Black Mirror :: T02 :: Be Right Back
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Charlie Brooker
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Owen Harris
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Be Right Back
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2013
-
Reino Unido
Crítica
Leitores
Sinopse
Martha e Ash são um jovem casal que se mudam para uma casa remota no campo. Um dia após a mudança, Ash é morto ao tentar retornar para casa em uma van alugada. Depois de descobrir que está grávida, Martha relutantemente experimenta um novo serviço online que permite que as pessoas permaneçam em contato com o falecido. Usando todos os seus últimos perfis de comunicação online e redes sociais, um "novo Ash" pôde ser criado virtualmente.
Black Mirror
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Crítica
Após três episódios, exibidos em dezembro de 2011, que falavam da obsessão pela mídia, descontrole no uso das redes sociais e perda da liberdade individual, o seriado – ou seria melhor chamá-lo de antologia? – Black Mirror, criado por Charlie Brooker, voltou numa segunda temporada apenas em fevereiro de 2013, ou seja, mais de um ano após sua incursão inicial. Esse novo bloco também era composto de três enredos independentes, igualmente apresentados pela televisão aberta em capítulos semanais – ao contrário do que aconteceria com as temporadas seguintes, já produzidas pela Netflix e disponibilizadas, de uma só vez, na íntegra pela plataforma de streaming. O choque, portanto, era minimizado. E ter como primeiro passo dessa continuação o média-metragem Be Right Back – “Volto Já”, em tradução aproximada – apenas serviu para aumentar o sentimento de impotência diante desse admirável, porém triste, mundo novo que parece estar muito mais próximo do que talvez possamos imaginar.
Martha (Hayley Atwell, de Capitão América: O Primeiro Vingador, 2011) e Ash (Domhnall Gleeson) formam um jovem casal no início de uma bela vida em comum. Ele é desligado – se esquece de abrir a porta do carro para ela num dia de chuva, não a ouve no momento de preparar o jantar – mas, percebe-se, genuinamente apaixonado. Ela é mais pé no chão, e isso se nota, principalmente, pelo fato de não viver 24h por dia conectada a um smartphone ou a qualquer outro ponto de acesso à world wide web. Por trabalhar como ilustradora, prefere o silêncio e a tranquilidade do seu escritório. É provável, portanto, que tenha sido iniciativa dela os dois morarem numa grande casa no meio do campo, longe de tudo e todos – é até mesma espaçosa demais para eles, mas fundamental para que estejam tão juntos como cada um no seu próprio ambiente. Um dia, no entanto, ele sai sozinho para devolver uma van que alugaram, deixando-a trabalhando. E a partir dessa breve e corriqueira despedida em uma manhã preguiçosa, tudo muda inevitavelmente.
Após um dia inteiro sem notícias, o desespero já tomou conta dela. E quando as luzes do carro da polícia se veem refletidas na janela da cozinha, ela logo entende o que aconteceu: Ash não está mais vivo. O velório é triste, mas uma amiga se aproxima com uma ou duas palavras mágicas: “eu sei, você está sofrendo, mas tenho algo que pode lhe ajudar a superar esse momento”. Martha reage aos gritos, primeiro, por ainda não acreditar no que está lhe acontecendo, e, segundo, pelo espanto de estar sendo importunada, justo no mais frágil instante da sua vida, por mais uma bobagem. Mas... e se aquela possibilidade, vislumbrada por instantes, não for tão leviana? Quando, semanas depois, recebe um e-mail do próprio marido, fica tão incrédula que precisa se perguntar: o que está acontecendo? A resposta é tão simples quanto absurda: um programa – ainda experimental – foi acionado, a partir do momento em que o nome do falecido lhe foi cedido. O que esse software faz é compilar todas as interações virtuais já registradas por ele, enquanto vivo. Com isso, determina-se uma rede de padrões, e pronto: tal qual no oscarizado Ela (2013) – que, aliás, estreou no mesmo ano, porém meses depois – a voz dele pode, mais uma vez, ser ouvida.
Muito já se especulou sobre isso: a tecnologia, que deveria ter como função básica facilitar as interações entre as pessoas, está, cada vez mais, tendo efeito contrário. Homens e mulheres estão dia a dia mais sozinhos, isolados e perdidos. Be Right Back tem consciência disso, e o que propõe é uma investida extrema nessa suposta realidade. Martha trancou-se em sua casa, e mesmo tendo recém-descoberto que está grávida do marido que há pouco a deixou, prefere passar seus dias no telefone, conversando com essa versão artificial do companheiro, do que enfrentar sua difícil realidade. E de voz, logo ele ganha corpo – uma versão sintética, robótica, é claro – quase idêntico ao original, mas inevitavelmente distinta de qualquer coisa que um dia ele já foi. O contentamento dela é tão rápido quanto fugidio. E assim vê essa segunda chance de felicidade escapar-lhe, mais uma vez, pelos dedos. Aquilo que agora está ao seu lado, essa reprodução falsa e artificial, é uma mentira dolorosa, que ao invés de confortá-la, serve apenas como um lembrete constante, que não se apaga, de tudo que ela perdeu.
Se Gleeson se revela uma aposta acertada com o personagem que lhe compete – os dois Ash que apresenta são perfeitos, ainda que indiscutivelmente opostos, um tão vivo quanto eu ou você, e o outro absolutamente oco, vazio – está em Atwell o desequilíbrio do conjunto. O desafio dela é maior, claro, e vê-se logo ser esse um nível de exigência dramática que ela muito se esforça, mas em raras passagens consegue vislumbrar. Isso sem falar que estamos diante de uma trama de menos de 50 minutos de duração, carente de mais tempo para aprofundar dramas e experimentar mudanças – tudo termina por ser muito rápido e instantâneo, e se a protagonista não consegue oferecer esse registro com sutilezas, ressente-se de atos e eventos que denotem essas transformações. E ainda que o final seja agridoce, em uma mistura indigesta de satisfação com resignação, este episódio ao menos cumpre sua função de alerta, tal como Brooker (também autor do roteiro) imaginou na gênese de Black Mirror. No mais, melhor sorte teve o diretor Owen Harris, que voltaria ao universo da série três anos depois, naquele que é o mais bem-sucedido de todos os seus minifilmes: San Junipero (2016), na terceira temporada.
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