Crítica
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Sinopse
Agente federal de serviços de pesca em Provincetown, Jackie se encontra no meio de uma enorme epidemia de heroína após encontrar um cadáver boiando na baía.
Crítica
Uma das grandes promessas dessa temporada, Hightown é uma série que desperta atenções principalmente pela assinatura de um dos seus produtores, Jerry Bruckheimer. Para quem ainda não ligou o nome à pessoa, basta saber que ele é responsável por sucessos de bilheteria como Armageddon (1998) e a saga Piratas do Caribe e que já conta com nada menos do que 10 Emmys na estante. Como se costuma dizer, não é pouca coisa, não. Porém, diferente de outros programas dele, como Lúcifer (2015-2019) ou CSI: Investigação Criminal (2000-2015), ou mesmo da criadora e roteirista Rebecca Perry Cutter, que antes esteve envolvida em Gotham (2014-2016) e O Mentalista (2010-2014), esse novo projeto aposta em um formato mais enxuto – são apenas oito episódios – justamente porque visa combinar experiências anteriores – afinal, se trata se um enredo policial – com escolhas mais ousadas, como o desenho da protagonista. Se irá funcionar, essa é a maior dúvida. Mas pelo que se vê no episódio de estreia, as apostas são altas, assim como a vontade dos envolvidos em oferecer algo que fuja do lugar comum já tão visitado pelo gênero.
No começo de Love You Like a Sister, o capítulo de estreia, duas garotas estão num carro em um lugar abandonado. Estão fumando, se divertindo e fazendo planos sobre possíveis namorados. Uma delas sai para urinar num matagal próximo. A outra, quando sozinha, estranha um carro que se aproxima. Ao se deparar com os faróis acesos do recém-chegado, sai do próprio veículo para confrontar os estranhos e descobrir o que está acontecendo. Porém, a pessoa que vai até ela é de poucas palavras, e a recebe com um tiro mortal. A amiga, escondida, apenas observa. E não precisa ser nenhum adivinho para imaginar que seu testemunho deverá ser parte importante do caso que começará a se desenvolver a partir do momento em que a jovem assassinada é encontrada. Isso se dá apenas no dia seguinte, na beira da praia. E justamente por Jackie Quiñones (Monica Raymund, de Chicago Fire: Heróis Contra o Fogo, 2012-2019), uma oficial da guarda-costeira que está passando por um momento dos mais complicados.
Aliás, é a personalidade de Quiñones, tão fora dos padrões a que se está acostumado a verificar nesse tipo de programa, o verdadeiro motivo para se ficar atento à Hightown – mais até do que o crime em si e a busca pelos culpados que irá decorrer a partir dele. Pra começo de conversa, os eventos se passam na fictícia Provincetown, um vilarejo litorâneo acostumado com muitas festas, jovens em férias e poucos problemas. Além disso, parece ser um destino bastante procurado pelo público LGBT – o que faz com que a protagonista se sinta ainda mais em casa. Afinal, ela é uma mulher queer, e sua postura é bastante aberta quanto a isso. Se durante o dia passa verificando se os pescadores estão atento às orientações da lei e lidando com casos de menor importância, assim que tira o uniforme tudo o que quer é cair na dança, na bebida e, se possível, nos braços de uma desconhecida que irá entretê-la ao menos até a manhã seguinte. E assim, chegamos ao ponto já citado anteriormente: será após uma dessas noites intensas que irá se deparar com o corpo abandonado, enquanto ainda está tentando se curar da ressaca.
Uma descoberta como essa certamente não poderá passar desapercebida, e ela logo se mostra providencial para a entrada em cena do detetive Ray Abruzzo (James Badge Dale, de Rainhas do Crime, 2019), que obviamente também terá papel de destaque na série. Ele parece ser a antítese de Quiñones: um cara tenso, focado no trabalho e que nem lembra mais como relaxar. A interação entre eles tem tudo para render uma história de tiras parceiros, porém de perfis completamente distintos. Tal argumento já funcionou diversas vezes em comédias, mas será que poderá ser eficiente numa trama de suspense? É nessa ideia em que Hightown parece colocar suas fichas. A diretora Rachel Morrison, indicada ao Oscar pela fotografia de Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi (2017), entrega um piloto preciso, sem muitas arestas, que dá espaço ao mistério a ser solucionado, ao mesmo tempo em que demonstra preocupação com seus personagens. Se os episódios seguintes conseguirem cumprir as expectativas aqui levantadas, tudo indica que este deverá ser um seriado que, enfim, fará diferença. Parece pouco, mas no meio de tanta oferta e procura, esse pequeno detalhe é que o irá separar os vivos dos mortos. Literalmente.
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