uma segunda leva de episódios impulsionados única e exclusivamente pelo sucesso do programa, vencedor de 4 Globos de Ouro e 8 Emmys. Num ano em que a HBO disse adeus a dois dos seus maiores fenômenos – Game of Thrones e Veep – para seguir sendo relevante vale tudo, inclusive manter viva uma série que nunca havia se apresentado como tal. Assim, o diretor Jean-Marc Vallée, que dirigiu os sete capítulos iniciais, deu lugar para a cineasta Andrea Arnold, vencedora do Oscar pelo curta Wasp (2003) e famosa no meio independente norte-americano por longas como Docinho da América (2016). Depois de dirigir programas televisivos como I Love Dick (2017) – o título é autossuficiente para elencar sua misoginia – e Transparent (2015-2017) – em que o protagonista, Jeffrey Tambor, foi demitido por acusações de assédio sexual – é de se perguntar qual seria a novidade que ela teria a oferecer à trama criada por David E. Kelley, o mesmo de Ally McBeal (1997-2002) e O Desafio (1997-2004).

Pois bem, pelo que é visto em What Have They Done? – ou seja, O Que Elas Fizeram, algo que os espectadores sabem muito bem o que foi, e ninguém ousaria condená-las por isso – muito pouco. Madeline continua exagerada, assim como Renata segue fazendo de tudo para mostrar ser mais do que, de fato, é. Jane mal foi vista – seria o início de um flerte com o colega do Aquário onde está trabalhando? – e Celeste e Bonnie são, obviamente, as que mais sofrem: ambas assombradas pelo passado de seus atos. E quanto à Meryl Streep, que retorna à televisão após mais de uma década – seu último trabalho de destaque na telinha havia sido a multipremiada minissérie Angels in America (2003), sendo que nesse meio tempo fez algumas participações em Terapia Virtual (2010-2012), seriado nascido na internet – é de se esperar mais da icônica atriz além de algumas frases de efeito, como a que abre esse texto. É apostar para ver.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
5
Diego Benevides
9
MÉDIA
7